Discurso no Senado Federal

DESTAQUE PARA A COMEMORAÇÃO, NO DIA 12 DE OUTUBRO, DO DIA DO ENGENHEIRO-AGRÔNOMO.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • DESTAQUE PARA A COMEMORAÇÃO, NO DIA 12 DE OUTUBRO, DO DIA DO ENGENHEIRO-AGRÔNOMO.
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/1999 - Página 27643
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, AGRONOMO.
  • ELOGIO, IMPORTANCIA, TRABALHO, AGRONOMO, MELHORIA, QUALIDADE, ALIMENTAÇÃO, SOCIEDADE, PAIS.

           O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o calendário de comemorações aponta múltiplas homenagens a serem feitas no dia 12 de outubro. Festeja-se, nessa data, o Dia da Criança. Também se marca esse dia com homenagens dedicadas a Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil. Essas duas comemorações estão muito presentes na memória dos brasileiros. Se perguntarmos a qualquer pessoa que evocação o dia 12 de outubro lhe traz, ouviremos a resposta sem perceber hesitação ou dúvida no nosso interlocutor. Prontamente ele a responderá, mencionando ou o Dia da Criança, ou o Dia da Padroeira, ou ainda ambos. Dificilmente, porém, ouviremos uma outra resposta possível, qual seja, a de que se comemora nessa data o Dia do Engenheiro Agrônomo.

           Esse esquecimento é injusto, Sr. Presidente, porque os resultados do trabalho de tão importante categoria profissional estão presentes no dia-a-dia de qualquer brasileiro, por menos que ele disso se aperceba. Não precisamos nos deslocar da cidade para o campo para percebermos quão relevante é o trabalho do agrônomo. Ele está presente em nossa vida desde o primeiro café que tomamos pela manhã até o último alimento da noite.

           Em todos os alimentos que colocamos em nossa mesa de refeição está presente, sem dúvida, o trabalho do engenheiro agrônomo. Desse fato devem estar cientes não apenas o cidadão comum, bem como todos os meios de comunicação, para que esse profissional receba, no dia que lhe é dedicado, a homenagem que certamente merece.

           Esta Casa do Congresso Nacional, sempre tão atenta às efemérides de nosso calendário, não olvidou, por certo, a passagem do Dia do Engenheiro Agrônomo. Por reconhecer a extraordinária relevância do trabalho desse profissional no dia-a-dia de qualquer brasileiro, bem como a importância que ele assume para o desenvolvimento de um País com grande vocação agrária, como o Brasil, não posso me furtar de prestar a tão valoroso profissional minhas homenagens pessoais, e de todo o povo cearense que tenho o orgulho de representar nesta Casa.

           Lamento apenas ter de fazê-lo em tempo tardio, quando a passagem da data já vai ficando para trás. Compromissos outros aos quais tive de atender fizeram com que se retardasse a homenagem que passo a prestar agora aos engenheiros agrônomos de nosso País. Mas aqui vale o ditado: antes tarde do que nunca, antes fazer a homenagem em hora tardia do que deixar de fazê-la.

           Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é a agricultura que está na base da vida e da sociedade. É do trabalho no campo que advém não somente a produção de alimentos, mas a matéria-prima para a fabricação da maioria dos produtos de consumo. A agricultura e a pecuária são importantes fontes de geração de emprego e renda em nosso País, já que delas depende grande parte da produção da indústria e do comércio.

           Não podemos falar de trabalho no campo sem lembrar que, por trás dessa atividade, encontraremos sempre a atuação do engenheiro agrônomo. Ele pode estar ali no campo, orientando diretamente a produção agropecuária, mas pode estar também em centros de pesquisa, em laboratórios, em bibliotecas, buscando o melhoramento genético de determinada semente, estudando como combater doenças e pragas da lavoura, testando novos insumos, desenvolvendo a maquinaria agrícola.

           Num país de proporções continentais como o nosso, com extraordinária porção de terras cultiváveis, o exercício da atividade agronômica coloca-se como requisito fundamental. Englobando as ciências e técnicas ligadas à agricultura, a Agronomia se estende por um amplo leque de ramificações, onde estão setores como engenharia rural, irrigação, drenagem, economia rural.

           Dispondo de ampla formação acadêmica, que compreende desde matérias básicas, como matemática, estatística, química, biologia, botânica, desenho; passando por áreas como ciências humanas, sociais e ciências do ambiente, chegam os engenheiros agrônomos a conhecimentos bastante especializados, nos quais são focalizados tópicos como solos, topografia, climatologia, fitossanidade, mecanização agrícola, tecnologia de produtos agrícolas, economia e administração rural, extensão rural, entre outros.

           Dada essa vasta amplitude de conhecimentos, os agrônomos vêm prestando inestimável contribuição aos diversos segmentos da produção de alimentos e do complexo agroalimentar brasileiro. A atuação que vêm eles tendo no processo de geração de novas tecnologias agropecuárias tem sido indispensável ao desenvolvimento e modernização da agricultura brasileira.

           Diretamente envolvidos com significativas inovações no meio rural, buscam os engenheiros agrônomos a melhor maneira de utilizar as potencialidades oferecidas pelo solo e pelos mananciais hídricos; buscam também aperfeiçoar a exploração de recursos agrícolas; buscam, ainda, obter a melhor performance no pré-processamento e armazenamento de produtos agrícolas.

           Por receberem, no processo de formação acadêmica, conhecimentos de sociologia rural e de extensão rural, estão os engenheiros agrônomos em confortável posição não só para entender e interpretar a realidade rural, mas também para interagir com o homem do campo, de maneira solidária e cooperativa.

           Não fora o verdadeiro trabalho de divulgação científica que fazem muitos agrônomos por esse Brasil afora, disseminando o conhecimento científico e os resultados de pesquisas na área para milhões de agricultores e suas famílias, não teríamos assistido ao progresso que se deu na lavoura e na pecuária brasileiras nas últimas décadas. Muito menos na moderna agroindústria, que vem celeremente inovando técnicas e procedimentos e incorporando novos produtos nas áreas de produção animal e vegetal.

           Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por esse apanhado ligeiro que fiz até aqui da ampla gama de atuação do engenheiro agrônomo, podemos constatar quão indispensável é a presença desse profissional na pequena, na média ou na grande propriedade rural.

           Entretanto, é com severa preocupação que vemos hoje no Brasil a situação em que se encontra o agrônomo, dadas a escassez de oferta de trabalho e a baixa remuneração que lhe oferece o mercado de trabalho.

           É evidente que essa situação não está dissociada da séria crise que se abateu sobre o setor agrícola como um todo. Se o desemprego na categoria hoje é grande, é reflexo das dificuldades que vem encontrando o produtor rural para manter sua terra e seu rebanho produtivos.

           Sabemos que a agricultura funcionou como um verdadeiro sustentáculo do plano de estabilização econômica, disponibilizando alimentos mais baratos na mesa dos brasileiros. Esse fato é altamente louvável, na medida em que permitiu aos consumidores de baixa renda comprarem mais alimentos. Entretanto, deixou o produtor rural no prejuízo, sem condições de arcar com os elevados custos dos insumos, ao mesmo tempo em que remunerava insuficientemente sua produção.

           Quem mais está sofrendo com tal situação são o pequeno e o médio agricultores, Sr. Presidente! Muitos deles estão com a corda no pescoço, porque não têm como honrar seus compromissos com bancos e financeiras. Tomaram empréstimo para financiar a produção, produziram, colheram, mas foram atropelados pelos altos juros do sistema financeiro e pelos baixos preços pagos a seus produtos. Nessa situação, é natural que busquem diminuir as despesas, e acabem sendo forçados a abrir mão do serviço dos profissionais das ciências agrárias.

           É desastroso que isso aconteça, porque são justamente esses profissionais que estudaram e dominam as técnicas que podem ajudar os produtores rurais a aumentar a rentabilidade de suas lavouras e a qualidade do que produzem.

           Além disso, está ocorrendo desemprego e instabilidade num setor que tradicionalmente foi o maior empregador de agrônomos: o Estado. Não apenas os órgãos governamentais estão deixando de contratar pessoal, como estão favorecendo a saída voluntária e precoce de muitos profissionais. Ocorre que o próprio Estado investiu recursos na qualificação e especialização de muitos deles, e agora os descarta em nome de uma falaciosa economia e de uma equivocada política de recursos humanos.

           Também vemos com preocupação o pouco empenho de nossas autoridades em incentivar as instituições de ensino superior que formam agrônomos. As universidades federais estão à míngua. As estaduais se espremem em orçamentos diminutos. Toda a classe dos engenheiros agrônomos vai ficando vulnerável diante da escassez de emprego e dos baixos salários.

           E não era para ser assim, Sr. Presidente! Um país que reconhece a importância de seu setor agropecuário, torna-o competitivo num mercado globalizado. Como iremos competir com produtos agrícolas estrangeiros fortemente subsidiados, se nosso produtor não conta sequer com financiamentos ajustáveis às suas condições? Assim fica difícil para todos, e também para o profissional das ciências agrárias, tão necessário ao desenvolvimento da nossa agricultura e pecuária, mas tão facilmente descartável pelos desacertos da economia!

           Para finalizar, Sr. Presidente, envio sinceras saudações a todos os engenheiros agrônomos deste País, pelo transcurso de seu dia, assegurando-lhes que encontrarão nesta Casa, a todo tempo, a receptividade para o necessário diálogo construtivo que leve a decisões de interesse da categoria. Asseguro-lhes ainda que terão sempre o meu apoio nas questões tendentes a valorizar sua atuação profissional.

           Era o que eu tinha a dizer.

           Muito obrigado a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/1999 - Página 27643