Fala da Presidência no Senado Federal

HOMENAGEM AOS CENTO E CINQUENTA ANOS DE NASCIMENTO DE JOAQUIM NABUCO E O CINQUENTENARIO DA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AOS CENTO E CINQUENTA ANOS DE NASCIMENTO DE JOAQUIM NABUCO E O CINQUENTENARIO DA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/1999 - Página 28110
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JOAQUIM NABUCO (PE), ESCRITOR, JORNALISTA, POLITICO, DIPLOMATA, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), CINQUENTENARIO, FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO (FUNDAJ).

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) - Srªs e Srs. Parlamentares, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão de homenagem a um dos maiores vultos da vida nacional em todos os tempos, Joaquim Nabuco, é, portanto, uma festa brasileira e, particularmente, pernambucana.

Não é sem razão que aqui se encontra o Vice-Presidente Marco Maciel, homem digno, competente, responsável e leal, que exerce a Vice-Presidência da República, honrando seu Estado e o País. S. Exª fez questão de vir até aqui, como outros pernambucanos ilustres que aqui vejo e a quem me dirijo, como o Ministro Marcos Vilaça, Everardo Maciel, a família Nabuco e Fernando Freyre, Presidente da Fundação Joaquim Nabuco, que carrega, além dessa responsabilidade, o nome do seu grande pai, Gilberto Freyre, que tive a honra de conhecer e cujo centenário, no próximo ano, haveremos de comemorar com justas festas, para rememorar a figura notável do grande mestre de Apipucos, e tantos que aqui se encontram.

A iniciativa do nosso querido colega, Senador José Jorge, merece os maiores elogios. É até pena que esta sessão seja realizada numa quinta-feira, quando todas as Comissões do Senado estão reunidas, não só as Comissões de Inquérito, como as Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania e de Assuntos Econômicos. Daí por que acredito que todos deveriam participar, mas participam em sentimento desta sessão para homenagear a figura de Joaquim Nabuco.

Memorialista, orador, jornalista, historiador e ensaísta, foi privilegiado protagonista da História brasileira, do Segundo Império e do início da própria República. No ambiente nacional, a vida e obra de Joaquim Nabuco caracterizam sua figura como destacado reformador social. Defensor da Monarquia - parece um paradoxo, mas só Joaquim Nabuco o conseguia -, foi um dos principais abolicionistas, engajando-se nessa campanha com extraordinário amor. É célebre o episódio de sua viagem a Roma para, em audiência com o Papa Leão XIII, conseguir do Chefe da Igreja Católica uma clara e inequívoca declaração favorável à abolição no Brasil. Político e diplomata, foi Deputado durante o Império e Embaixador em Washington, já na época republicana. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, foi o seu secretário-geral; escritor elegante, deixou-nos duas obras de grande importância, entre muitas outras. Não há quem, na juventude, na mocidade, não tenha lido Minha Formação, ou O Estadista do Império, obra sobre a vida do seu pai, Nabuco de Araújo, político realizado, modelo perfeito que seu filho, com a queda do Império, por mais que quisesse, não conseguiu imitar completamente.

Gilberto Freyre, esse outro grande pernambucano, considerou seu conterrâneo “uma das expressões mais altas da literatura em língua portuguesa”. Foi o idealizador da Fundação Joaquim Nabuco, hoje presidida por seu ilustre filho, Fernando Freyre.

Aqui se falou, evidentemente, de todos os ângulos da vida de Nabuco. E eu diria: se Nabuco estivesse vivo, estaria lutando contra as desigualdades; não apenas as desigualdades raciais, mas as desigualdades de comportamento da vida, sem fazer exceção de etnias, lutando para que o País fosse menos desigual, dada a concentração de renda atualmente existente e que é dificilmente suportável.

Nabuco estaria inspirando o Parlamento a uma ação dinâmica e reformadora, como reformador ele foi, apesar de monarquista. Daí por que gostaria de dizer nesta hora que a figura de Nabuco ainda continua viva em todos aqueles que estudaram a sua vida.

Há um livro do Luiz Vianna, citado pelo Senador José Jorge, numa edição de 1949, Rui e Nabuco, que é um primor na comparação entre essas duas grandes figuras que nortearam o pensamento do Brasil durante muito tempo. Tinham praticamente a mesma idade, e, cada um, honrando o seu Estado natal, honrava mais ainda a Pátria brasileira.

Fico extremamente feliz de participar desta sessão e de dizer que os ensinamentos de Nabuco continuam vivos, não só em seus seguidores, dentre os quais destaquei alguns - perdoem que eu cite mais uma vez o Presidente Marco Maciel -, como em seus ilustres netos, e ainda na nossa querida e sempre atuante Dª Maria do Carmo.

Quero dizer, nesta hora, que estou muito satisfeito. Dizia, ainda agora, ao ouvido do Vice-Presidente Marco Maciel: Nabuco era conhecido como “Quincas, o belo”, por sua beleza física, mas também por sua integridade moral e pelos serviços que prestou, com sua elegância e seu mérito, ao nosso País.

É esse homem que, neste instante, o Parlamento brasileiro, por intermédio do Senado Federal, homenageia, para que ele sirva de estímulo às gerações de agora e do futuro, para bem servirem ao Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/1999 - Página 28110