Discurso no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS DENUNCIAS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ENVOLVENDO MEMBROS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO.

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE MATO GROSSO (MT), GOVERNO ESTADUAL.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE AS DENUNCIAS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ENVOLVENDO MEMBROS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/1999 - Página 28168
Assunto
Outros > ESTADO DE MATO GROSSO (MT), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • PROTESTO, DESDOBRAMENTO, DENUNCIA, IMPROBIDADE, MEMBROS, TRIBUNAL DE JUSTIÇA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), AMEAÇA, ESTABILIDADE, UNIDADE FEDERAL, PREJUIZO, INTERESSE, POPULAÇÃO.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ECONOMIA NACIONAL.

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há pouco mais de 15 dias, juntamente com os Senadores Ramez Tebet, Paulo Souto, Carlos Wilson e Amir Lando, estive em Cuiabá, a serviço da CPI do Judiciário, para averiguar denúncias feitas pelo Juiz Leopoldino Marques do Amaral, assassinado no início do setembro.  

São denúncias gravíssimas contra membros do Tribunal de Justiça daquele Estado, que abordam tráfico de drogas, venda de sentenças, nepotismo e assédio sexual. Durante os dois dias em que permanecemos em Cuiabá pudemos manter contato com integrantes da OAB, com deputados, com Juizes, desembargadores, procuradores, com o Ministério Público, a Polícia Federal e com o Governador Dante de Oliveira.  

Nas conversas com as autoridades e no contato com cidadãos mato-grossenses pudemos perceber que Mato Grosso encontra-se em estado de choque com a gravidade das denúncias e com o brutal assassinato do Juiz Leopoldino Marques. As pessoas nas ruas, nos hotéis, nos restaurantes só falam neste assunto. Autoridades de todos os Poderes debruçam-se sobre o problema, preocupados com os fatos e, principalmente, com os desdobramentos negativos que podem advir para o Estado.  

A CPI do Judiciário, tão bem presidida pelo Senador Tebet, está centrando esforços na investigação. Iremos usar de todos os mecanismos legais disponíveis para irmos fundo na apuração das denúncias.  

O que quero abordar neste pronunciamento, no entanto, apresenta-se em outro vetor de análise: o Estado do Mato Grosso. É importante, neste momento delicado, que nós ergamos a voz em defesa do Mato Grosso. Os fatos denunciados são casos isolados, que devem e vão ser investigados profundamente. Os culpados devem ser rigorosamente punidos. Mas como homens públicos, integrantes na principal Casa Política deste País, não podemos deixar que um Estado da importância de Mato Grosso pague um preço alto demais pelos erros de uma minoria que, ao que parece, têm exorbitado no desempenho de suas privilegiadas posições.  

Quando a lama dos insultos resvala nos interesses do povo mato-grossense, a nossa reação tem que ser a da mais forte indignação, como tem sido dos representantes daquele Estado nesta Casa, os valorosos Carlos Bezerra, Antero Paes de Barros e Jonas Pinheiro.  

Por Mato Grosso hoje não se entende mais apenas um Estado com grandes reservas de pastos para alojar gado de criadores de outros Estados. Não. Ao contrário, é um Estado que se define num sentido muito mais alto, mais importante e mais significativo para o Brasil.  

O que Mato Grosso vem praticando ao longo das últimas décadas é a política do desenvolvimento sólido e constante, e não essa prática da corrupção e do crime que estão sendo denunciados. Em Mato Grosso pratica-se a política dos princípios e não essa política que subtrai a lei e renega as premissas da ordem e da democracia. Convém evocarmos, portanto, as qualidades deste Estado fantástico para que fique claro à Nação o verdadeiro Mato Grosso de todos nós, que trabalha honestamente, produz com fartura e que, por isso mesmo, tem muito dado ao Brasil para que não receba agora a justiça da solidariedade de seus vizinhos e irmãos.  

Mato Grosso é um Estado produtivo, em franca expansão e desenvolvimento. Com um potencial turístico extraordinário. Sua agricultura encontra-se num estágio extremamente avançado, obtendo índices invejáveis de produtividade, o que tem desencadeado um processo irreversível de agroindustrialização. Posição reforçada com a inauguração, há poucos meses, de um trecho significativo da ferrovia Leste-Oeste.  

Não é exagero, portanto, afirmar que Mato Grosso já é um dos líderes da maior fronteira agro-industrial do Brasil que é o Centro-Oeste. Os índices anuais de crescimento econômico do Mato Grosso tem superado a média nacional.  

Como representante de Goiás, Estado irmão de Mato Grosso, como cidadão honorário daquele Estado, não poderia deixar, senhores Senadores, de me pronunciar num momento extremamente delicado para um povo tão ordeiro, competente e trabalhador. Precisamos gritar para o país as qualidades daquela unidade da federação, que não pode ver investidores sendo afugentados, repito, por atos isolados praticados por uma minoria.  

Nos dois dias em que lá permanecemos pudemos notar que as autoridades e a sociedade estão mobilizados para exigir punição para os responsáveis pelos desmandos denunciados e pelo assassinato do Juiz Leopoldino Marques do Amaral. Não só a CPI do Judiciário, mas todos os Senadores devem se unir ao Mato Grosso neste momento grave para o Estado. O que está em jogo, neste momento, é o futuro de um Estado próspero, rico e de fundamental importância para a economia do Brasil.  

A minha principal bandeira de luta como homem público é o combate sistemático às injustas desigualdades, tão notáveis no Brasil. As desigualdades regionais são gritantes e tem gerado miséria e fome nos Estados menos aquinhoados. A interiorização do processo de investimentos industriais faz-se fundamental na redução dessas desigualdades. O Mato Grosso é um dos Estados catalisadores de investimentos no Centro-Oeste brasileiro, exatamente pelas suas qualidades e pelas vantagens que oferece a diversos tipos de empreendimentos.  

O processo de desmoralização de que é vítima, com a tentativa de generalização de fatos que são isolados, em nada servem ao Brasil e ao seu povo e em nada contribuem para a diminuição das injustiças. Ao contrário, acabam encobertando as responsabilidades daqueles que realmente deveriam ser desmoralizados, execrados e punidos.  

Fica aqui, portanto, o meu protesto e a minha solidariedade. Entendam as minhas palavras como um desagravo a essa unidade da federação tão importante e, por isso mesmo, merecedora do nosso gesto de apoio absoluto.  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/1999 - Página 28168