Discurso no Senado Federal

APOIO AO MOVIMENTO 'ACORDA PARA, SARAH JA!', EM PROL DA INSTALAÇÃO DE UMA UNIDADE HOSPITALAR DA REDE SARAH KUBTISCHEK EM BELEM - PA.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • APOIO AO MOVIMENTO 'ACORDA PARA, SARAH JA!', EM PROL DA INSTALAÇÃO DE UMA UNIDADE HOSPITALAR DA REDE SARAH KUBTISCHEK EM BELEM - PA.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/1999 - Página 29828
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, CAMPANHA, INSTALAÇÃO, HOSPITAL, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, MUNICIPIO, BELEM (PA), ESTADO DO PARA (PA).
  • JUSTIFICAÇÃO, CAMPANHA, MOTIVO, QUALIDADE, ATENDIMENTO, AREA, ORTOPEDIA, REABILITAÇÃO, NECESSIDADE, DEMANDA, DOENTE, PESSOA COM DEFICIENCIA, ESTADO DO PARA (PA), REGIÃO NORTE, SOLICITAÇÃO, APOIO, GOVERNADOR, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS).

O SR. ADEMIR ANDRADE (Bloco/PSB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ocupo, no dia de hoje, a tribuna desta Casa para falar a respeito da intensa movimentação popular que vem ocorrendo em meu Estado: uma campanha lançada oficialmente em 1º de maio último em prol da instalação imediata de uma unidade hospitalar da Rede Sarah Kubitschek em Belém do Pará.  

Denominada "Acorda Pará, Sarah já!", essa ampla campanha de mobilização e conscientização da sociedade tem o objetivo de pleitear que, à semelhança do que já ocorre nas capitais dos Estados da Bahia, do Maranhão, de Minas Gerais e, brevemente, do Ceará, também o Estado do Pará possa contar, em Belém, com uma unidade hospitalar da Rede Sarah.  

A Rede Sarah, todos sabemos, é diferenciada. Muito embora seja uma rede pública de hospitais e, aliás, o último reduto de medicina pública e eficiente em nosso País, prestando serviços de altíssimo nível nas áreas de ortopedia, traumatologia, neurologia e reabilitação, não pertence ao Sistema Único de Saúde, SUS.  

A Rede é administrada pela Fundação das Pioneiras Sociais, que recebe recursos financeiros para que as suas unidades funcionem exclusivamente com recursos da União.  

Trata-se de uma instituição de vanguarda em telemedicina, semelhante às mais modernas existentes no primeiro mundo. As unidades da Rede estão interligadas e nelas são utilizadas intensamente modernas tecnologias de comunicação que permitem a discussão conjunta, e em tempo real, de diagnósticos de patologias, o acompanhamento dos atos cirúrgicos e o intercâmbio entre as diversas equipes, multiplicando o potencial e o conhecimento do staff médico, já altamente especializado.  

Todos os Hospitais da Rede Sarah possuem concepção arquitetônica integrada aos princípios de organização do trabalho e aos programas de reabilitação da instituição. Em todas as unidades, as enfermarias são organizadas de acordo com o sistema de assistência progressiva, que proporciona um aproveitamento otimizado dos recursos disponíveis.  

Embora sejam mais recentes que o hospital localizado na Capital Federal, as unidades de Salvador, São Luís e Belo Horizonte, bem como a de Fortaleza, em vias de conclusão, são meras cópias do Sarah-Brasília. Cada uma dessas unidades representa um avanço sob o ponto de vista da concepção de espaços de soluções arquitetônicas e de sua função específica, de acordo com os indicadores epidemiológicos da região em que está inserida.  

Srªs e Srs. Senadores, os dados da Rede Sarah que acabei de mencionar e a reputação dessa instituição no Brasil e no exterior são mais do que suficientes para mobilizar a sociedade paraense a favor da atual campanha "Acorda Pará, SARAH já!", para poder contar com uma unidade hospitalar desse nível em Belém.  

As lideranças do movimento consideram esse pleito como a única forma de atender, adequadamente, à demanda estadual e aos interesses dos paraenses portadores de deficiência do aparelho locomotor e de todos os deficientes da Região Norte.  

Um dos coordenadores do movimento, o radialista Agostinho Monteiro, que ficou paraplégico em 1994, após ter sido submetido a uma mal sucedida cirurgia de coluna, e se recuperou após longos anos de dor e sofrimento, empenhou-se com ardor na luta para ajudar aos que passam pelas mesmas dificuldades pelas quais passou.  

Há uma série de outros companheiros, cujos nomes não vou citar, envolvidos nessa campanha que tomou corpo e que tem sido amplamente divulgada, recebendo total apoio da imprensa do meu Estado.  

Sei muito bem o quanto é justo esse pleito. Acompanho, há longo tempo, o sofrimento dos pacientes que buscam atendimento na Rede Sarah, em Brasília, pessoas carentes na sua maioria, pois chega ao meu gabinete um número enorme de pedidos de intercessão para obtenção de consultas, tratamentos, internações e cirurgias.  

A existência de uma Rede Hospitalar Sarah, no Pará, será de fundamental importância para resolver a maior parte das necessidades de centenas de pessoas da região, que atualmente são obrigadas a se deslocar ao Distrito Federal, a maior parte das vezes para serem submetidos a tratamento pela excelente equipe que, sob o comando do Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, presta atendimento de alto padrão de qualidade aos portadores de deficiência de locomoção em nosso País.  

Esses deslocamentos, além do ônus financeiro que acarretam, trazem inúmeros transtornos aos portadores de doenças do aparelho locomotor e às suas famílias.  

Quem conhece bem a Região Norte sabe das dificuldades da população, principalmente, da população mais carente, de se deslocar para ter acesso a tratamento especializado.  

Empenhado em viabilizar a instalação do Sarah em Belém, enviei, no início deste mês, correspondência ao Ministro da Saúde, José Serra, apresentando, formalmente, a reivindicação do povo paraense.  

Juntamente com os deputados João Batista Babá, Valdir Ganzer, Paulo Rocha, Deusdeth Pantoja, Zenaldo Coutinho e Jorge Costa, também integrei uma comissão suprapartidária de parlamentares que acompanhou os líderes do movimento para a entrega de um abaixo-assinado contendo 36 mil assinaturas ao Dr. Aloysio Campos da Paz, Presidente da Fundação das Pioneiras Sociais.  

O Dr. Campos da Paz, sensível à reivindicação e conhecedor da expressiva demanda existente no Estado, onde existem cerca de 12 mil deficientes, assumiu de imediato, o compromisso de destinar 20% da capacidade de atendimento da unidade da Rede Sarah, localizada em São Luís do Maranhão, às pessoas com lesões medulares e às crianças paraenses com grandes incapacidade físicas.  

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, todos os paraenses estamos empenhados nesta grande luta, como tão bem destacou o jornalista Luiz Solano, em seu artigo publicado no jornal DF Notícias, do Distrito Federal, em sua edição de 21 de maio deste ano.  

Não é preciso ter necessitado de atendimento nas unidades da Rede Sarah para saber o que elas representam em termos de qualidade e de obtenção de resultados. A existência dessa rede em nosso País é, sem dúvida alguma, motivo de orgulho para todos os brasileiros.  

A instalação de uma unidade do Sarah em Belém é de interesse de toda a Região Norte do Brasil, como já mencionei aqui. Prova do que afirmo é que os 27 senadores e os 90 deputados federais da Região Norte decidiram subscrever emenda de bancada para o Plano Plurianual e para o Orçamento do ano 2000, visando a implantação da unidade hospitalar no Estado do Pará.  

Aqui chamo a atenção para o prestígio que tem a Rede Sarah, inclusive entre os parlamentares do Congresso Nacional. Como queríamos o Hospital Sarah em Belém, a bancada do Pará, após votação que definiu as prioridades do nosso Estado, apresentou uma emenda com o objetivo de dar início à construção e à preparação do pessoal da Rede Sarah que trabalharia em Belém do Pará. Mas a questão é tão maior que, além de ter sido aprovada por unanimidade pela bancada do Estado do Pará - 17 deputados federais e 3 senadores da República -, essa questão foi levada aos parlamentares da Região Norte e eles, nas emendas que apresentaram, tanto ao Orçamento de 2000 quanto ao PPA, assumiram para si - o Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá, Acre, Tocantins, enfim, todos os estados da Região Norte - a questão do Hospital Sarah em Belém e a colocaram como uma de suas cinco emendas. Por aí se depreende a importância dessa rede.  

Além disso, a Comissão de Assuntos Sociais no Senado Federal, todos os anos, desde 96, vem complementando o orçamento da Rede Sarah por voto unânime de seus senadores. Então, a Rede Sarah, hoje, é contemplada por emenda da Comissão de Assuntos Sociais de 47 milhões de reais, destinados à recuperação do seu orçamento, e por emenda da Região Norte ao PPA para o ano 2000, destinada à unidade que deverá ser instalada no município de Belém, servindo toda a Região Norte.  

A emenda deverá ser direcionada de forma a poder ser, inicialmente, utilizada na seleção e treinamento de pessoal, inclusive para o Centro de Tecnologia de Salvador, que desenvolve as estruturas para a construção de novas unidades da Rede Sarah.  

Tendo assumido o compromisso de participar de todas as etapas desse processo de negociação política, especialmente no plano orçamentário, juntamente com o movimento "Acorda Pará, Sarah já!" e as bancadas da Região Norte, nossa luta é para garantir a viabilização desse projeto.  

Teremos dificuldades a superar, mas considero que a recompensa vale o esforço. Tivemos também de travar uma grande luta quando nos propusemos a conseguir mais aparelhos de hemodiálise para os hospitais paraenses. O êxito dessa empreitada anterior nos dá ânimo para perseverar na atual luta.  

Como ressaltou o próprio Dr. Campos da Paz, "um hospital não é feito somente de cimento e aço, mas com gente, gente bem treinada, capacitada. Levamos tempo para treinar e capacitar no padrão de qualidade, que é a principal marca da Rede Sarah". Por isso, os recursos do ano 2000 serão para custeio.  

Esperamos poder contar com o apoio efetivo do Governador do Estado, Almir Gabriel, que já foi membro do Conselho de Administração do Sarah, para superar os problemas que dificultam a implantação da unidade de Belém.  

Esperamos poder contar especialmente com o apoio do Ministro da Saúde. Por esta razão, ao concluir meu pronunciamento, quero fazer, da tribuna desta Casa, um veemente apelo ao Ministro José Serra, para que seja sensível ao justo pleito de meus conterrâneos. A existência de uma população de 12 mil deficientes só no Estado do Pará, a maioria sem condições de realizar um tratamento que surta efeito, justifica amplamente esta reivindicação, que já recebeu o apoio das autoridades e da sociedade do meu Estado.  

Era o que tinha dizer, Sr. Presidente.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/1999 - Página 29828