Pronunciamento de Geraldo Cândido em 02/12/1999
Discurso no Senado Federal
REALIZAÇÃO EM BELEM, DE 6 A 11 DE DEZEMBRO, DO II ENCONTRO AMERICANO PELA HUMANIDADE, CONTRA O NEOLIBERALISMO.
- Autor
- Geraldo Cândido (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
- Nome completo: Geraldo Cândido da Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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MOVIMENTO TRABALHISTA.:
- REALIZAÇÃO EM BELEM, DE 6 A 11 DE DEZEMBRO, DO II ENCONTRO AMERICANO PELA HUMANIDADE, CONTRA O NEOLIBERALISMO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/12/1999 - Página 33386
- Assunto
- Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
- Indexação
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- ANUNCIO, ENCONTRO, AMERICA, OPOSIÇÃO, LIBERALISMO, REALIZAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PARA (PA), PARTICIPAÇÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA, PARTIDO POLITICO, ENTIDADE, SOCIEDADE CIVIL, GOVERNO, ECONOMISTA, BUSCA, ALTERNATIVA, CAPITALISMO, REFORÇO, DEMOCRACIA, SOLIDARIEDADE.
- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, CONRADO PEREIRA, JORNALISTA, JORNAL, TRIBUNA DA IMPRENSA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DADOS, SUPERIORIDADE, AUMENTO, DESPESA, JUROS, DIVIDA EXTERNA.
O SR . GERALDO CÂNDIDO
(Bloco/PT - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nos dias 6 a 11 da próxima semana, será realizado, em Belém do Pará, o II Encontro Americano pela Humanidade, contra o neoliberalismo, dando seqüência ao I Encontro realizado em 1996, em Chiapas, no México. Esse Encontro deverá contar com a presença de aproximadamente 5 mil participantes.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a notícia correu, primeiro, pelo Amazonas. No sopé dos Andes, multiplicou-se. Foi cantada em prosa na Patagônia, anunciada em verso pela Panamericana. No Caribe, distribuiu tesouros. Em Chiapas, fez a festa do povo. Nas fronteiras do Rio Grande, os últimos guerreiros enviaram a mensagem para os irmãos do Norte.
Agora, é o tempo da resposta. Que todas as canoas sigam pelo rio-mar. Que todos os pés sejam guiados pela estrela. A grande marcha começou e o seu destino é uma fortaleza da utopia encravada na floresta. Belém convoca: Na capital da Amazônia, um encontro inédito. Partidos de esquerda, movimentos guerrilheiros, camponeses, sem-terra, comunidades indígenas e afro-americanas, estudantes, associações, governo e o povo de Belém viverão dias extraordinários. Momentos de intensa liberdade, onde a única obrigação será reafirmar e reinventar a revolução a cada instante. Mais do que um ato, um processo. Pelos mil caminhos que levam a Belém, as caravanas desfraldarão a bandeira da unidade dos povos americanos, recolherão pelos céus, rios, estradas uma energia luminosa e trabalharão durante o encontro para transformar teoria em prática e intenções em gestos.
Os tambores do povo, que nunca se enganam, não param de anunciar: a humanidade vencerá. Trabalhe por esta vitória. Participe do II Encontro. Em Belém, os povos da América te esperam". Esse é o belo texto da convocatória do II Encontro Americano pela Humanidade, contra o neoliberalismo, que vai se realizar em Belém do Pará, entre os dias seis e onze de dezembro.
O evento é uma seqüência do I Encontro, que aconteceu em Chiapas, na selva mexicana, em 1996. Mas o que querem, afinal, os esperados cinco mil militantes de todos os cantos do mundo que estarão em Belém?
Em primeiro lugar, demonstrar a falência do pensamento único neoliberal, deixando claro que existem alternativas ao atual figurino do sistema capitalista. Reafirmar que o capitalismo não rima com democracia e, muito menos, é o fim da história.
Alguns podem indagar: por que o capitalismo não é o sistema mais democrático? Afinal, o sol não nasce para todos?
Basta verificar e analisar alguns dados de organismos internacionais para constatar a mentira que é esse sistema desumano. A Organização Internacional do Trabalho - OIT - aponta o desemprego de um bilhão de trabalhadores no mundo. Ainda em nível mundial, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura - FAO - revela que um bilhão e duzentos milhões de pessoas passam fome no Planeta.
Há pouco tempo, nasceu na Bósnia o pequeno Adnan. O mundo completava seis bilhões de habitantes. Pensando nessa criança, de um país tão distante, penso no mundo que queremos deixar para todas as crianças na Terra. Uma sociedade de exclusão, onde os valores da competição e do dinheiro sejam os fundamentos mais fortes? Ou um lugar onde a solidariedade, a inclusão e o companheirismo sejam as bases? Uma sociedade efetivamente democrática, que é inexeqüível nos marcos do capitalismo.
Em nosso País, o Presidente FHC, mesmo sendo rejeitado por 59% da população, conforme recente pesquisa, vem mantendo um governo nitidamente neoliberal. Como exemplo desse fato basta citar a reportagem do jornalista Conrado Pereira, publicada com destaque no jornal Tribuna da Imprensa , do Rio de Janeiro, do dia 29 de novembro. A matéria tinha como título: "Governo pagou R$123 bilhões de juros em nove meses". A parte principal do texto dizia o seguinte:
"A deterioração das contas públicas este ano está atingindo níveis jamais previstos, até mesmo nas piores previsões do Governo. Prova disso é que, de janeiro a setembro, a conta de juros acumula despesas de R$123,611 bilhões, contra R$50,850 bilhões no mesmo período do ano passado. Um crescimento de 143,1%, saindo de 7,5% do PIB, em 1998, para 16,01%, em 1999".
É fácil perceber qual é a prioridade do atual Governo. Enquanto corta verbas destinadas aos programas sociais, ataca os direitos dos aposentados e servidores públicos, FHC se curva aos banqueiros nacionais e internacionais.
Mas a humanidade não se dá por vencida. O MST, no Brasil, os zapatistas, no México, e a FARC, na Colômbia, são exemplos de resistência de gente que se recusa a acreditar no capitalismo como estrada de progresso para os seres humanos. Para estes e para mim a única reforma possível neste sistema é a sua destruição e a construção de uma sociedade justa e igualitária. O encontro de Belém não será o primeiro passo, mas, com certeza, um momento importante para, unidos, sonharmos acordados com um mundo sem injustiças.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.