O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PSB - RJ. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a lista longa de Senadores inscritos para encaminhar o requerimento revela o estado de choque em que está a Nação brasileira aqui representada. A Nação brasileira está em estado de choque com mais essa manifestação de violência e criminalidade, cuja sucessão assola o nosso País.

Sr. Presidente, trata-se agora de uma figura admirável, sob todos os pontos de vista, uma figura querida e que era alvo de atenção especial por todos os brasileiros que buscam novas referências na vida política brasileira. A Prefeita Dorcelina era uma dessas pessoas, desses faróis que emergem no quadro político brasileiro, iluminando novas sendas, novos rumos, novos traçados para a nossa evolução política. Essa pessoa amada, querida e reverenciada foi alvo de mais um ato de violência.

Porém, Sr. Presidente, foi apenas mais um ato de violência de uma uma sucessão. O Senador Maguito Vilela enumerou episódios ocorridos com vários prefeitos de seu Estado, assim como o Senador Geraldo Cândido. Não há recanto do Brasil que não esteja hoje marcado por uma série de fatos ligados à violência que campeia e horroriza a nossa população. A população está em estado de horror. Eu mesmo, na minha residência, no Rio de Janeiro, fui vitimado por um ato de violência, desses que deixam a gente em estado de choque. Onde vamos parar?

É claro que a Câmara dos Deputados está tomando providências, por meio da Comissão do Narcotráfico, que está investigando e descobrindo coisas estarrecedoras. Entretanto, o Congresso Nacional precisa ir mais a fundo na pesquisa das causas do crescimento explosivo da violência em nosso País, que, como sabemos, tem muito a ver com a inoperância da polícia, com a falta de equipamentos, com o efetivo policial, com os cortes de despesas governamentais, que estão afetando todo o serviço público, de um modo geral, a polícia e o Poder Judiciário, de modo particular; tem a ver com a angústia a que estão submetidos os governadores, esse aperto imposto pelo Governo Federal com relação ao pagamento das dívidas que foram resultado não tanto de ações dos respectivos governos, mas, sobretudo, da elevação de juros do Governo Federal, levando ao endividamento como uma bola de neve. Na medida em que o Governo Federal exige esse pagamento em níveis absurdos, limita recursos e poderes aos governos estaduais para o combate ao crime e à violência. A violência tem a ver também com o clima de injustiça que impera neste País. Este modelo, esta diretriz econômica que, de repente, começa a fabricar gente que não tem a menor noção de valores morais e éticos, mas que buscam, tão-somente, a vantagem imediata de um pagamento, de uma soma em dinheiro. E, nessa busca, é capaz de cometer até crimes hediondos. Enfim, Sr. Presidente, as causas são múltiplas, mas é preciso atenção do Senado Federal, do Congresso Nacional para esses fatos.

Foi assassinada uma pessoa altamente admirável sob todos os pontos de vista. Vamos prantear. Eu fui signatário deste requerimento porque considero muito justo manifestarmos um gesto de solidariedade à família, ao povo de Mundo Novo, ao povo do Estado de Mato Grosso do Sul. Falo aqui em nome do meu partido, o Partido Socialista Brasileiro, e em nome do meu Estado. Tudo isso é muito justo e muito importante, porém, foi mais um caso. Será que não haverá outros casos, logo em seguida? Que clima, que sociedade, que tipo de modelo econômico e político foi gerado neste Brasil capaz de suscitar tantos e tão seguidos casos de criminalidade hedionda como essa que aconteceu lá no Município de Mundo Novo, no Estado do Mato Grosso do Sul?

Fica registrada a nossa indignação, Sr. Presidente, e também o nosso apelo a que se dê uma atenção especial para esse problema da violência e da segurança pessoal do cidadão brasileiro; que se pesquise as causas que têm muito a ver, sim, com a ação do Governo Federal, seja no campo econômico, seja no campo financeiro, seja no campo político de um modo geral. Portanto, fica aqui registrada a nossa indignação ao lado da nossa maior e mais profunda solidariedade.