O SR. SEBASTIÃO ROCHA (Bloco/PDT - AP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, confesso que me é bastante desconfortável subir à tribuna, nesta manhã de sexta-feira, para trazer à Casa a reflexão que pretendo desenvolver sobre o tecido partidário que me abriga: o Partido Democrático Trabalhista.  

Essas reflexões são fruto de uma cuidadosa meditação e de muitas horas de elucubrações; porém, a esperança de poder contribuir com o resgate de uma convivência salutar entre duas das maiores lideranças políticas do País supera o desconforto e me restabelece o entusiasmo. O Governador Garotinho gosta de dizer que fala para o coração. Digo que falo, neste momento, com o coração.  

Refiro-me principalmente às divergências públicas, refletidas pelos holofotes da mídia televisiva, estampadas pela tinta das penas da imprensa escrita e ainda difundidas pelas ondas sonoras que alcançam cada rincão do nosso imenso Brasil, entre o Presidente Nacional do PDT, Leonel Brizola, e o Governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho.  

O PDT pede paz. O PDT pede o desarmamento dos espíritos. Falo em meu nome. Falo na condição de Líder do PDT no Senado. Falo em nome de milhões de pedetistas que, como eu, estão submetidos a uma profunda angústia, ao assistirmos impotentes a uma disputa que não engrandece, muito pelo contrário, apequena o PDT.  

Ao extravasarem com tanta freqüência suas divergências para além dos limites partidários, as lideranças mais proeminentes do Trabalhismo nacional abrem espaço para que eu possa, neste pronunciamento, expressar o meu desapontamento, o meu descontentamento e, ao mesmo tempo, reivindicar a construção de um entendimento partidário que fortaleça o consagrado Líder do Trabalhismo mundial, Leonel Brizola, à frente da estrutura partidária, e não cerceie o potencial de líder nacional revelado na competência administrativa e política do jovem Governador pedetista, Garotinho.  

O que os pedetistas mais desejam nos dias atuais é ver Brizola e Garotinho caminhando juntos, de mãos dadas, com o coração liberto de mágoas ou ressentimentos, dirigindo suas energias para a busca de soluções para problemas que cronicamente golpeiam o povo brasileiro e o povo fluminense, como a violência e o desemprego.  

Quem tem esperança, como eu tenho, na construção de um Brasil mais próspero e mais justo, erguido a partir das teses trabalhistas, não pode assistir inerte à espoliação inexplicável que teima em apartar a experiência construída por Brizola com sabedoria inigualável, da perspicácia manifestada por Garotinho com inteligência notável.  

Nós, do PDT, reivindicamos a unidade e desaprovamos o espírito beligerante de nossas lideranças exponenciais. Nós, do PDT, queremos um Partido coeso, edificado cotidianamente pelo compromisso com a coletividade. Desaprovamos a dispersão de energia em questões ínfimas que, ao dividir o nosso Partido, nos enfraquece a todos e deita por terra, sob uma pá de cal, a esperança trabalhista, reconstruída com tanto esforço por Brizola, Garotinho e muitos outros, como o saudoso e inesquecível Darcy Ribeiro. Queremos moderação. Exigimos ponderação.  

Não pretendo ensinar o que deve ser feito, mas estou convencido de que devo apontar o que não deve ser feito. E o que não pode continuar sendo feito é a manutenção desse conflito autofágico, que só nos conduz à desagregação e à inanição.  

O fórum apropriado para a exposição de divergências partidárias é o próprio tecido partidário. Apresentado com desprendimento, responsabilidade e maturidade, qualidades inerentes às autoridades aqui mencionadas, o contraditório torna-se salutar, alimenta a democracia, enaltece o Partido e fortalece a cidadania.  

Clamo, pois, em favor da trégua! E o faço da tribuna do Senado Federal porque, infelizmente, as Bancadas pedetistas, tanto na Câmara quanto no Senado, têm sido colocadas à margem dessas discussões tanto pelo Presidente Nacional do PDT, Leonel Brizola, quanto pelo Governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho.  

Conclamo a Executiva Nacional do PDT a convocar imediatamente um congresso nacional do nosso Partido para que possamos, aí sim, no palco adequado, meditar sobre o presente, passar uma borracha nos episódios de desagregação do passado e, com altivez, determinação e sob o compromisso em favor da construção do País que idealizamos, planejar um futuro compatível com os desígnios que orientaram a formação e a manutenção do PDT, que conduzirão o nosso Partido ao ápice do poder político nacional.  

O PDT é maior do que o Rio de Janeiro. Divergências pontuais que acontecem naquele Estado devem ser contornadas pelo PDT local. Porém, se extrapolam as fronteiras fluminenses, espalham desânimo e angústia por todos os rincões do nosso País, e devem ser debatidas democraticamente pelo conjunto do Partido nos quatro cantos do nosso imenso Brasil.  

Apelo, portanto, neste momento, a todos os Senadores e Deputados Federais pedetistas para que, juntos, subscrevamos uma moção em defesa da unidade partidária e em favor da convocação imediata, pela Executiva Nacional, de um encontro nacional de caráter deliberativo, que possa restabelecer a grandiosidade do PDT, tão bem representado pela figura emblemática da nacionalidade brasileira, que é Leonel Brizola, e pelo político mais promissor da atualidade no Brasil, o Governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho.  

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.  

Muito obrigado.  

, cove