A SRª HELOISA HELENA (Bloco/PT - AL. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os dois requerimentos que estão à mesa para ser votados - dos Senadores Ramez Tebet e Lúcio Alcântara e de todos os Senadores e Senadoras do Partido dos Trabalhadores -, com certeza, refletem a mais profunda indignação diante da covardia da pistolagem e do crime organizado. Para nós, do Partido dos Trabalhadores, além da profunda indignação que nos move contra a estrutura covarde do crime organizado, vindo de onde vier, indo para onde for, nesse caso específico, machuca-nos profundamente esse fato por se tratar de uma companheira nossa. Uma estrela acaba de apagar-se da vida, do cotidiano, da militância do Partido dos Trabalhadores, do Movimento dos Sem-Terra, do Movimento Nacional dos Deficientes Físicos, que ocupam espaços nas instâncias de poder. Apaga-se provisoriamente em função de um mandato que foi roubado pela covardia da estrutura do crime organizado e do narcotráfico, mas se acende com muito mais brilho nos corações de todos, não apenas do PT ou do Movimento dos Sem-Terra, mas dos que lutam por uma sociedade justa, igualitária, fraterna.

Não vamos admitir a impunidade. Não é o primeiro caso; não é a primeira vítima, é verdade. Muitos companheiros e companheiras já tombaram no nosso País em função da seiva perversa que fortalece a árvore da impunidade, que é efetivamente a violência e a impunidade no nosso Brasil. São tantas as histórias que se vão repetindo que, às vezes, quando um companheiro ou companheira tombam, assassinados pela covardia do crime organizado, pensamos que foi o último. Mas infelizmente não foi.

Esperamos que a CPI do Narcotráfico esteja no Mato Grosso do Sul, apurando todas as denúncias feitas pela nossa companheira, para que o Ministério da Justiça e a Polícia Federal garantam a apuração com o máximo de independência e firmeza. As pessoas denunciadas pela Prefeita e que tinham motivações políticas de vê-la morta e as relacionadas com o narcotráfico que estavam sendo denunciadas devem ser encaradas pela Polícia Federal como se fossem suspeitas, diretamente responsáveis por esse crime, a fim de que possamos, com muita firmeza e independência, garantir a apuração desse crime.

Hoje, no Jornal de Brasília, a jornalista e repórter Malu Mattos traz um pouco das suas impressões no Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas do Partido dos Trabalhadores, quando conversou com a nossa companheira Dorcelina Folador, falando a respeito de toda a esperança que a motivava.

Ela falava à jornalista, no Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas do PT, como estava feliz com a possibilidade de enfrentar denúncias contra grupos ligados ao narcotráfico, ao tráfico de bebês, à prostituição infantil e ao trabalho escravo na região. Ela dizia que, mesmo entendendo as suas dificuldades, por ser uma mulher, por ser uma sem-terra, por ser deficiente física, o que a motivava era a possibilidade de construir um mundo rico de pão e de felicidade para todos. Falava ainda da alegria que sentia por ter acabado com o tráfico de crianças, um dos piores problemas de seu Município. Dizia “Eles buscavam nossas crianças para prostituí-las no Paraguai. Hoje, tenho orgulho de dizer que nenhuma menina sai de Mundo Novo para a prostituição. Não me iludo. Sei que agora elas podem ser levadas para cidades próximas, mas são algumas vitórias que legitimam a nossa briga”.

Todos as companheiras e os companheiros de Novo Mundo, todos continuarão lutando com o máximo da sua capacidade de luta e de trabalho no sentido de que possamos garantir que seja descortinado um dos mistérios mais sujos e terríveis da sociedade: a impunidade, o assassinato e a covardia daqueles que assassinam por ligações de improbidade administrativa ou em função do narcotráfico.

Deixo um grande abraço apertado aos familiares de Dorcelina e, de forma especial, ao Movimento dos Sem-Terra e ao Partido dos Trabalhadores de Novo Mundo, que ficam com a missão, ao perderem o brilho de uma estrela na militância política, de brilhar mais ainda, defendendo uma nova sociedade, trazendo para si o brilho da estrela de Dorcelina.

Era o que tinha a dizer Sr. Presidente.

Muito obrigada.