Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM PELO TRANSCURSO, NO ULTIMO DIA 18, DO DIA DO MEDICO.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM PELO TRANSCURSO, NO ULTIMO DIA 18, DO DIA DO MEDICO.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/1999 - Página 28167
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MEDICO.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a organização de ajuda humanitária "Médicos sem Fronteiras" – grupo voluntário fundado por médicos franceses no início da década de 70 e que presta serviços às vítimas de guerras, fome e desastres naturais – ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1999 , por seu " trabalho pioneiro de ajuda humanitária em vários continentes"

Trata-se de notícia auspiciosa, que nos chega às vésperas do dia 18 de Outubro, DIA DO MÉDICO , data muito significativa para todos nós, na qual devemos prestar uma justa homenagem ao profissional que cuida da preservação do mais importante bem que Deus nos deu: o dom da vida

A saúde aparece sempre em primeiro lugar dentre os bens mais desejados pelo homem, pois de nada vale o homem possuir todas as riquezas do mundo, se vier a perder a própria vida.  

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, muito já se falou do importante papel do médico na sociedade, em todos os tempos, de sua missão, comparável a de um sacerdote e, portanto, capaz de contribuir para a cura dos males do corpo, da mente e do espírito.  

Não é meu propósito aqui exaltar ou glorificar o trabalho do médico nem, tampouco, considerar a missão do médico superior a de outras profissões.  

A medicina é tão importante quanto tantas outras profissões, e não nos cabe fazer acepção nem discriminar pessoas ou profissões.  

Isso não significa deixar de destacar a importância do trabalho do médico, principalmente como um serviço a ser prestado à pessoa humana, uma missão a ser cumprida em benefício da humanidade, uma obrigação social e moral.  

Não se trata, muito menos, de reivindicar privilégios, benefícios especiais e tratamento diferenciado para o trabalho do médico, pois o verdadeiro médico sabe que sua missão requer desprendimento e espírito de renúncia pessoal: o verdadeiro médico tem plena consciência de que veio para servir e não para ser servido

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, para nada serve uma formação sólida, a dedicação, a pesquisa e o estudo permanentes e as horas indormidas, se não são forem oferecidas ao trabalho do médico as condições mínimas exigíveis para que a população possa desfrutar de um padrão de saúde digno.  

De nada adianta a Constituição Federal considerar a saúde um direito de todos os brasileiros, se o médico não dispõe de equipamentos, instalações hospitalares adequadas e medicamentos necessários para o tratamento de todos quantos procuram os serviços públicos de saúde.  

Muitas vezes essas deficiências dos serviços públicos de saúde são inconscientemente transferidas pelo público para a pessoa do médico, que também é uma vítima de um serviço de saúde deficiente.  

A primeira vítima da crise da saúde pública no Brasil é, sem dúvida, o próprio médico, que luta geralmente com grandes dificuldades para salvar vidas humanas em hospitais desaparelhados e sem os recursos técnicos necessários.  

O heroísmo, a bravura, a capacidade de sacrifício e desprendimento de muitos médicos possibilitam muitos milagres: a salvação de vidas humanas em condições de grandes dificuldades.  

Atualmente, os médicos chegam mesmo a ser agredidos enquanto realizam seu difícil trabalho com dedicação, já que não podem ultrapassar as limitações da condição humana, nem contam com os recursos existentes nos países ricos, onde se pratica uma medicina altamente sofisticada.  

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a grave crise por que passa a saúde pública no Brasil, os baixos salários da grande maioria dos médicos no Brasil, a excessiva e desumana carga de trabalho, que obriga muitos médicos a exercerem dois, três ou mais empregos e a falta de equipamentos, materiais e condições de trabalho nos levam a perguntar: existe algo a comemorar no Dia do Médico

Apesar de todas essas dificuldades, ainda temos motivos para comemoração no Dia do Médico : a vocação, o patriotismo, o espírito de sacrifício e a dedicação da grande maioria dos médicos de todo o Brasil, realizando todos os dias o trabalho inestimável de salvar vidas humanas.  

Não se trata de corporativismo nem, tampouco, algo de natureza meramente sentimental, mas como médico, e filho de médico, e ex-Secretário de Saúde do meu Estado do Ceará, não poderia deixar de prestar minha homenagem pessoal a todos os profissionais que cuidam da saúde e bem-estar do ser humano.  

O médico, como o bom samaritano, cumpre a missão meritória de aliviar a dor do semelhante e a dor de todos os seres humanos acometidos das mais diferentes enfermidades, com espírito de dedicação, dignidade, fraternidade, humanidade e profissionalismo.  

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, como médico, homem público e representante de um Estado pobre e, naturalmente, com graves problemas de saúde pública, desejo homenagear todos os médicos do Brasil, principalmente aqueles que exercem suas atividades em condições difíceis, nas regiões menos desenvolvidas, junto às populações mais pobres e desamparadas.  

Não podemos abandonar o sonho, que para alguns é utopia, de assegurar efetivamente a todos os brasileiros o direito à saúde e a uma vida digna e saudável.  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/1999 - Página 28167