Discurso no Senado Federal

REPUDIO A REPORTAGEM DA REVISTA ISTOE ENVOLVENDO S.EXA. COM O JOGO DO BICHO.

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • REPUDIO A REPORTAGEM DA REVISTA ISTOE ENVOLVENDO S.EXA. COM O JOGO DO BICHO.
Publicação
Publicação no DSF de 06/10/1999 - Página 26657
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • CRITICA, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, JOGO DO BICHO, ESTADO DE GOIAS (GO).
  • SOLICITAÇÃO, MESA DIRETORA, SENADO, REMESSA, COPIA, PRONUNCIAMENTO, ORADOR, DESTINAÇÃO, DIRETORIA, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), JUSTIFICAÇÃO, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, JOGO DO BICHO, ESTADO DE GOIAS (GO).

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste final de semana, pela segunda vez este ano, fui surpreendido por uma reportagem de conteúdo falso, publicada pela revista IstoÉ, envolvendo o meu nome. Ao abordar um contrato da Loteria Estadual de Minas Gerais com uma empresa supostamente ligada ao jogo do bicho, para implantar uma modalidade de loteria chamada Sorteca, a revista diz tratar-se de "prolongamento de experiência realizada em Goiás" que teria surgido no meu Governo.  

E vai além. Acusa o ex-Ministro Henrique Hargreaves, Chefe da Casa Civil do Governador Itamar Franco, de estar por trás de um processo dito irregular e que ele, Hargreaves, só teria se decidido por implantar a tal Sorteca após ter-se aconselhado comigo.  

A revista tenta fazer crer que eu teria amizades com bicheiros e que, por meu intermédio, alguns Estados governados pelo PMDB estariam adotando uma modalidade de jogo que seria "a legalização do jogo do bicho".  

Só posso entender essa reportagem como fruto de má-fé ou como a busca por uma manchete sensacionalista, típica da pior imprensa deste País, categoria a que penso não pertencer a revista IstoÉ. O fato é que, na matéria, algumas premissas básicas do correto jornalismo simplesmente foram ignoradas.  

Primeiro, o compromisso com a verdade. A revista mente - e olhem o termo que estou usando, Sr. Presidente - ao dizer que sou amigo pessoal de Carlos Cachoeira, acusado por ela de ser bicheiro. Não é verdade e não há uma pessoa no Brasil capaz de comprovar que eu mantenha relações sociais ou de amizade com essa pessoa.  

Por isso, franqueio à revista IstoÉ o meu sigilo telefônico. Se ela provar que houve um telefonema meu para bicheiro ou o meu envolvimento com algum bicheiro, eu renuncio ao meu mandato de Senador. Essa revista mente de forma irresponsável.  

Também não passa de alucinação uma suposta amizade minha com Hargreaves. Conversei com o ex-ministro pouquíssimas vezes na vida, na época em que Itamar Franco ainda era Presidente e ele Chefe da Casa Civil. Ele nunca veio aconselhar-se sobre loterias comigo e muito menos eu tive a iniciativa de tratar desse assunto com ele, até porque não entendo patavina de loteria ou de jogo do bicho.  

Franqueio perante o Senado da República os meus sigilos telefônico e bancário à revista IstoÉ, para que ela comprove qualquer um desses fatos que ela publicou na sua reportagem.  

Outra inverdade: a revista diz que o jogo está chegando a Brasília por intermédio do Secretário da Fazenda, Waldevino Oliveira, que, segundo a reportagem, teria sido meu Secretário da Fazenda. O Secretário da Fazenda durante todo o meu Governo foi o ex-Deputado Romilton de Moraes, um engenheiro, e nunca tive Waldevino Oliveira como meu Secretário. Outra mentira da revista IstoÉ ou dos jornalistas que fizeram a matéria. Waldevino Oliveira, um economista de competência reconhecida em Goiás, nunca foi meu Secretário da Fazenda e - tenho certeza absoluta - não tem envolvimento algum com o jogo do bicho.  

Embora existam alusões acusatórias ao meu nome, eu sequer fui procurado pela reportagem para pronunciar-me a respeito, o que configura um total desrespeito inclusive ao leitor. E essa revista que mentiu a respeito disso e que vem mentido a respeito de outras coisas não merece mais credibilidade - pelo menos da minha parte, não. De hoje em diante, não vou ler mais a revista IstoÉ, que é uma revista mentirosa.  

Causou-me ainda mais estranheza por ser esse um assunto requentado. Há cerca de um mês, a mesma revista havia feito uma reportagem muito parecida. Só que acusava o atual Governador do Estado de Goiás e dois deputados federais do PSDB de compactuar com o jogo do bicho. Agora, o mesmo assunto, só que ligando-o ao PMDB. Fica a impressão de que a revista está buscando sensacionalismo, não se importando com a verdade e muito menos com a honorabilidade das pessoas.  

No mês de março, Sr. Presidente, ela veio com outra mentira escabrosa sobre o meu Governo. De imediato procurei a revista para restabelecer a verdade dos fatos. Após muita insistência, cheguei a conversar por horas com uma jornalista, mas nenhuma linha do que eu havia dito foi publicada. Encaminhei a resposta por escrito à direção da revista, mas também não obtive sucesso. Estou tentando agora a via judicial, mas sabe-se lá quando eu poderei ver a resposta publicada.  

Eu tenho aqui outras considerações que vou passar a V. Exª, mas adianto o meu pedido à Mesa Diretora do Senado para que encaminhe cópia deste pronunciamento à direção e à redação da revista IstoÉ e peça, em nome do Senado, através da Corregedoria, direito para que eu possa responder às insinuações mentirosas, maldosas e inaceitáveis envolvendo o meu nome.  

Em toda a minha vida pública, sempre tive um relacionamento respeitoso com a imprensa, que tem um papel fundamental nas modernas democracias. A liberdade de imprensa é algo que considero inviolável. Mas é necessário que se tenha mais responsabilidade e mais cuidado na divulgação precipitada de denúncias.  

Sr. Presidente, peço as providências necessárias e cabíveis.  

Muito obrigado.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/10/1999 - Página 26657