Discurso no Senado Federal

REPUDIO A MATERIA PUBLICADA NA REVISTA VEJA, SOB O TITULO 'PARAISO NA FLORESTA'.

Autor
Sebastião Bala Rocha (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AP)
Nome completo: Sebastião Ferreira da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • REPUDIO A MATERIA PUBLICADA NA REVISTA VEJA, SOB O TITULO 'PARAISO NA FLORESTA'.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/1999 - Página 32412
Assunto
Outros > IMPRENSA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • CRITICA, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INEXATIDÃO, REGISTRO, DESENVOLVIMENTO, ESTADO DO AMAPA (AP), ESPECIFICAÇÃO, ASFALTAMENTO, RODOVIA, REDUÇÃO, VIOLENCIA.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, EDITORIAL, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO AMAPA, JORNAL DO DIA, ESTADO DO AMAPA (AP), COMENTARIO, INEXATIDÃO, IMPRENSA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. SEBASTIÃO ROCHA (Bloco/PDT - AP) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez volto à questão da matéria publicada na Veja desta semana sobre o Estado do Amapá.  

Ao fazê-lo, destaco alguns absurdos contundentes que foram publicados e que se afastam totalmente da realidade do nosso Estado. É inadmissível que uma revista conceituada como a Veja tenha publicado uma matéria como essa, que deve ser da responsabilidade do jornalista que a assina, um jornalista de nome Maurício.  

A matéria diz, por exemplo, que o governador atual asfaltou uma estrada de ferro até São Jorge. Deve estar se referindo à BR-156, que liga o Amapá à Guiana Francesa e que há cinco anos não recebe sequer um quilômetro de asfalto - tem, portanto, 450 quilômetros por pavimentar.  

Segundo absurdo: diz a matéria que a criminalidade foi reduzida à metade no Amapá. Quem dera isso fosse verdade! Um relatório do Delegado-Geral do Estado do Amapá, da Secretaria de Segurança Pública do Estado, Delegado-Geral Celso de Souza, menciona que, nos primeiros seis meses de 1998, foram registradas 22.022 ocorrências de criminalidade e, nos primeiros seis meses de 1999, 21.554 - uma redução insignificante - e que os homicídios aumentaram. A propósito, o Jornal do Dia de 23/11/99 publicou matéria com o seguinte título: "Aumenta o número de homicídios em Macapá". Nessa reportagem pode-se ler uma declaração do Delegado-Geral do Estado, Celso de Souza.  

Ainda com relação à matéria publicada pela revista Veja, gostaria de ler editorial do jornal Diário do Amapá cujo título é "Dois Mentirosos". Por ser bem resumido, vou lê-lo na íntegra:  

"O título deste editorial é o mesmo de um ensaio escrito pelo pensador francês Michel de Montaigne, nos idos anos de 1580. A certa altura do texto, Montaigne diz que "mentir é um vício odioso". "Somente pela palavra é que somos homens e nos entendemos", completa. E no seu estilo único, deixa vazar todo o seu desprezo, a sua repulsa pela mentira e pelos mentirosos. Num dado momento nos dá uma aula que até hoje não foi de todo compreendida e assimilada pelos detentores do Poder, principalmente do Poder Político. "Se compreendêssemos claramente o horror e o alcance da mentira, contra ela pediríamos o suplício da fogueira que, com menor razão, se aplica a outros crimes", diz. Quanto mais avança o ensaio, mais aumenta a contundência de Montaigne, natural de França, país cultuado por tantos e - ao que parece - idolatrado pelo governador João Alberto Capiberibe. "Se, como a verdade, tivesse a mentira uma só face, eu a poderia ainda admitir, pois bastaria considerar certo o contrário do que dissesse o mentiroso; mas há cem mil maneiras de exprimir o reverso da verdade e o campo de ação da mentira não comporta limites", brada o filósofo.  

A revista VEJA desta semana (1.11.99), em longa reportagem, brinda o Amapá e os amapaenses com uma série de informações, no mínimo, equivocadas. Mentirosas, poder-se-ia dizer. Mas não se pretende assacar aqui epíteto tão pesado contra uma revista conhecida pela seriedade e credibilidade, o que nos leva a pensar que faltou ao repórter da revista a experiência necessária para checar as notícias que lhe foram passadas, ou repassadas," - provavelmente por release - "dadas as impropriedades que possuem. Dizer, por exemplo, que Macapá é um "canteiro de obras", é expressão que bem poderia ser incluída no Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), do saudoso Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. Também é inadmissível que a revista afirme que o empresário Odilon Francisco Filho chegou ao Amapá há cinco anos e que nesse tempo conseguiu montar um império na capital do Estado que lhe permite faturar R$1,5 milhão mensais e ter um patrimônio de 10 milhões. É possível que tenha esse faturamento e esse patrimônio. Quanto a ter chegado ao Estado há apenas cinco anos, sabe-se que a informação não é correta. A não ser que se delete o tempo em que forneceu para o governo Barcellos. Até onde se sabe, não consta que organismos franceses mandem cinco milhões de dólares anuais para o Amapá e que a partir de 2000 passarão a mandar 25 milhões, como assegura a revista. Se assim for, Hosana nas Alturas. Só falta agora que o governador Capiberibe diga onde estão ou como foram aplicados todos esses milhões mandados pelos franceses. Sob pena de, se não o fizer, incluir-se entre aqueles contra quem bradava o pensador francês Michel de Montaigne."  

Sr. Presidente, peço o registro na íntegra desse editorial e também da matéria publicada no Jornal do Dia, em 23/11/99, cujo título é: "Aumenta o número de homicídios em Macapá" - matéria que vai de encontro ao que diz a revista Veja, isto é, que a criminalidade foi reduzida no nosso Estado.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SENADOR SEBASTIÃO ROCHA EM SEU PRONUNCIAMENTO  

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/12/1999 - Página 32412