Discurso no Senado Federal

NECESSIDADE DA DUPLICAÇÃO DO CORREDOR RODOVIARIO GOIANIA-MINAS-SÃO PAULO, INTEGRADO PELAS BR-153 E 050.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • NECESSIDADE DA DUPLICAÇÃO DO CORREDOR RODOVIARIO GOIANIA-MINAS-SÃO PAULO, INTEGRADO PELAS BR-153 E 050.
Publicação
Publicação no DSF de 01/10/1999 - Página 25904
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, IMPORTANCIA, RODOVIA, LIGAÇÃO, ESTADO DE GOIAS (GO), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REFORÇO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO CENTRO OESTE.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr as e Sr s Senadores, mais uma vez quero falar na importância e na necessidade da duplicação do corredor rodoviário Goiânia-Minas-São Paulo, que é integrado pelas BRs 153 e 050. O Congresso está para discutir e aprovar o Plano Plurianual de Investimentos, ou o Avança Brasil, como quer o Presidente da República. Esse projeto essencial para o desenvolvimento do Centro-Oeste, que tem sido o carro-chefe de minha atuação o Senado, não pode deixar de merecer as preocupações desta Casa, sobretudo neste momento decisivo de definição de investimentos.  

Antes de mais nada, devo reafirmar que desenvolver o Centro-Oeste é fortalecer a ponte que vai sustentar um grade projeto de integração nacional. Isso porque é a nossa Região que serve de elo, nos dois sentidos, para a ligação rodoviária entre o Norte e o Sul do País; e é através do Centro-Oeste que se estabelece a conexão econômica entre a região Norte e as grandes metrópoles do Centro-Sul, o porto de Santos e as rodovias que levam aos países do Mercosul. V. Ex as sabem que essa não é apenas uma tese de retórica, mas um fato. São as nossas vias interiores que dão aceso à parte norte do País. E essas vias estão congestionadas, sobrecarregadas, registrando índices crescentes de acidentes, contabilizando grandes prejuízos com a lentidão e com a perda de cargas perecíveis.  

A mais importante dessas vias interiores de que estou falando é a ligação entre Goiânia e São Paulo, passando por regiões altamente desenvolvidas como o sul de Goiás e o Triângulo Mineiro. É essa rodovia que suporta todo o fluxo de transportes que vem do Norte, de Tocantins, do Maranhão, da Bahia e dos Estados do Centro-Oeste. Ou seja, é esta rodovia que suporta diariamente o fluxo de cargas da fronteira agrícola que mais cresceu no Brasil nos últimos anos. Devia ter sido duplicada há ter sido duplicada há muito tempo, mas, em vez disso, ficou pior, com a falta de recursos para conservação e com o aumento dramático do tráfego em sua pista.  

Com a força desses fatos somados, conseguimos transformar a luta pela duplicação da rodovia numa cruzada política. Considero o excesso de modéstia uma variação condenável da hipocrisia. Por isso, sou obrigado a valorizar a primeira pessoa quando falo nessa luta. Relator da Comissão Especial que analisou o desenvolvimento do corredor Centro-Leste de Exportações, consegui convencer meus Pares para que realizássemos uma audiência pública em Itumbiara. O objetivo era levar para a cidade onde ocorrem os níveis mais explosivos de desenvolvimento do sul de Goiás o debate sobre a necessidade de duplicação.  

Sem falsa modéstia, devo dizer que foi um grande sucesso. Compareceram os Governadores de Goiás e de Minas, os Ministros Iris Rezende, Antonio Kandir e Eliseu Padilha, toda a Bancada de Goiás nas duas Casas do Congresso, inclusive o atual Governador e então Deputado Marconi Perillo, e um bom número de Parlamentares de Minas e Mato Grosso, incluindo-se os nobres colegas Senadores Francelino Pereira e Ramez Tebet. O Presidente Fernando Henrique Cardoso enviou mensagem para ser lida na ocasião, comprometendo-se com a duplicação. Toda aquela festa, Sr as e Sr s Senadores, teve um grande sabor de vitória para o desenvolvimento de Goiás e do Centro-Oeste. Eu falava de minha responsabilidade pessoal na articulação desse movimento político, mas longe de mim desprezar ou minimizar o apoio suprapartidário que tornou possível aquela vitória.  

O Plano de Ação II do Governo contemplou o projeto de duplicação entre as suas prioridades. Algumas centenas de pessoas, entre políticos, autoridades, formadores de opinião, lideranças empresariais e comunitárias de Goiás e de Minas Gerais, foram ao Palácio do Planalto e agradeceram ao Presidente o empenho demonstrado em viabilizar aquela grande causa dos nossos sonhos de desenvolvimento. Mas sobreveio a malsinada crise do câmbio, e os novos programas de investimento do Governo deram claros sinais de que o projeto de duplicação estava sendo abandonado.  

Perdoem-me, Srªs e Srs. Senadores, se estou sendo cansativo, mas é indispensável essa narrativa com começo, meio e fim, porque quero sensibilizá-los com o meu apelo. Retomando o assunto, pergunto: o que está acontecendo agora? No Orçamento de 1999, um ano que está para terminar, temos um compromisso de R$24 milhões para duplicar o trecho de 51 km entre Aparecida e Professor Jamil. Não vai dar, mas já é um começo, desde que os recursos sejam liberados, como espero. O Programa Avança Brasil tem uma previsão de R$183 milhões para duplicar a estrada até Itumbiara. É aí que vale lembrar um ponto importante: decisão do Presidente da República, expressa no Programa Brasil em Ação - novos empreendimentos para 1999, definia investimentos da ordem de R$436 milhões para a duplicação do sistema rodoviário BR-153/365/050. As metas dessa nova etapa de investimentos federais em grandes projetos foram publicadas em maio do ano passado.  

Por aí se vê que há uma enorme distância entre os antigos compromissos e as novas previsões, e que isso deve sustentar uma grande luta na guerra orçamentária a ser travada na Comissão mista que vai analisar o Plano Plurianual de investimentos. Prometo lutar sem desfalecimentos, e sei que conto com a companhia dos Senadores Iris Rezende e Maguito Vilela, mas quero ver reproduzido o mesmo esforço coletivo e suprapartidário que foi realizado quando começamos esse trabalho. Mas quero fazer meu apelo pessoal e especial ao meu Líder nesta Casa, além de Presidente do meu Partido, o Senador Jader Barbalho. Como o faço agora, Sr. Presidente, um apelo pessoal, também, a V. Exª para que nos ajude, com a Bancada de Tocantins, nesse projeto que interessa diretamente ao seu Estado. O Senador Jader Barbalho tem sido um amigo incondicional de Goiás, haverá de nos ajudar a tornar possível o sonho da duplicação.  

Não posso deixar de apresentar argumentos adicionais a favor da tese da duplicação. Nos dois governos de Iris Rezende, conseguimos construir mais de 8 mil quilômetros de estradas asfaltadas, para integrar economicamente o Estado. Foi graças ao trabalho dos governos do PMDB que conseguimos duplicar o trecho Anápolis-Goiânia. Temos, portanto, uma tradição de luta nesse terreno. E toda essa malha foi concluída para integrar o Estado ao resto do País, através das BRs, que são de responsabilidade do Governo Federal. O fato é que fizemos a nossa parte. Outro argumento: o Governo entendeu tardiamente a importância da teoria dos eixos, num esforço nacional de desenvolvimento e de integração. Então, está mais do que na hora de aceitar a realidade de que existe um ponto de estrangulamento, no eixo Goiânia-São Paulo e lançar mãos à obra. E um terceiro argumento inquestionável: nós, do Centro-Oeste, somos a fronteira econômica mais promissora do País para a explosão das novas realidades do agronegócio. A falta de meios ágeis de escoamento pode frustar esse futuro.  

Dentro desse mesmo raciocínio, quero me reportar a declarações do Ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, nos jornais do último fim de semana. Disse ele que "carnes, frutas e pescados são as três prioridades da agricultura para contribuir com o aumento das exportações nos próximos anos". Ele não falava, por exemplo, na soja e no café, que já têm lugar de destaque assegurado. Goiás tem espaço físico, solo, água e clima para aumentar a produção de sua já pujante pecuária; tem microclimas altamente favoráveis para a fruticultura e águas em abundância para a produção de peixes em cativeiro. Goiás tem por onde crescer e por onde dar respostas a esses desafios. Mas precisa melhorar a sua capacidade de escoar a produção. Outro dado importante: o Mercosul tem suas desavenças internas, mas está unido num ponto: a necessidade de uma política comum de fortalecimento da agricultura, que responde por 40% das exportações do bloco. Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile vão levar uma posição comum de suspensão das barreiras internacionais aos seus produtos, na próxima negociação da Organização Mundial do Comércio. E, em relação ao Brasil, não se deve duvidar de que é dos cerrados e do Centro-Oeste que virá o fortalecimento de nossa vocação para ser um dos maiores celeiros do mundo, senão o maior, no próximo milênio.  

Creio no apoio dos prezados colegas, porque aqui todos respiramos o mesmo ar e cultivamos os mesmos princípios de brasilidade e de sentimentos federativos. O Centro-Oeste não é parte de um outro país nem é um território desconhecido. Volto a afirmar que um Centro-Oeste desenvolvido e forte será o pilar, o elo de ligação para um grande projeto de integração nacional em que todos nós, daqui, do Sul, do Norte e do Nordeste, somos interessados. O Centro-Oeste, e Goiás em particular, é o sítio para a convergência natural das poupanças que não encontram mais espaço na economia saturada do Sul e do Sudeste.  

Fortalecer o Centro-Oeste não é, portanto, um projeto de caridade, mas um projeto de solidariedade e de reciprocidade em benefício do País como um todo, e a duplicação da ligação Goiânia-São Paulo, além naturalmente do gasoduto que tanto queremos, é um projeto de infra-estrutura que fala mais de perto às necessidades de desenvolvimento de nossa região, no futuro imediato. Estamos cansados desse papel de servir de escada para o fortalecimento dos Estados mais desenvolvidos. Até no silêncio conformado a que fomos levados por uma tímida participação política, no âmbito nacional, acabamos aceitando esse aviltamento federativo. Temos que pensar em grandes projetos e lutar por eles. Esse jeito contemplativo de quem fica olhando os outros crescerem tem que acabar um dia, e cabe a nós apressar esse fim, pensando grande e exigindo igualdade de tratamento. Queremos ser sócios do desenvolvimento do nosso País e não apenas coadjuvantes, como temos sido até agora.  

Era essas as nossas palavras, Sr. Presidente.  

Muito obrigado.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/10/1999 - Página 25904