Discurso no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PRONUNCIAMENTO DO SENADOR PEDRO SIMON SOBRE A ESCOLHA DO NOVO MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO. (COMO LIDER)

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE O PRONUNCIAMENTO DO SENADOR PEDRO SIMON SOBRE A ESCOLHA DO NOVO MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO. (COMO LIDER)
Publicação
Publicação no DSF de 10/09/1999 - Página 24009
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, DISCURSO, PEDRO SIMON, SENADOR.
  • DEFESA, ESCOLHA, ALCIDES TAPIAS, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), EXPECTATIVA, EFICACIA, DIALOGO, SETOR, PRODUÇÃO, OBJETIVO, CONCILIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, ESTABILIDADE, ECONOMIA.
  • DEFESA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB - DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meu caro Senador Pedro Simon, gostaria de, rapidamente, em primeiro lugar, dizer que todas as informações do setor produtivo sobre o Dr. Alcides Tápias revelam tratar-se de um homem que vem de uma escola de austeridade, tem excelente reputação, é um homem competente e tem interlocução com o setor produtivo. E, embora o Senador Pedro Simon não deseje me ouvir, eu diria, Senador, que é fundamental que tenhamos, no critério de julgamento das pessoas que fazem vida pública - e lhe agradeço pela atenção - , e V. Exª mais experiente sabe disso, o cuidado de julgar as pessoas pelos atos, pela sua vida, e não pelos lugares em que trabalhou. Não julgo ninguém bom ou ruim porque é político ou porque é empresário. Há bons e maus políticos. Há bons e maus empresários.  

Mas vamos assistir ao desempenho do Dr. Alcides Tápias. Espero que ele dê conta, com a reputação que tem, de ser uma interlocução com o setor produtivo e de cumprir o desafio de fazer desenvolvimento com estabilidade. É um desafio próximo, desses que V. Exª enfrenta todos os dias, ou seja, falar coisas sérias com bom humor. E eu, não só como seu amigo, seu admirador, seu Colega de Senado, reconheço que V. Exª tem dado conta desse desafio, difícil, porque, muitas vezes, no limite, mas V. Exª, com a inteligência e formação que tem, tem-se saído muito bem.  

Senador Pedro Simon, a guerra a que se referiu o Presidente, não é guerra contra ninguém; é uma guerra a favor do Brasil; é uma guerra de quem acredita neste País, e que ao invés de ficar choramingando pelas dificuldades, sabe que o País desmentiu os pessimistas, levou um "soco na boca do estômago" com a crise econômica internacional, recuperou-se, já tem índices de desempenho muito melhores do que os analistas econômicos imaginavam, e há um cenário econômico à nossa frente com crescimento possível de 4% do PIB, com uma inflação inferior a 6%, desde que digamos "não". E o Presidente tem dito "não" até quando quem sugere é o seu amigo mais próximo. "Não" ao populismo; tem dito "sim" à persistência, ao caminho da responsabilidade fiscal, único caminho que pode gerar um desenvolvimento sustentado.  

V. Exª foi Líder, V. Exª é um Parlamentar experiente, e se lembra, como Ministro, como Líder, do falso desenvolvimento: daquele que laçava boi no pasto, que congelava poupança, que confiscava, que gerava grandes expectativas para depois gerar grandes frustrações. Não é esse o desenvolvimento que desejamos.  

Se V. Exª tivesse falado ontem, antes da reunião ministerial, diriam, com justiça, que as decisões firmes do Presidente, como a de destinar R$2,4 bilhões de crédito para construção da casa própria e os R$1,75 bilhões para financiamento da safra, disponíveis no Banco do Brasil para o mês de setembro, teriam ocorrido por causa de seu discurso.  

Dessa vez, graças a Deus, V. Exª falou um dia depois. Caso contrário, Senador Pedro Simon - e falo carinhosamente não como Líder do Governo, função temporária, transitória, como bem sabe V. Exª, e sim como seu admirador -, o risco que V. Exª corre com esse seu discurso tão veemente e tão afirmativo é como aquele que correu Chico Buarque durante o regime militar: quando interrogado a respeito da música Amanhã Vai Ser Outro Dia. Perguntavam-lhe os inquisidores o que ele queria dizer com "amanhã vai ser outro dia". Ele contou a seguinte história: havia um galo que acreditava piamente que sol nascia quando ele cantava. Todos os dias ele acordava cedinho, ainda escuro, cantava, e o sol nascia. Eis que um dia, ele se apaixonou por uma galinha do terreiro vizinho, pulou a cerca, teve uma noite de amor e, no outro dia, quando acordou, o sol já tinha nascido.  

Espero sinceramente, Senador Pedro Simon, continuar contando com seu espírito crítico - críticas construtivas, reconheço - mas espero que, assim como muitos de nós erramos no julgamento, àquela época precipitado, sobre Armínio Fraga, que está tendo a coragem de enfrentar a corporação do Banco Central, diminuindo compulsórios e fiscalizando bancos; que está conseguindo diminuir os juros, o seu prejulgamento em relação ao Dr. Alcides Tápias seja desmentido por ele mesmo. Ninguém mais tem condições de fazer isso. E digo mais a V. Exª: essa é a chance da nossa geração.  

Na década de 70, havia desenvolvimento com descontrole da economia. No final da década de 80, fez-se estabilidade sem desenvolvimento. Essa não é a chance do Presidente Fernando Henrique Cardoso nem do Governo; é a nossa chance de mostrar ao País e ao mundo que é absolutamente compatível fazer desenvolvimento com responsabilidade fiscal e com estabilidade.  

Agradeço a V. Exª.  

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - V. Exª me permite um aparte, Senador José Roberto Arruda?  

O SR. PRESIDENTE (Nabor Júnior) - A Mesa informa ao nobre Senador Edison Lobão que, no período de comunicação de liderança, não é permitida a concessão de apartes.  

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB - DF) - Lamentando não poder ouvir o aparte do Senador Edison Lobão, agradeço.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/09/1999 - Página 24009