Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM PELO TRANSCURSO DO DECIMO NONO ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO DO JORNAL O ESTADÃO DO NORTE, DE RONDONIA.

Autor
Moreira Mendes (PFL - Partido da Frente Liberal/RO)
Nome completo: Rubens Moreira Mendes Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM PELO TRANSCURSO DO DECIMO NONO ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO DO JORNAL O ESTADÃO DO NORTE, DE RONDONIA.
Publicação
Publicação no DSF de 23/11/1999 - Página 31351
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, ESTADÃO DO NORTE, ESTADO DE RONDONIA (RO), IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, IMPRENSA, AMBITO ESTADUAL, ELOGIO, MARIO CALIXTO FILHO, JORNALISTA, FUNDADOR.

O SR. MOREIRA MENDES (PFL - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srª s e Srs. Senadores, a desmentir as críticas que recebe por apresentar altas taxas de analfabetismo, injustiça social e outras mazelas do subdesenvolvimento, o povo brasileiro responde com o selo da qualidade de sua imprensa. Por sua coragem, posta à prova até mesmo durante os anos de chumbo do regime militar, a comunicação foi a grande parceira dos que lutaram pela reconquista do estado de direito. Livre da censura, das intimidações, a nossa comunicação é hoje um dos maiores exemplos de que um povo livre não tem medo de dizer a verdade.  

É com esse pensamento que gostaria de dividir com V. Exª s a homenagem que presto hoje a um jornal que é a síntese dessa referência e está completando, neste dia, 19 anos de trabalho digno e inteiramente voltado à cobrança de realizações sociais de Rondônia, o meu Estado. Trata-se do jornal O Estadão do Norte , editado na Capital Porto Velho por iniciativa de um pioneiro do setor de comunicações do meu Estado, o Jornalista Mário Calixto Filho.  

O Estadão , como é popularmente conhecido, exatamente por simbolizar a luta que foi a transformação do antigo Território Federal em Estado, sonho esse realizado um ano depois da fundação do jornal, simboliza, com o seu nome, toda aquela gloriosa epopéia. Nessa guerra pelo direito de informar e formar a opinião pública, a arma utilizada por esse destemido empresário foi a força do trabalho. Ao chegar ao império de comunicações que abraça hoje emissora de rádio FM, concessão de televisão, instituto de pesquisa e opinião pública e, dentro de pouco tempo, o mais novo jornal diário a circular em Brasília, Mário Calixto divide esse mérito com os profissionais que passaram pelo jornal O Estadão , fato que pode ser visto na edição especial que circulou hoje, juntamente com as fotos que marcaram a trajetória de Rondônia em seus 19 anos de existência como Estado.  

Mais que uma testemunha das transformações políticas e sociais por que passou o Estado de Rondônia nas duas últimas décadas do milênio, o jornal O Estadão também escreveu a sua história nesse período. Como lembra o jornalista e empresário que chegou a Rondônia há 30 anos, vindo de Arcos, Minas Gerais, o que aquele garoto de 22 anos encontrou? Arrimo de família após o falecimento do pai, para sustentar os dez irmãos menores, veio em busca de trabalho. Como todos os que buscaram essa oportunidade, inclusive este Senador que usa da tribuna neste momento, o jovem Mário Calixto surpreendeu-se diante da realidade de um Território inóspito e abandonado pelo Poder Central, com uma pequena população, praticamente isolado do resto do País, sem energia elétrica confiável e assaltado por doenças endêmicas.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falar do jornal O Estadão implica lembrar um visionário que começou a vida vendendo pastel e engraxando sapatos já aos sete anos de idade, na porta da fábrica em que trabalhava o pai. O que encontrou tão longe de casa foi a oportunidade de fazer o que mais gosta até hoje: trabalhar. Rondônia era, então, uma região em que faltava tudo para uma população ainda mais carente e abandonada. No entanto, tinha um apelo que encantou o jovem recém-chegado: a rica potencialidade econômica de seu solo e a gama de oferta de serviços aberta a quem tivesse coragem e inteligência de aceitar o desafio de explorar e desenvolver o leque de opções oferecido.  

Ao contrário da saturação do mercado nos centros mais adiantados, em Rondônia ainda se podia sonhar. Mário Calixto não teve receio em agarrar a primeira oportunidade que encontrou. Vendendo tapetes de porta em porta, oferecendo um produto que não tinha muito a ver com a realidade das casas de madeira e de chão batido, tornou-se um campeão de vendas. Outros desafios vieram, e ele foi conquistando um a um, até chegar ao empresário bem-sucedido que é hoje, com todos os órgãos de comunicação que comanda, batendo recordes de preferência popular. O último desafio, segundo ele, ainda está por vir. "Trabalho é bom, mas, sem oportunidade de exercê-lo, não há como sair do lugar", diz ele, lamentando a sorte do trabalhador, diante da retração da economia que repercute ainda mais dramaticamente em uma região ainda esquecida e distante como a nossa. "Se tivéssemos que reconstruir Rondônia com as oportunidades que o País oferece hoje ao trabalhador, a gente teria que voltar para casa e aquilo viraria mato", acrescenta.  

Sr. Presidente, há vinte anos, diante do quadro que convidava os pioneiros a plantar - porque a terra podia tudo dar, desde que a malária, o tiro do pistoleiro, a flecha do índio ou o acidente na lama das recém abertas estradas não viessem antes -, nasceu O Estadão , um jornal que poderia ser apreciado no Rio, São Paulo ou em qualquer outro centro mais sofisticado do País, menos em Rondônia. O pioneirismo tecnológico do jornal O Estadão surpreendia exatamente por esse contraste.  

O jornal inovou também no campo da circulação, chegando às bancas de todos os aglomerados urbanos que se formavam ao longo da BR-364 com a colonização, um dos maiores surtos migratórios do País, e conheceu, em todos os tempos, a caça ao ouro, à madeira e às terras.  

Foi exatamente nesse cenário, que lembrava um faroeste americano, que o jornal marcou presença como meio de informação e, principalmente, formador da opinião pública. E chegou com o que havia de mais moderno em uma mídia: a impressão em offset, e, imaginem, a cores. Mas não ficou só nisso. Com o avanço dos meios de comunicação, O Estadão continua à frente na implantação do melhoramento de suas páginas. É totalmente informatizado e tem sua página na Internet. Com uma tiragem de 15 mil exemplares/dia – 20 mil na edição de domingo –, circula nos 52 Municípios do Estado, prestando serviço a uma população de 1,5 milhão de habitantes aproximadamente, da mesma forma desde sua inauguração, há 19 anos, para os então 90 mil habitantes do ex-território.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que não muda no Estadão é a sua linha editorial, a razão de seu sucesso. Por perceber que por baixo da aparente rudeza dos pioneiros que conquistavam a região batia vontade encontrar de um veículo que expressasse seus anseios e suas exigências, o jornal dispôs-se a ser o porta-voz e o norte de seus leitores. Mas essa independência e espírito crítico, criaram opositores e adversários ressentidos.  

Essa oposição, porém, não intimida O Estadão de continuar defendendo, com competência e imparcialidade, a informação que passa para os seus leitores. Da mesma forma, enfrentou a censura do regime militar, sendo obrigado a dar explicações por cada matéria que fosse de encontro aos interesses dos quartéis, Mário Calixto relembra o constrangimento que sofriam também seus jornalistas, mas nunca abandonou os ideais que norteiam a proposta editorial desde o seu nascedouro, como um selo de qualidade de nunca abrir mão de um jornalismo que busca a fidelidade do fato, a verdade e a isenção da informação, doa a quem doer.  

Mas os desafios existem para serem vencidos, e Mário Calixto soube vencer a todos eles. Nunca se acovardou, pelo contrário usou desafio, usou desafio após desafio para construir um meio de comunicação isento, sério, em defesa do povo, trazendo a Rondônia um trabalho de alto padrão, e não se arrependeu disso. Hoje, seu nome tem lugar de destaque, porque soube, como poucos, lutar pela verdade e pela lisura dos fatos.  

Sr. Presidente, Sr as e Srs. Senadores, gostaria de encerrar esta homenagem pelo transcurso do décimo nono aniversário de fundação deste jornal, instituição respeitada no setor de comunicações do meu Estado, estendendo os cumprimentos a todos os profissionais que nele militam, lembrando ainda a esposa do Diretor-Presidente de O Estadão, Srª Marli Riva Calixto. Ela e os três filhos do casal: Márcia, Milene e Mário Filho, são bem um exemplo de como a família rondoniense, no anonimato do lar, presta o imprescindível apoio e incentivo às missões a que se propõem seus entes queridos.  

Parabéns a O Estadão do Norte . Parabéns ao jornalista Mário Calixto Filho.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/11/1999 - Página 31351