Pronunciamento de Nabor Júnior em 17/11/1999
Discurso no Senado Federal
TRANSCRIÇÃO DE CARTA RECEBIDA DO SR. PEDRO VERAS DE ALMEIDA, PAI DO FALECIDO GOVERNADOR DO ACRE, EDMUNDO PINTO, NA QUAL AGRADECE A INICIATIVA DE S.EXA. EM DENOMINAR A RODOVIA BR-364 COMO 'GOVERNADOR EDMUNDO PINTO'.
- Autor
- Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
- Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- TRANSCRIÇÃO DE CARTA RECEBIDA DO SR. PEDRO VERAS DE ALMEIDA, PAI DO FALECIDO GOVERNADOR DO ACRE, EDMUNDO PINTO, NA QUAL AGRADECE A INICIATIVA DE S.EXA. EM DENOMINAR A RODOVIA BR-364 COMO 'GOVERNADOR EDMUNDO PINTO'.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/11/1999 - Página 31103
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- REGISTRO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI, DENOMINAÇÃO, RODOVIA, HOMENAGEM POSTUMA, EDMUNDO PINTO, EX GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC).
- SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, CARTA, AUTORIA, PAI, EX GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), AGRADECIMENTO, ORADOR, HOMENAGEM POSTUMA, ELOGIO, AUSENCIA, DIVERGENCIA, MOTIVO, DIFERENÇA, PARTIDO POLITICO.
O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, existem gestos que, em sua singeleza, são exemplos de dignidade e de correção, capazes de engrandecer as regras do convívio pessoal, político e histórico dos povos.
Nunca deixei de defender a política sem ódios nem rancores intransponíveis; creio no diálogo, na boa vontade e na generosidade, como principais ferramentas para a construção de um Brasil mais justo e voltado para o bem-estar de seus filhos. Em quase quatro décadas de vida pública, sempre tive adversários - porque a firmeza serena das atitudes que assumi, nessa caminhada, muitas vezes despertaram reações de pessoas que com elas não concordavam. Sempre acatei esse contraditório como algo saudável, positivo, capaz de ajudar-me na concretização das metas que estabeleci a partir do primeiro mandato, de Deputado Constituinte Estadual, em 1962.
Foi assim que me conduzi, quando o Acre elegeu o então Deputado Estadual Edmundo Pinto para suceder a Flaviano Melo, nas honrosas funções de Governador do Estado. Como o candidato cuja indicação então defendi não logrou o êxito desejado, assumi, desde o primeiro momento, uma clara condição de oposicionista. Isso jamais impediu, entretanto, que meu diálogo com o novo Governador se fizesse em alto nível, respeitoso, construtivo, dentro do campo das idéias e dos princípios partidários.
Como poucos, lamentei o trágico episódio que lhe pôs fim à vida, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Mas, sem dúvida alguma, sofrimento maior foi o dos familiares do grande acreano - como sua viúva, D. Fátima, e seus pais, Sr. Pedro e D. Angelina Veras de Almeida.
Nesses sete anos, transcorridos desde a morte de Edmundo Pinto, sempre cogitei de tomar a iniciativa de alguma homenagem que gravasse o seu nome na memória e no dia-a-dia do povo acreano, que ele tanto amou e ao qual dedicou seu imenso talento, sua dignidade, sua disposição construtiva. Uma homenagem que não incorresse no erro do culto à personalidade, da mitificação de atos e obras, do endeusamento que obscurece a capacidade de julgar, de destacar os acertos e de reconhecer os erros dos seres humanos.
Foi assim que, em 21 de maio último, apresentei no Senado Federal o Projeto de Lei nº 360, de 1999, dando à estrada BR-364, no trecho que liga as capitais do Acre e de Rondônia, respectivamente Rio Branco e Porto Velho, o nome de “Rodovia Governador Edmundo Pinto”. A proposta está tendo tramitação regular: foi encaminhada, em caráter terminativo, à Comissão de Educação, onde coube ao Senador Amir Lando a tarefa de relatá-la, na forma regimental - e, em nome do povo acreano, espero que o nobre representante rondoniense apresente seu parecer na primeira reunião daquela Comissão Técnica, para que o Projeto seja encaminhado à palavra final, na Câmara dos Deputados.
Recebi, mais tarde, uma carta do pai do saudoso ex-Governador - carta que incluirei, com destaque, em minhas mais caras e emocionadas reminiscências, quando encerrar a participação na vida pública brasileira.
A missiva começa com a reafirmação, leal e serena, de posturas legítimas e assumidas. Diz o Sr. Pedro Veras de Almeida: “sempre estivemos em lados opostos nos embates políticos de nossa terra” - para acrescentar a grande lição que os insensatos não têm capacidade de entender e absorver: “temos em comum, no entanto, o respeito mútuo e o inabalável amor pelo Acre, esta terra que generosamente acolheu em seu seio nossos avoengos”.
E acentua o pai do saudoso ex-Governador Edmundo Pinto, em sua missiva, que hoje trago ao conhecimento do Plenário do Senado Federal:
“Fiquei sinceramente sensibilizado, como pai e como cidadão, com a sua iniciativa de apresentar Projeto de Lei dando o nome de “Rodovia Governador Edmundo Pinto” à principal via de ligação do Acre com o Centro-Sul do país e demais estados federados. Rodovia que, aliás, em breve conectará o Brasil, através do Acre, com nossos irmãos andinos, abrindo perspectivas inimagináveis de progresso para a Amazônia Ocidental, obra, aliás, inaugurada em sua gestão”.
O Sr. Pedro de Almeida faz valer, na carta que me enviou, sua dupla condição, de cidadão e de pai: “o sentimento do povo acreano, desde aqueles trágicos acontecimentos que tiraram a vida de meu primogênito, poderá ser considerado e reconhecido, aprovando os Senhores Senadores o mencionado Projeto de Lei, de feliz iniciativa de Vossa Excelência”.
Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, rogo à Mesa que a missiva a mim endereçada pelo Sr. Pedro Veras de Almeida seja transcrita e publicada como parte integrante deste pronunciamento. É um documento que deve ser eternizado nos Anais por seu valor humano, social e de cidadania, prova de que a política pode e deve ser feita em termos elevados e respeitosos, com os adversários tratando-se como oponentes, não como inimigos odiados, que devem ser destruídos a qualquer custo.
Continuo acreditando neste tipo de política!
E, se não abandono a luta diuturna, é por não perder a esperança de que nela encontrarei, mesmo na condição de adversários, homens do porte de Edmundo Pinto e seu pai, cujas palavras generosamente firmes mostram a fonte onde o ex-Governador foi buscar a limpidez de caráter, a firmeza de atitudes e a grandeza que eram suas marcas, na condução do diálogo elevado e transparente.
Tais qualidades podem ter-lhe custado a vida, mas garantem a presença de sua memória no panteão dos grandes nomes da história do Acre e do Brasil.
Muito obrigado.