O SR. CASILDO MALDANER (PMDB - SC. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o ilustre Senador Ramez Tebet apresentou exposição ao encaminhar requerimento de condolências pelo trágico passamento da Prefeita de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul e os Senadores Lúcio Alcântara e Senador Heloisa Helena também já se manifestaram a respeito. Há ainda um requerimento à Mesa, assinado pelo Senador Eduardo Suplicy e outros Srs. Senadores. Esse fato tem chocado, na verdade, não só o Mato Grosso do Sul, mas o Brasil inteiro.

Uma jovem senhora, em Mundo Novo, Município distante, na fronteira com um país onde ainda correm soltas muitas questões de segurança, como o narcotráfico e roubos de carros e caminhões, que são para lá levados. Para ser prefeito - e ainda mais prefeita - de um Município naquela região é preciso muita coragem. Eu conheço Mundo Novo, por onde já passei.

Por isso, no momento em que desaparece uma jovem senhora, como disse, com essa vontade de lutar, de deixar seus filhos e dedicar-se à comunidade, arregaçar as mangas e ir em frente, na verdade choca-se todo o Brasil, ultrapassando inclusive as fronteiras do País.

E aí, como chocou todo o mundo, estamos a meditar para que se ofereça mais segurança, com nossa solidariedade à família, ao povo de Mundo Novo e ao Estado de Mato Grosso do Sul. Acho que todos nós, brasileiros, precisamos formar fileiras em torno desse tema, para que as autoridades competentes, Sr. Presidente, também se dediquem com mais profundeza. Precisamos tentar oferecer mais segurança a questões como essas.

Sr. Presidente e nobres Colegas, hoje a Folha de S.Paulo mostra os funerais da Prefeita Dorcelina Folador, o coral das crianças de Mundo Novo, Mato Grosso do Sul, nas despedidas e na missa. Enquanto cantavam, choravam a ida da sua Prefeita. Logo ao lado dessa notícia, há uma manchete na primeira capa, Sr. Presidente - isso choca a nós, brasileiros e mexe com uma certa intranqüilidade -, que diz:” Lucro do Banco Itaú dobra e já atinge R$1,454 bilhão”. E a manchete está logo ao lado da notícia sobre um velório desses.

E há mais, também na Folha de S.Paulo: “Bancos lucram R$10 bilhões no ano”. Trata-se de um lucro escancarado, às vezes em cima de desgraças de pessoas!

Sr. Presidente, há uma outra manchete - e isso intranqüiliza muitas vezes as pessoas - no jornal O Globo de hoje, que diz: “O álcool sobe 27%”.

Os combustíveis sobem, e os bancos têm R$ 10 bilhões de lucro no ano. Ao lado dos funerais, uma manchete diz que um banco lucra mais de R$ 1 bilhão, e, logo acima, outra manchete anuncia novas fugas e rebeliões na Febem. Isso tudo nos causa uma certa intranqüilidade, Sr. Presidente, porque há todas essas lutas, os excluídos da sociedade, a morte por causa do tráfico e outras inseguranças. Acontecem essas coisas todas! Daqui a pouco, vamos transformar o Brasil em uma verdadeira Febem, com insegurança total. Alguns, ao lado, lucram exageradamente, e para lucrarem tanto tem de ser em cima de alguém. E não é em cima dos estrangeiros, mas em cima dos brasileiros! E isso choca, sem dúvida alguma!

Por isso, um caso como este de Mundo Novo, em que a Prefeita, uma lutadora, desaparece, choca o Brasil inteiro.

Assim, Sr. Presidente, neste momento, ao trazer a solidariedade dos catarinenses, precisamos fazer também uma reflexão sobre o que vem ocorrendo no País: essa intranqüilidade, essa geração de coisas, isso tudo. Todos nós que temos uma certa responsabilidade precisamos mergulhar nessas questões.

Eram as ponderações que queria trazer, endossando as palavras dos eminentes Senadores que apoiaram o requerimento de pesar proposto pelo Senador Ramez Tebet aos familiares da Prefeita de Mundo Novo, Mato Grosso do Sul.