Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM A MINEIRA MARIA DAS GRAÇAS MARÇAL, QUE SERA AGRACIADA HOJE COM O 1 PREMIO DA UNESCO, EM VIRTUDE DE SUA PARTICIPAÇÃO NA ASSOCIAÇÃO DOS CATADORES DE PAPEL, PAPELÃO E MATERIAIS, DE BELO HORIZONTE.

Autor
Francelino Pereira (PFL - Partido da Frente Liberal/MG)
Nome completo: Francelino Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A MINEIRA MARIA DAS GRAÇAS MARÇAL, QUE SERA AGRACIADA HOJE COM O 1 PREMIO DA UNESCO, EM VIRTUDE DE SUA PARTICIPAÇÃO NA ASSOCIAÇÃO DOS CATADORES DE PAPEL, PAPELÃO E MATERIAIS, DE BELO HORIZONTE.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/1999 - Página 27980
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, PREMIO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), RECONHECIMENTO, PROJETO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, BRASIL, HOMENAGEM, MARIA DAS GRAÇAS MARÇAL, TRABALHADOR, RECICLAGEM, PAPEL, CRIAÇÃO, ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL, MUNICIPIO, BELO HORIZONTE (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).

O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL - MG) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, será entregue hoje, em Brasília, o 1º Prêmio da UNESCO criado com o objetivo de tornar público o reconhecimento aos 10 melhores projetos em ações sociais desenvolvidos ao longo do ano no Brasil.  

Entre os contemplados, destaco a figura de Dona Geralda, uma mineira simples, igual a muitas outras que vivem no nosso País, trabalhando de sol a sol, mas que, não obstante, encontram tempo para dar um pouco de si aos seus semelhantes.  

Dona Geralda, como é chamada Maria das Graças Marçal, é catadora de papel nas ruas de Belo Horizonte, apura de dois a quatro salários mínimos por mês, criou 9 filhos, e conseguiu, com muito esforço, mas também com extraordinária força de vontade, que todos eles pudessem estudar, do mais velho, de 32 anos, ao caçula, de 14.  

Ela foi uma das 10 pessoas escolhidas pela UNESCO, como reconhecimento a essa sua iniciativa de amor aos que, com ela, vivem do trabalho de catar e de reciclar papel .  

Figuras assim, de alma aberta, sabem como ninguém o que é a vida, na sua rudeza, nos rigores que a todos impõe, mas que poucos conseguem superar.  

Na humildade de sua faina diária, ela tem muito do que se orgulhar. Seu orgulho vem da postura com que sempre encarou a vida, sem jamais reclamar, pelo contrário, orgulha-se do que faz.  

Na singeleza da sua forma de encarar a vida, Dona Geralda diz com orgulho:  

-Não tive estudos. E assim que me dei conta de que esse era o meu trabalho, passei a amá-lo !  

São palavras, Srs. Senadores, de quem verdadeiramente tem fé no ser humano e no trabalho que exerce no dia-a-dia. São palavras sobretudo brotadas do sentimento de quem tem consciência do seu dever no meio social, exercendo a atividade que escolheu com dignidade, sem jamais se esquecer de seus semelhantes.  

Mais do que amar seu trabalho, essa mineira de fibra e de luta diuturna, soube ir além.  

A vida ensinou à Dona Geralda que seria possível melhorar as condições de cada uma das pessoas que se dedicam ao mesmo trabalho que ela. Movida, assim, pelo seu sentimento de solidariedade, essa mineira de fibra liderou, com outras pessoas, a criação da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Recicláveis, de Belo Horizonte.  

É por esse trabalho, de profundo caráter social, que Dona Geralda será merecidamente homenageada hoje, em Brasília. Ela e os demais agraciados recebem esta noite, das mãos do Embaixador Jorge Whestlin, representante da UNESCO no Brasil, o prêmio a que fazem jus, no Hotel Naoum.  

A Associação dos Catadores de Papel, que ela ajudou a constituir, é uma entidade vitoriosa, contando com sede própria e dois galpões alugados.  

Dona Geralda tem consciência da importância desse seu trabalho e do que ele representa do ponto de vista social, como, ainda, em favor do meio ambiente. Por isso, periodicamente comparece a colégios e a empresas públicas e privadas da Capital mineira.  

Ela ali vai para explicar, em palestras informais, a importância da reciclagem de papel e outros materiais, em nome do meio ambiente.  

O trabalho de Maria das Graças Marçal, a Dona Geralda, já dura 10 anos. A Associação congrega 235 profissionais, entre catadores e triadores (triagem), produzindo 350 a 400 toneladas de material reciclável por mês.  

Sua iniciativa já merecera o reconhecimento da Organização das Nações Unidas, a ONU, que a convidou a comparecer a Nova Iorque, onde participou, para orgulho de todos nós, mineiros e brasileiros, de um projeto sobre desenvolvimento sustentado, onde relatou sua extraordinária experiência pessoal.  

Registro, nesta mesma oportunidade, que um outro mineiro, o fotógrafo Sebastião Salgado, também será contemplado com a premiação da UNESCO, ao lado de outras importantes figuras, como o Arcebispo D. Helder Câmara ( in memoriam ) e o Professor Paulo Nogueira Neto, da USP.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse é o relato de uma grande mulher brasileira. Este é o relato da vida de Maria das Graças Marçal, a Dona Geralda, a quem tributamos, desta tribuna, também o reconhecimento do Senado Federal pelo seu esforço e pela sua dedicação, daí o reconhecimento, agora da UNESCO.  

Parabéns, Dona Geralda!  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/1999 - Página 27980