Discurso no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE FINANCEIRA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO.

Autor
Roberto Saturnino (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO SUPERIOR.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE FINANCEIRA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO.
Publicação
Publicação no DSF de 06/10/1999 - Página 26656
Assunto
Outros > ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • COMENTARIO, APREENSÃO, OCORRENCIA, CRISE, FINANÇAS, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ), MOTIVO, AUSENCIA, APROVEITAMENTO, PATRIMONIO, OBTENÇÃO, BENEFICIO, MELHORIA, DISPONIBILIDADE FINANCEIRA.
  • REPUDIO, PROJETO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), TOMBAMENTO, CASA NOTURNA, PATRIMONIO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ), MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ).
  • DEFESA, APROVEITAMENTO, PATRIMONIO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ), EXPLORAÇÃO, CASA NOTURNA, BENEFICIO, PESQUISA CIENTIFICA.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PSB - RJ. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, maior universidade federal do País, símbolo da vida universitária no Brasil, porque foi a nossa primeira universidade, a antiga Universidade do Brasil, vive, nestes dias, uma crise financeira drástica e grave. O que não constitui caso isolado porque essa mesma crise, em maiores ou menores proporções, é vivida por todas as universidades federais.  

A Universidade Federal do Rio de Janeiro, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dispõe de um patrimônio imobiliário gigantesco, que não é aproveitado, em termos econômicos e financeiros. Trata-se do imóvel onde se situa o Canecão, famosa casa de espetáculos do Rio de Janeiro. É um patrimônio que, se racional e economicamente aproveitado, poderá trazer para a Universidade uma soma substancial de recursos firmes, com os quais poderá contar a comunidade universitária para desenvolver seus trabalhos de pesquisa, notadamente, que estão extremamente prejudicados pela política de contenção de gastos do Governo Federal. Um patrimônio que há anos foi cedido à iniciativa privada por preços de arrendamento absolutamente irrisórios e que fez a fortuna de uma família que explorou e que ainda explora aquela casa de espetáculos.  

Ali, realizaram-se shows e espetáculos famosos na história do Rio de Janeiro, quase todos documentados em fitas de vídeo e em gravações e, hoje, constituem patrimônio do Museu da Imagem e do Som.  

Não se pode tombar o sentimento das pessoas que participaram daqueles shows. O que se está pretendendo tombar é um prédio sem nenhum valor arquitetônico e nenhum valor histórico. Trata-se de um galpão, que, evidentemente, pode ser aproveitado de forma muito mais racional e econômica, para que a universidade aufira rendimentos importantes da sua exploração e, ao mesmo tempo, mantenha ali uma casa de espetáculos, uma casa de shows, mas muito mais bem equipada do que aquele galpão que atualmente serve a essa família que teve essa concessão a preços irrisórios, como eu disse.  

Esse grupo privado está promovendo uma campanha e aliciando artistas importantes, que estão cedendo o seu renome para engrossá-la, aproveitando-se de uma dose de fraqueza política do atual Reitor, que, como todo sabem, não foi o mais votado. Seu nome foi imposto pelo Ministro da Educação, numa decisão malfadada, que deixou em desagrado toda a comunidade universitária da URFJ, tirando dele uma expressão política mais forte, com que pudesse fazer face à pressão dos interesses econômicos particulares que está sendo exercida no momento.  

Dessa forma, há, na Assembléia Legislativa, um projeto de tombamento envolvendo pessoas que, no passado, também já foram ligadas a outras operações condenadas por toda a opinião pública do Estado. Agora, pretendem tirar da UFRJ a possibilidade de exploração desse patrimônio, no momento em que ela está precisando agudamente.  

Quero aqui, Sr. Presidente, manifestar o meu repúdio à idéia do tombamento. Quero apelar aos deputados da Assembléia Legislativa para que não aprovem o projeto de tombamento. Quero fazer um apelo à comunidade universitária e aos professores, que, neste momento, não devem ver na figura do Reitor aquele cujo nome não era desejado, mas aquele que tem o poder conferido pelo Ministério da Educação e que representa, hoje, os interesses da comunidade universitária.  

Entendo correto esse projeto de desenvolvimento imobiliário, aproveitando um patrimônio gigantesco que, durante décadas, esteve absolutamente inerte sob o ponto de vista de um aproveitamento melhor para os propósitos que a universidade deve ter.  

Sr. Presidente, eu não me poderia calar neste instante. Estou usando a tribuna para denunciar esse fato e para apelar aos deputados e à comunidade acadêmica da UFRJ que apoiem o projeto do Sr. Reitor, de explorar economicamente todo aquele patrimônio em benefício das atividades universitárias e de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/10/1999 - Página 26656