Pronunciamento de Bernardo Cabral em 22/10/1999
Discurso no Senado Federal
TRANSCURSO DO VIGESIMO QUINTO ANIVERSARIO DA TV ACRE. HOMENAGEM AO MAESTRO SILVIO BARBATO.
- Autor
- Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
- Nome completo: José Bernardo Cabral
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- TRANSCURSO DO VIGESIMO QUINTO ANIVERSARIO DA TV ACRE. HOMENAGEM AO MAESTRO SILVIO BARBATO.
- Aparteantes
- Mozarildo Cavalcanti, Ramez Tebet.
- Publicação
- Publicação no DSF de 23/10/1999 - Página 28395
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DO ACRE (AC), COMENTARIO, IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, INTEGRAÇÃO SOCIAL, REGIÃO AMAZONICA.
- HOMENAGEM, SILVIO BARBATO, ARTISTA, MUSICA ERUDITA.
- SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DISCURSO, AUTORIA, ORADOR, HOMENAGEM, SILVIO BARBATO, ARTISTA, MUSICA ERUDITA.
O SR.BERNARDO CABRAL
(PFL - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs Senadores, era meu propósito, nesta manhã, fazer um duplo pronunciamento. Sabe V. Exª e a Casa do meu cuidado em ocupar esta Tribuna com a devida e necessária raridade não somente porque não me parece justo tomar o tempo dos eminentes Senadores, como porque o tema a ser abordado deve ser de alta importância, a exemplo do que fez, ainda há pouco, o Senador Carlos Patrocínio quando se referiu ao CADE.
Pretendi, Sr. Presidente, então, fazer o meu pronunciamento em dois instantes: primeiro, para falar sobre a TV-Acre que ontem comemorou o seu 25º aniversário. Quem, como eu, é daquela região e sabia da dificuldade de se criar uma forma pela qual o homem se integrasse à região - e isso somente pôde ser feito por intermédio dos meios de comunicação -; quem, como eu, acompanhou desde o primeiro instante, uma vez que, desde os bancos escolares do antigo Ginásio Amazonense Pedro do Amazonas - hoje Colégio Estadual do Amazonas - a trajetória de Phelippe Daou e do seu companheiro Superintendente, Dr. Milton Cordeiro de Magalhães, entende o porquê da minha satisfação.
É que ontem o Governador do Acre, em comemoração aos 25 anos da TV-Acre, condecorou o Dr. Phelippe Daou com a chamada Condecoração Estrela do Acre. Eu estava nos estúdios da Rede Amazônica de Televisão , quando assisti ao pronunciamento do Presidente da República destinado ao povo do Acre e à solenidade bonita e emocionante que quase arrancava lágrimas do Dr. Phelippe Daou.
O eminente Senador Nabor Júnior - ninguém melhor do que S. Exª, pela sua propriedade, por carregar no seu currículo o mandato de Governador do Estado - fez um pronunciamento que me leva a interromper o meu não por falta dos méritos que eu pudesse ter, mas pela forma escorreita, pelo lado histórico como abordou o assunto. Peço a sua S. Exª que me inclua no seu discurso, que possa eu dele fazer parte, com as singelas palavras que ficaram no silêncio - e o silêncio é o clamor de tudo aquilo que não fala.
O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PFL - RR) - Senador Bernardo Cabral, V. Exª me permite um aparte?
O SR. BERNARDO CABRAL (PFL - AM) - Eu pediria apenas um instante ao Senador Nabor Júnior, porque eu havia pedido autorização a S. Exª para figurar em seu discurso. Solicitei, ao mesmo tempo, ao Presidente que, quando o Senado Federal fizesse a comunicação à Rede Amazônica, incluísse meu nome entre os que estão prestando esta homenagem. V. Ex me responde, Senador Nabor Júnior?
O Sr. Nabor Júnior (PMDB - AC) - Perfeitamente, Senador Bernardo Cabral. Fico muito honrado com a deferência que V. Exª me confere.
O SR. BERNARDO CABRAL (PFL - AM) - Merecidamente.
O Sr. Nabor Júnior (PMDB - AC) - Honra-me, então, o fato de V. Exª endossar, como se fossem de sua própria lavra, os termos do pronunciamento que acabo de fazer neste plenário, em homenagem ao transcurso do 25º aniversário da TV Acre , Canal 4. Desde a década de 40, em Manaus, convivi com o Dr. Phelippe Daou, nosso comum amigo, na política estudantil e, nos idos de 1946 a 1951, na partidária. O Dr. Phelippe Daou merece realmente a homenagem do Senado Federal e, portanto, reitero a solicitação feita à Mesa no sentido de que encaminhe o meu pronunciamento, agora referendado pelo discurso de V. Exª, ao Dr. Phelippe Daou, para o seu conhecimento. Muito obrigado.
O SR. BERNARDO CABRAL (PFL - AM) - Agradeço a V. Exª, Senador Nabor Júnior, pela anuência em me permitir figurar na manifestação de V. Exª, inclusive com o registro que há de ser feito pela Presidência da Mesa.
Ouço V. Exª com muito prazer, Senador Mozarildo Cavalcanti.
O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PFL - RR) - Senador Bernardo Cabral, aproveito o pronunciamento de V. Exª, visto que não tive oportunidade de apartear o Senador Nabor Júnior por me encontrar momentaneamente presidindo os trabalhos. Associo-me à homenagem prestada ao Dr. Phelippe Daou, que, na verdade, tem propiciado a grande integração da Amazônia, por intermédio da Rede Amazônica de Televisão . No Acre, no Amazonas, em Rondônia, em Roraima e no Amapá, a Rede Amazônica faz cobertura, divulgando notícias regionais e integrando a Amazônia ao Brasil. Tenho certeza de que, se não fosse a Rede Amazônica de Televisão , a Amazônia estaria muito mais distante do que se encontra hoje em relação ao Brasil litorâneo. Solicito a V. Exª e ao Senador Nabor Júnior que me incluam na homenagem justamente prestada ao Dr. Phelippe Daou. Muito obrigado.
O SR. BERNARDO CABRAL (PFL - AM) - Sr. Presidente, veja V. Exª o que é a chamada coincidência. O Amazonas é pautado pelo seu belíssimo rio, e os rios na nossa terra, desde as cabeceiras, vão cavando seus próprios leitos. São rios pequenos, mas, à medida que cavam, com as águas emprestadas que se começam a achegar, tornam-se caudalosos. Veja o rio pequeno da minha manifestação, com a água emprestada do aparte, como acaba se tornando caudaloso, para se juntar ao mar que foi a manifestação do Senador Nabor Júnior.
Sr. Presidente, não poderia ser de outra maneira senão desta, pelo reconhecimento, pela virtude, por não se ter transformado num balcão de negócios, a homenagem à Rede Amazônica de Televisão . Acolho o aparte do Senador Mozarildo Cavalcanti, como já me acolheu no regaço do seu discurso o Senador Nabor Júnior, e peço a V. Exª, Sr. Presidente, que, quando fizer a comunicação, junte o nome do eminente Senador Mozarildo Cavalcanti ao meu próprio.
A segunda manifestação, Sr. Presidente, que queria fazer, vou deixar de pronunciá-la com a leitura, mas vou pelo menos dar notícia de uma homenagem que quero prestar a um dos jovens maestros que honram o Brasil. Refiro-me ao maestro Sílvio Barbato, que eu conheço desde a época em que meu velho amigo Cláudio Santoro, maestro de incríveis manifestações de talento, por causa da sua coerência política e ideológica, acabou se exilando do País – mas que acabou talvez se transformando, sobretudo no Leste Europeu, no maior nome brasileiro que a música clássica de todos os tempos conheceu. Amazonense de nascimento, Cláudio Santoro trouxe para o seu lado o então jovem Sílvio Barbato, que hoje, além de ter sido o seu principal discípulo, eu afirmo que se iguala ao mestre. É um homem que recebeu, em Milão, o Diploma de Alta Composição. Ainda na Itália, freqüentou a classe de Franco Ferrara e colaborou com o maestro Romano Gandolfi no Teatro Alla Scalla.
Ele estreou há muitos anos, Sr. Presidente, quase cinco lustros, no Teatro Municipal. E eu lhe presto esta homenagem com este discurso. Peço a V. Exª que determine a sua transcrição, por inteiro, nos Anais, e que transmita ao eminente maestro Sílvio Barbato este discurso – relativamente pequeno, de oito páginas, mas que cresce, agiganta-se pelo enfoque que se dá a quem é o homenageado –, a fim de que ele saiba que está, ainda que não servindo de modelo, porque alguns, talvez por inveja, não queiram reconhecê-lo, mas, por certo, de exemplo para outros jovens músicos, que têm reconhecimento popular e erudito com esse trabalho que ele está fazendo.
O Sr. Ramez Tebet (PMDB - MS) - V. Exª me permite um aparte?
O SR. BERNARDO CABRAL (PFL - AM) - Ouço V. Exª com muito prazer, Senador Ramez Tebet.
O Sr. Ramez Tebet (PMDB - MS) - Senador Bernardo Cabral, a presença de V. Exª na tribuna sempre representa algo de muita importância. Hoje, por exemplo, V. Exª ocupa a tribuna para prestar homenagens. No meu entender, homenagens têm um sentido altamente educativo, constituem a memória de um povo. A nova geração precisa valorizar o feito daqueles que prestam serviços à sociedade. É por isso que quando V. Exª ocupa a tribuna para saudar ou comemorar o aniversário de uma rede de televisão que atinge toda a região amazônica, que V. Exª tão bem representa, no fundo V. Exª está querendo dizer à sociedade que preste atenção, que reverencie quem lhe presta relevantes serviços. V. Exª é um mestre em cultivar no seu coração o sentimento da região amazônica, o sentimento da brasilidade e também da gratidão, pois sabe olhar para os que têm realizações e faz com que todos, no mínimo, se interessem – se já não conhecem – pela figura do maestro Sílvio Barbato. A música, entendo, é a mais sublime das filosofias. Precisamos cultivar a cultura, que tem a música como uma expressão viva. Quero cumprimentar V. Exª e também aqueles aos quais presta homenagem. Esse é um bom serviço que V. Exª e outros que seguem a sua trilha prestam quando ocupam a tribuna para lembrar os feitos não só dos nossos antepassados mas também daqueles que estão na ativa, lutando ou prestando bons serviços à comunidade, à sociedade. Cumprimento-o e peço a V. Exª que permita a incorporação deste meu aparte ao discurso oportuno, didático e educativo que faz, o que é importante. Muito obrigado a V. Exª.
O SR. BERNARDO CABRAL (PFL - AM) - Senador Ramez Tebet, é claro que os que não conhecem o nosso relacionamento hão de pensar que V. Exª presta um tributo a uma cultura. Mas os que conhecem o nosso relacionamento sabem que V. Exª fala com o coração e presta, portanto, um tributo à amizade que há entre mim e V. Exª. O aparte de V. Exª, é evidente, tem o aspecto de quem olha sabendo ver, porque muita gente olha sem saber enxergar, divisar. A distância é muito longa e há os que não sabem encurtá-la. Quando V. Exª diz que o fio condutor filosófico desta manifestação é exatamente premiar a cultura, eu quero render-lhe as minhas homenagens. V. Exª consegue, qual escafandrista que vai ao fundo do mar e recolhe dali o que entende, penetrar no meu pensamento e entender que é exatamente isto que, nesta hora, Sr. Presidente, eu quero fazer. É homenagear duplamente. Um que faz que a Amazônia se integre, que o povo não mais fique preocupado com a fronteira do lado de lá, do vizinho, que já começava a aprender – e posso dizer isso com muita tranqüilidade, pois Tabatinga e Benjamin Constant são dois Municípios do meu Estado – o idioma do país vizinho. Pois é a
Rede Amazônica de Televisão . E a segunda, Senador Ramez Tebet, é V. Exª reconhecer que é preciso premiar essa juventude que cada dia mais exprime o seu valor cultural, o caso do maestro Sílvio Barbato. É evidente que V. Exª nem precisava pedir permissão para figurar, com o brilhantismo que lhe é peculiar, nesta tranqüila, mas singela homenagem. E não precisava fazê-lo por uma razão muito simples: o seu mérito pessoal já lhe teria dado crédito suficiente para que eu pedisse ao eminente Presidente que, quando for enviado ao maestro Sílvio Barbato este discurso, a ele se acrescente o nome em particular do Senador Ramez Tebet, mas em geral de todos os que aqui se encontram, porque o silêncio nada mais é do que a concordância com o que estou aqui a dizer.
Por essa razão, Sr. Presidente, encerro, pedindo aos meus eminentes colegas que registrem o meu agradecimento por me terem ouvido. E quando nada mais tivesse eu a dizer, encerraria dizendo: feliz do País que cultiva os seus grandes homens públicos!
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SEGUE DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR BERNARDO CABRAL EM SEU PRONUNCIAMENTO.
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