Discurso durante a 121ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CRITICAS AO CONSERVADORISMO DOS PARTIDOS POLITICOS NO PAIS.

Autor
Artur da Tavola (S/PARTIDO - Sem Partido/RJ)
Nome completo: Paulo Alberto Artur da Tavola Moretzsonh Monteiro de Barros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • CRITICAS AO CONSERVADORISMO DOS PARTIDOS POLITICOS NO PAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 17/09/1999 - Página 24538
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ANALISE, FUNCIONAMENTO, PARTIDO POLITICO, PREJUIZO, IDEOLOGIA.
  • COMENTARIO, CRISE, DEMOCRACIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REFERENCIA, CANDIDATURA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • DEFESA, LEGISLAÇÃO, AUMENTO, DEMOCRACIA, POLITICA PARTIDARIA, REFORMA POLITICA, REVIGORAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PRIORIDADE, IDEOLOGIA.

O SR. ARTUR DA TÁVOLA (Sem partido - RJ) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, política nos partidos é feita 80% com força e 20% por idéias não em todos mas na maioria. O mais curiosos é que os homens de idéias são afastados do poder no partido mas (ou só) servem para dar-lhe uma substância ideológica que chega, exausta e escassa, à maioria dos discursos de quem está entre os 80% e usa essas idéias nos discursos de posse...  

Até mesmo no PT, o partido de maior democracia interna, recentemente apareceram sinais de graves crises internas com acusações de filiações ilegais destinadas a garantir a escolha de candidatos na convenção do ano 2000 que decidirá a candidatura para concorrer a Prefeitura no Rio.  

O mesmo PT por primeira vez desconsiderou (terá rompido de vez? Creio que não) uma decisão interna na eleição de 1998 quando a sua cúpula nacional revogou decisão da regional do Rio de Janeiro que decidira candidatura própria ao governo do Estado, quando, a executiva nacional defendia a política de aliança com o PDT. Cabe a pergunta: se tal ocorre até no PT, partido com o melhor desempenho de democracia interna, talvez o único a exercitá-la até o martírio, como não será nos demais?  

Enquanto a lei não trouxer processos rígidos de democratização das decisões internas, os partidos políticos continuarão a ser vampirizados por oligarquias, empobrecendo-se do ponto de vista doutrinário, perdendo quadros, tornando-se atividade desagradável e inviável para todo aquele que não tenha como enfrentar as máquinas fisiológicas neles ancoradas.  

E enquanto tal não ocorrer, de nada adianta falar-se em fidelidade partidária e tentar invalidar os passos de quem deseja trocar de partido. Muita gente o faz por casuísmo, oportunismo ou mero carreirismo, é verdade. Outros, porém, porque se torna impossível librar uma autêntica luta interna com base no debate das idéias, de pontos de vista e de princípios.  

E assim a política brasileira não se renova porque está dominada e se torna imobilizada pelas inamovíveis cúpulas partidárias. Nossos partidos em sua quase totalidade são dominados por oligarquias internas em geral oriundas de alguma ligação, direta, indireta, clara ou escusa com os governos municipal, estadual ou federal.  

Nesse imobilismo está o principal elemento conservador da política brasileira.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/09/1999 - Página 24538