O SR. MAGUITO VILELA (PMDB-GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, já tive várias oportunidades de usar a tribuna do Senado para falar sobre a agricultura e os agricultores brasileiros. Já tive, também, oportunidade de demonstrar quão justa é a reivindicação dos agricultores. Hoje, Sr. Presidente, em função da delonga com relação a esse problema, venho dizer que o Presidente Fernando Henrique Cardoso tem uma chance ímpar de dar um passo histórico no processo de retomada do desenvolvimento do País e, conseqüentemente, da credibilidade perdida de seu Governo.  

Continuam em Brasília produtores rurais de todo o País, com uma proposta clara de implementação de uma nova política agrícola e de condições mínimas para produzir. Não estão buscando privilégios, não estão buscando favores, como tentam passar para a opinião pública alguns membros do Governo e alguns setores da imprensa. Não há produtor, em Brasília, pedindo perdão de dívida. Não. Estão equivocados. Eles estão pleiteando condições para pagar suas dívidas e continuar a produzir alimentos para este País e para o mundo.  

Com os sucessivos e malsucedidos planos econômicos, os juros tiveram crescimento inversamente proporcional aos preços agrícolas e ao apoio oficial, colocando produtores de todos os cantos do Brasil em dificuldades seriíssimas. Em função disso, temos patinado há anos no patamar de 75 a 80 milhões de toneladas de grãos.  

Os produtores querem condições melhores, factíveis, para quitar seus débitos com as instituições financeiras, mas, em contrapartida, comprometem-se a ampliar a produção para mais de 100 milhões de toneladas de grãos, com a geração de cerca de 1 milhão de novos empregos. Mesmo assim, temos ouvido das autoridades econômicas o argumento de que a renegociação, nos moldes propostos, irá representar prejuízo aos cofres do Governo e ao ajuste fiscal.  

Ora, estamos falando de uma categoria séria, que tem sustentado o Brasil apesar da crise. É o único setor que tem crescido, apesar da recessão, ajudando a afastar as sombrias previsões para o País. Apoiar essa classe não é prejudicar o Brasil. Ao contrário, os resultados, que vêm rapidamente, irão impulsionar a economia e o crescimento nacional.  

As declarações das autoridades econômicas são mais graves ainda se lembrarmos que os que criticam os produtores são os mesmos que torraram, a esmo, bilhões de dólares no socorro a bancos falidos, a maioria por má gerência.  

É tempo de o Governo olhar de frente para o Brasil, olhar para dentro do Brasil. Defendo a idéia de que o Presidente convide os produtores para um pacto positivo. O Governo acataria as reivindicações, ou parte delas, e, em troca, teria o cumprimento dos compromissos assumidos pela classe. Não tenho dúvidas de que os resultados serão altamente compensadores para o Brasil.  

Não pensem os brasileiros que os agricultores viriam a Brasília com seus caminhões, tratores e máquinas se estivessem em boa situação, se não estivessem endividados até a alma. É lógico que estão aqui porque necessitam parcelar seus débitos, porque precisam de uma carência, um prazo maior, e temos a oportunidade ímpar de ajudar essa classe tão sofrida do nosso País.  

Eu dizia, ontem, que os banqueiros nunca precisaram trazer os seus cofres ou as suas máquinas de somar para o Planalto, a fim de resolver os seus problemas. Esses são solucionados na calada das madrugadas.  

Os agricultores não vieram blefar, mas realmente necessitam da compreensão do mundo político a fim de continuar trabalhando e produzindo para o País, o povo brasileiro e vários países do mundo.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

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