Discurso durante a 179ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO.

Autor
Luzia Toledo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Luzia Alves Toledo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), GOVERNO ESTADUAL.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO.
Publicação
Publicação no DSF de 14/12/1999 - Página 34733
Assunto
Outros > ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • CRITICA, HISTORIA, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), PARTICIPAÇÃO, CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, PAIS.
  • COMENTARIO, OCORRENCIA, REFORÇO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), RECEBIMENTO, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO, CRIAÇÃO, PARQUE INDUSTRIAL, DESENVOLVIMENTO, INDUSTRIA SIDERURGICA, EXPLORAÇÃO, AÇO, MINERIO, FORMAÇÃO, ZONA PORTUARIA.
  • ELOGIO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), FORMAÇÃO, CONSELHO ESTADUAL, DESENVOLVIMENTO, RESPONSABILIDADE, JOSE IGNACIO FERREIRA, GOVERNADOR, IMPORTANCIA, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, MELHORIA, ECONOMIA, PAIS.

A SRª LUZIA TOLEDO (PSDB - ES) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, por um estranho complô histórico e de grave repercussão no processo de afirmação e desenvolvimento da então capitania do Espírito Santo, os capixabas vêm pagando o alto preço de um isolamento que transformou o seu território em uma espécie de barreira contra as investidas que começavam a nascer sobre o ouro das Minas Gerais. Ao mesmo tempo, como terra proibida, já que oferecia caminho de fuga para o mar, o Espírito Santo foi mais uma vez impedido de poder se aventurar na conquista de seu espaço, pois a sua invejável posição geográfica novamente era aliada do processo de desenvolvimento, guardiã que a capitania transformava em feitora das minas e zeladora emérita da opulência do oeste, nos estreitos limites de sua extensão.  

A exploração do ouro e das pedras de Minas Gerais, lá pela altura do século XVIII, também marcava o Espírito Santo por um processo de marginalização, pois esta política o impediu de usufruir os padrões de crescimento e riqueza que eram exuberantes e faustos na história de nosso país.  

Somente um século depois, com a completa reformulação imposta por uma administração metropolitana portuguesa, foi possível estreitar e incentivar os negócios com Minas Gerais e Goiás. A Corte Portuguesa estava em atividade, patrocinando grandes empreendimentos no Rio de Janeiro e, esta proximidade e a relação de alguns capixabas com autoridades lusitanas, acabaram por promover a visita do soberano ao Estado, carreando alguns efetivos benefícios.  

Expandiam-se então as grandes fazendas de café do Estado. Tentava-se a navegação do Rio Doce. As grandes levas de imigrantes italianos, germânicos, austríacos, sírios, açorianos e portugueses faziam crescer as perspectivas agrícolas, firmando-se o Estado como um grande produtor de café, madeira, cacau, cereais, açúcar, além de se firmar como escoadouro natural da produção do oeste, pequena ainda, mas, constante. O café representava até bem pouco 80% da receita do estado.  

Talvez – e este é um exercício de interpretação sobre aquele tempo – pelo isolamento, pelo fato se ter os seus mais importantes segmentos políticos e empresariais dentro de uma ilha – na capital Vitória – tenham os capixabas herdado uma timidez que asfixiou, em inúmeras oportunidades, os seus anseios de progresso e desenvolvimento. Do mesmo modo, com pequena representação política, não conseguia estar no centro das grandes decisões nacionais. Colégio eleitoral pequeno, sua expansão histórica não era reconhecida e, modernamente, o Espírito Santo ainda continuou pagando o elevado preço do isolamento e do abandono que já sofrera no tempo das capitanias.  

Para fugir de uma caminhada histórica e a esta altura até de pouca relevância, seja-me permitido, porque é uma conquista das atuais gerações, da minha geração, falar no Espírito Santo consciente, forte, aberto ao diálogo e a parceria, senhor de suas reais potencialidades, capitão de uma administração corajosa e valente, que resgata pagando o preço da reformulação, a dívida secular do país com o nosso povo. Do país e dos maus dirigentes que também tivemos.  

Volto, apenas, por uma questão cronológica, ao idos de 60, quando foram criados alguns incentivos fiscais na estrutura do Estado, que seguiu até agora uma caminhada mais firme e segura, fortalecendo e subsidiando investimentos de capitais externos e internos, criando um parque industrial, com alguns setores com liderança nacional, entre elas, o siderúrgico, o de celulose, o de pellests, aço, minerais, telecomunicações e, sobretudo, um complexo portuário que hoje é uma de suas maiores conquistas empresariais e públicas, já que avaliza a sua velha tradição exportadora e importadoras, gerando na esteira deste novo tempo mais empregos, mais riqueza, e um Estado sob controle, na fixação de objetivos diretos, em cujo curso não mais se integra o paternalismo estatal. E Espírito Santo de hoje caminha como indutor de uma novo processo de desenvolvimento, assumindo suas responsabilidades sociais e humanas, seu poder de arregimentação e credibilidade, sua postura ética, moderna e pronta para novos desafios. No círculo de um conjunto de ações tecnicamente perfeitas, sob a liderança do Governador José Ignácio Ferreira, nasceu o Masterplan, que reúne algumas das mais privilegiadas cabeças pensantes de nosso Estado, numa espécie de Conselho Tutelar de Desenvolvimento que, pela força de sua autoridade e com o apoio permanente do Governo, tem despertado altos investimentos, viabilizando e flexibilizando a economia capixaba.  

Dizia o saudoso ex-Governador Jones dos Santos Neves, há algum tempo, quando ainda não havia explodido a crise cafeeira que tantos prejuízos trouxe aos capixabas, que "os galhos de nossos cafezais são muito frágeis para suportar os anseios de desenvolvimento de nosso povo". O ex-governador, cunhava com aquela previsão uma advertência histórica e que viria abalar pouco depois, velhos conceitos e superados comportamentos quase tribais. São lembranças, mas, que cicatrizam em nós, na geração de hoje, as feridas de um passado de muita injustiça e muita incompreensão. Somos, por uma força positivista – cravada no lema da nossa "trabalha e confia" – um povo que merece os padrões de desenvolvimento que nos espera.  

Neste dia, de grande significação para todos os capixabas e de orgulho pessoal para o Governador José Ignácio Ferreira, já podemos afirmar que superamos a fase do sacrifício e nos preparamos, com grupos capixabas, nacionais e internacionais, para a colheita farta do futuro.  

As finanças do Estado, as elevadas cifras de compromissos com salários e fornecedores, o desequilíbrio entre receita e despesa, felizmente estão equacionados e os olhares da administração podem se voltar com um brilho novo e confiante para os horizontes das conquistas do desenvolvimento, projetando escolas, hospitais, rodovias, saneamento, ferrovias, gasodutos, terminais portuários, abastecimento, eletrificação, saúde e, com muita garra, um padrão de segurança que irá muito breve nos colocar entre os Estados mais seguros do país.  

Apesar de todos os nichos de estrangulamento que foram impostos ao Espírito santo, nós queremos hoje, num relance, afirmar perante o Senado da República, que a economia capixaba é hoje a 11ª do país e a oitava em termos de renda per capta, no conjunto das 27 unidades da federação. O nosso desempenho econômico no período que atinge 1998, equivalente à faixa dos 12 últimos anos, superou o do próprio país.  

Com todo o entusiasmo de quem se debruça com empenho sobre as medidas e atitudes de uma administração credora da confiança de tantos, nós diríamos que o Espírito Santo – também o sexto mercado potencial de consumo do país – será dentro de mais quatro anos, o primeiro produtor de petróleo do Brasil, ativando por certo, ainda, a maior jazida de salgema do hemisfério sul.  

Cerca de dez grandes empresas, parceiras da Petrobrás ou por livre associação empresarial com reconhecidos e prestigiados grupos petrolíferos internacionais, fazem previsões otimistas e fixam investimentos até o ano de 2002, da ordem de US$1,2 bilhão na perfuração de 49 poços de petróleo na costa capixaba. Somente a Petrobrás, segundo suas mais recentes informações, deverá investir US$45 milhões em três novos poços na costa de Vitória. No entanto o Escritório Regional já está solicitando um reforço de mais US$42 milhões a Diretoria da Petrobrás para acelerar a pesquisa e perfuração no Estado. Não será, portanto, uma afirmação de otimismo regional, dizer que o Espírito Santo, nos próximos quatro anos será a maior e mais importante província petrolífera do Brasil. Teremos, em dúvida, usinas que produzirão combustível econômico para todas as indústrias automobilísticas que já estão aqui e outras que ainda pretendam se instalar no país, sem esquecer a FORD que recentemente quase foi para o meu Estado.  

Por outro ângulo, de real importância em termos internos e internacionais, a Companhia Siderúrgica de Tubarão acaba de oficializar, apresentando ao Governador José Ignácio Ferreira, o projeto e maquete do seu laminador de tiras a quente (LTQ), que além de gerar 3 mil empregos diretos, representará um investimento de US$450 milhões e estará produzindo dentro de 26 meses.  

Em termos portuários o nosso complexo, inclusive com os seus terminais alfandegados, apresenta-se com um padrão de nível internacional, oferecendo as mais econômicas tarifas nacionais e, altamente competitivas se comparadas aos níveis internacionais. Com o processo de privatização, alguns dos principais portos de nosso Estado já recebem volumosos investimentos e ampliam sua área de influência transformando o nosso Corredor Centro-Leste no mais importante e viável corredor de exportação e importação do país.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/12/1999 - Página 34733