Discurso no Senado Federal

CONFIANÇA NA ESCOLHA, PELO PRESIDENTE DA REPUBLICA, DO NOVO MINISTRO DE DESENVOLVIMENTO.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • CONFIANÇA NA ESCOLHA, PELO PRESIDENTE DA REPUBLICA, DO NOVO MINISTRO DE DESENVOLVIMENTO.
Publicação
Publicação no DSF de 07/09/1999 - Página 23410
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXPECTATIVA, ESCOLHA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não era meu propósito falar esta tarde da tribuna do Senado. Todavia, Sr. Presidente, ouvindo os discursos que acabamos de ouvir, não resisti à tentação de dizer algumas palavras.  

Não venho aqui para condenar o Governo, nem criticá-lo, o que também não fez o Senador Pedro Simon. Não venho sequer para elogiar o Governo, mas, talvez, para manifestar a minha solidariedade a tudo quanto Sua Excelência tem feito nos últimos dias no sentido de encaminhar os interesses nacionais na boa direção. Mas venho aqui, Sr. Presidente, sobretudo para falar sobre as belezas da democracia. Caiu um Ministro de Estado, apenas um Ministro de Estado, e a imprensa brasileira, uma das mais sofisticadas do mundo hoje, ocupa-se desse episódio como se se tratasse de um episódio de suprema grandeza. Também o Congresso Nacional, pelas tribunas mais elevadas do Parlamento, procede de igual modo. Quando nós assistiríamos a um episódio dessa natureza no Iraque, por exemplo, na China do passado, na Rússia, na Coréia do Norte? Mas, também, lá o povo não participa das decisões; o povo é apenas o destinatário das decisões do governo.  

Sr. Presidente, o Presidente da República terminou seu primeiro mandato sob embalo dos elogios, o foguetório dos encômios, pelo excelente governo que Sua Excelência fez. E a demonstração cabal disto foi a eleição que obteve para o segundo mandato no primeiro turno. Estamos a menos de um ano do segundo mandato, e Sua Excelência tem a sua popularidade caindo verticalmente. Fruto de quê? De dificuldades de natureza administrativa que fizeram com que ele chegasse a esse ponto.  

O Presidente da República, ao longo destes anos todos, fez algumas substituições no seu Ministério, mudando, inclusive, amigos pessoais seus, e quase sempre foi criticado pela lentidão com que toma as suas decisões, aquelas que têm que ser somente dele.  

Eu não diria que o Presidente da República não decide. Ele decide, sim! Tem demonstrado que decide. O Plano Real, quando foi Ministro da Fazenda, do Presidente Itamar Franco, já foi um gesto de coragem e uma decisão feliz tomada por ele. E, ainda há pouco, o Senador Pedro Simon lembrava que ele era um Ministro das Relações Exteriores que, àquele instante, encontrava-se no Japão e, aqui, estava sendo nomeado. Um gesto feliz do Presidente Itamar Franco ao nomeá-lo Ministro da Fazenda.  

Isso me fez lembrar algo que ocorreu no Governo João Goulart, quando o grande jurista San Tiago Dantas era exatamente Ministro das Relações Exteriores e se encontrava no Chile, numa conferência de Ministros das Relações Exteriores, quando caiu aqui o Ministro da Fazenda, e o Presidente João Goulart o chamou para assumir exatamente o Ministério da Fazenda.  

São episódios da História do Brasil que se repetem. São fatos como esses que demonstram que estamos seguindo talvez o caminho correto com alguns ligeiros desvios.  

Mas eu falava sobre a capacidade, ou não, de o Presidente da República decidir e entendo que o Sua Excelência tenha a capacidade de decidir, sim. Decide com prudência. Aliás Joaquim Nabuco nos ensina que "dos mais prudentes não se pode esperar decisões supremas. Porém, dos exaltados também não se esperem atitudes sensatas".  

O Presidente da República não tem o desejo de ter atitudes supremas, mas sensatas. Todos esperamos que, dentro dessa linha de sensatez, Sua Excelência possa escolher, de fato, o Ministro para o desenvolvimento nacional, à altura do posto, daquilo que a Nação dele espera.  

Existem nomes qualificados para esta função, de tal modo que o Presidente está numa dificuldade não é de encontrar um nome, mas de selecionar entre os melhores. Sua Excelência faz muito bem; já esperou 24 horas e deve esperar mais 48 horas, se assim for necessário. O que ele não pode é errar na escolha do novo Ministro.  

Ouvi atentamente as palavras do Presidente Geraldo Melo, que desceu do alto da Presidência e veio a esta tribuna trazer o seu testemunho, o seu conhecimento, a sua experiência, sobre a administração do País e os conhecimentos da história que possui. Ele nos encantou com o seu discurso, que mais parecia um poema. Geraldo Melo tem as mesmas preocupações do povo brasileiro. O povo não está contra o Presidente, mas deseja que ele acerte, recolocando o Brasil exatamente nos trilhos do desenvolvimento, mas com segurança e com estabilidade.  

O Senador Pedro Simon participou de uma conversa entre senadores e o Ministro Pedro Malan em que este dizia que não é contra o crescimento; o que não deseja é uma bolha de desenvolvimento. S. Exª não deseja uma bolha, ou seja, um desenvolvimento falso, quimérico, mas um desenvolvimento real, positivo, sustentável.  

Ontem, líamos um artigo do Professor Roberto Campos. Que coisa admirável! Ele falava sobre o plano de governo de Juscelino Kubitschek que fora encarregado de redigir junto com Lucas Lopes. Levaram ambos ao Presidente Juscelino três ou quatro opções: uma pela estabilidade, outra pelo fiscalismo, e finalmente o plano de metas. Quando o Presidente Juscelino, um político voltado para as aspirações populares, leu o plano de metas, encantou-se com ele, enamorou-se dele, casou-se com ele. E adotou, durante os cinco anos de governo, aquelas metas que haviam sido concebidas por esses dois técnicos extraordinários. Mas ambos advertiram ao Presidente Juscelino que aquele plano de metas, se não fosse acompanhado de um programa de estabilidade fiscal e monetária, levaria o Brasil, no passo seguinte, a extremas dificuldades. E o próprio Roberto Campos informa que, terminado o Governo Juscelino, assumindo Jânio Quadros, foi então nomeado embaixador para sair mendigando no exterior algum empréstimo e alguma tolerância para com a situação econômica do País.  

Não queremos que o Brasil hoje mergulhe outra vez em uma situação dessa natureza. O Brasil cresceu. O Brasil, que há pouco mais de 30 anos era a 48ª nação econômica do mundo, já é hoje a 8ª nação econômica. Isso significa que o Brasil cresceu, desenvolveu-se, o Brasil é uma das 8 maiores nações, entre as 200 do universo. O que precisamos é realmente da estabilidade, com algum crescimento e com emprego para o povo. Precisamos de uma orientação firme e de planos plurianuais que signifiquem, de fato, uma bússola para o futuro desta nossa grande Nação.  

Sr. Presidente, não desejo alongar-me. Queria apenas trazer esta palavra neste fim de tarde, que é uma palavra a mais que vem se juntar à do Senador Pedro Simon, um grande político, um parlamentar que merece a nossa admiração profunda, por tudo quanto representa. S. Exª é muitas vezes incompreendido por alguns, mas diria que faz o papel do ganso no capitólio, que nos adverte para os problemas que estão por vir. E a sua advertência é sempre útil, porque, com isto, nós, do Parlamento, e também o Governo, nos damos conta das dificuldades que podem surgir se medidas não forem tomadas. E aqui ouvimos a palavra também encantadora do Senador Geraldo Melo, que nos trouxe tantos conhecimentos, tantas lembranças e tantos objetivos para o futuro próximo da nossa Nação.  

Acredito no Brasil; acredito no povo brasileiro, no seu dinamismo, na sua capacidade, e estou seguro que esta pequena crise pela qual estamos passando servirá de advertência para que nos reencontremos no passo seguinte com o grande destino da Nação brasileira.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/09/1999 - Página 23410