O SR. BLAIRO MAGGI (Sem Partido - MT. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero apenas chamar a atenção dos nobres Senadores e desta Nação para o fato de que os produtores rurais que participaram do movimento realizado na semana passada, em que reivindicavam a renegociação de suas dívidas, saíram daqui de Brasília sem conquistar boa parte de suas reivindicações. Entretanto, hoje abro o resumo de notícias que recebo todo dia e vejo uma matéria no Jornal do Brasil que diz: "São Paulo vai ter dívida refinanciada".  

Para mim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, isso significa que um único prefeito — um prefeito malandro que quase foi cassado; não o foi por motivos que não entendemos — o prefeito de São Paulo, sozinho, tem mais força do que toda a agricultura brasileira, tendo conseguido, numa simples conversa com o Ministro Pedro Malan, acertar e rolar uma dívida de US$9 bilhões, com prazo de 30 anos e com taxas de juros de 6 a 8% ao ano.  

Nobres Senadores, este País realmente não é sério, não tem solução para seus problemas. A agricultura é um setor da economia responsável por 45% do PIB nacional e, apesar disso, não tem um mínimo de respeito por parte do Governo. No entanto, Celso Pitta, numa única conversa com Pedro Malan, consegue refinanciar US$9 bilhões, com trinta anos para pagar, com taxas de juros de 6 a 8% ao ano! Isso não tem explicação. Não consigo entender, não tenho palavras para manifestar meu repúdio e minha contrariedade com esse assunto.  

Dezenas de Senadores, durante a semana inteira, nos últimos quinze dias, fizeram aqui manifestações de apoio aos produtores, pedindo que se renegociasse a dívida deles, pedindo que eles fossem recebidos, pedindo que se dessem condições para que eles continuassem produzindo. No entanto, não fomos atendidos. As nossas palavras não foram ouvidas pelo Governo. Parece que não sabemos falar ou o Governo não tem ouvidos. O Sr. Celso Pitta, com toda a certeza, é um homem que tem uma lábia muito interessante e conversa muito bem, porque, em apenas uma conversa, conseguiu fazer aquilo que milhares de agricultores, centenas de entidades e dezenas de Parlamentares querem fazer por este Brasil e não conseguem.  

Eram essas a minhas considerações.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.