Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA A DOM HELDER CAMARA, FALECIDO NA ULTIMA SEXTA-FEIRA.

Autor
Carlos Wilson (S/PARTIDO - Sem Partido/PE)
Nome completo: Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM POSTUMA A DOM HELDER CAMARA, FALECIDO NA ULTIMA SEXTA-FEIRA.
Publicação
Publicação no DSF de 03/09/1999 - Página 23186
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, HELDER CAMARA, ARCEBISPO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), OPORTUNIDADE, ELOGIO, LUTA, DEFESA, DIREITOS HUMANOS, TRABALHO, RESGATE, DIGNIDADE, POPULAÇÃO.

O SR. CARLOS WILSON (PSDB - PE) - Sr. Presidente, Sr as e Srs. Senadores, como todo brasileiro e principalmente por ser pernambucano, sinto grande emoção em falar, desta tribuna, para prestar a minha homenagem póstuma a Dom Hélder Câmara.  

Todos nós lamentamos a perda do nosso Arcebispo Emérito de Olinda e Recife que faleceu na última sexta-feira, após noventa anos de luta em defesa dos direitos humanos e de trabalho incansável e corajoso para resgatar a dignidade dos pobres e oprimidos do Brasil.  

Pastor dos pobres, profeta do amor, peregrino da paz e da esperança, irmão de todos. Os incontáveis títulos pelos quais foi chamado ao longo de sua vida e os inúmeros prêmios e honrarias com que foi agraciado, a maior parte delas no exterior, tudo isso é ainda muito pouco para expressar a grandiosidade deste pequeno gigante que, com seu corpo franzino, sua voz mansa e seus gestos suaves, tornou-se uma fortaleza em defesa da justiça social e da valorização do homem brasileiro.  

Mais de setenta anos de sua vida foram dedicados ao seu trabalho apostólico. Nestes mais de setenta anos, conseguiu despertar as elites intelectuais, incomodar os poderosos, defendendo incansavelmente os humildes e desfavorecidos.  

Nunca lhe faltou sabedoria para conduzir o seu rebanho. Eu mesmo, quando fui Governador de Pernambuco, sempre procurei o amigo e conselheiro, e pude receber dele aquela palavra oportuna de equilíbrio e orientação, tão necessária nos momentos difíceis.  

Dom Hélder deixa-nos aos noventa anos, dando mais uma demonstração de sua força espiritual. Qualquer outro, mais fraco, teria sucumbido antes, diante de tantas injustiças. Mas não Dom Hélder! Ele jamais perdeu a coragem. Não se vestia de preto porque falava de esperança.  

Sua pregação pelo fim da opressão, pela justa distribuição das terras no Brasil, pela melhoria das condições de vida dos brasileiros mais humildes continuará a ecoar em todos os rincões de nosso País e a repercutir em todo o mundo.  

Tinha Dom Hélder noventa anos, mas seus ideais jamais envelheceram. Precursor da luta contra a fome, lançava, em 1990, a campanha "Ano 2000 sem miséria." Afirmava que a pobreza é evangélica, porém a miséria é uma ofensa ao Criador e Pai. Morreu sem ver realizado o maior de seus sonhos.  

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores: o exemplo de compromisso com o povo de nosso País que Dom Hélder nos transmitiu por meio de sua história é algo que não pode ser esquecido nem minimizado.  

E neste momento, conclamo os meus pares nesta Casa, os governantes do nosso País e todo brasileiro responsável a promover a verdadeira revolução que ainda está para ocorrer neste Brasil, e cuja semente foi plantada por Dom Hélder: a revolução da solidariedade, da paz social e da justiça para todos, a revolução do compromisso verdadeiro para com os mais simples  

No momento em que a questão da miséria e das desigualdades desperta a classe política e assume feições suprapartidárias, é chegada a hora de tomarmos a bandeira de Dom Hélder. A maior homenagem que podemos prestar a ele é a nossa firmeza e determinação na defesa intransigente de sua causa.  

A profícua vida e o trabalho grandioso de Dom Hélder Câmara ainda haverão de ser coroados com a vitória suprema, quando o Brasil deixar de ser o país dos privilégios e das desigualdades e tornar-se a terra da fraternidade e da igualdade de oportunidades para todos. Nós devemos isso a Dom Hélder e a todos os milhões de brasileiros que vivem, ainda hoje, desprovidos das prerrogativas mínimas da dignidade humana.  

Muito obrigado.  

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. CARLOS WILSON EM SEU DISCURSO.  

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/09/1999 - Página 23186