Discurso durante a 181ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DAS UNIVERSIDADES PUBLICAS BRASILEIRAS NO DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E TECNOLOGICO, E NA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS SOCIAIS.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO SUPERIOR.:
  • REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DAS UNIVERSIDADES PUBLICAS BRASILEIRAS NO DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E TECNOLOGICO, E NA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS SOCIAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/1999 - Página 35177
Assunto
Outros > ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • ANALISE, IMPORTANCIA, TRABALHO, UNIVERSIDADE, VIABILIDADE, PROGRESSO, DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, NATUREZA SOCIAL, PAIS.
  • COMENTARIO, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), DESENVOLVIMENTO, ESTADO DE RORAIMA (RR).
  • SOLICITAÇÃO, PAULO RENATO SOUZA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), ANALISE, LISTA DE ESCOLHA, NOMEAÇÃO, REITOR, UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), AUMENTO, APOIO, UNIVERSIDADE.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PFL - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quando se fala de desenvolvimento, de produção do saber, de avanço científico e tecnológico, da busca de soluções para os graves problemas sociais existentes em nosso País, creio que todos concordam num ponto: as universidades públicas brasileiras têm assumido um papel de ponta na resposta a esses desafios. Em seu conjunto, nossas universidades públicas respondem por algo em torno de 90% da produção científica realizada no Brasil; basta esse número para que se possa avaliar o peso de sua presença na vida nacional.  

A existência de pelo menos uma universidade federal em cada Estado assume, pois, uma função essencialmente estratégica, extremamente necessária, qual seja, a de indutora do conhecimento a ser aplicado na resolução dos problemas regionais. Exatamente por assim ser é que considero extremamente indispensável de fazer com que todos os Estados pudessem ser contemplados ao menos com uma universidade federal. Eis uma decisão que, seguramente, resultará em frutos positivos no esforço empreendido pela Nação no sentido de atenuar as enormes desigualdades regionais.  

Faço tais observações, Senhor Presidente, tendo em mente a realidade de meu Estado. Como é do conhecimento geral, Roraima é um pequeno Estado, de criação recente, tendo o menor índice populacional da Região Norte e do Brasil. Nessas condições, avulta a participação de nossa Universidade Federal no processo de desenvolvimento estadual, atuando nas mais variadas frentes: forma profissionais aptos a enfrentar os grandes desafios locais; estuda a realidade roraimense, vista e entendida no contexto amazônico; forma os professores que atuarão nos níveis fundamental e médio da educação; desenvolve pesquisa, especialmente aquela vinculada às necessidades da região.  

A Universidade Federal de Roraima, tanto quanto o Estado, é uma instituição bastante jovem. Criada por uma Lei de minha autoria em 1985, começou suas atividades em 1990. Cedo granjeou o respeito da comunidade acadêmica nacional, particularmente dos que têm responsabilidades administrativas no meio universitário. Assim é que, a 14 de fevereiro de 1995, foi solenemente admitida no Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, o CRUB, que, diga-se de passagem, não admite a filiação indiscriminada de qualquer instituição universitária.  

Com uma área de quase 17 milhões de metros quadrados, o campus da UFRR está localizado no bairro Jardim da Floresta, dentro de Boa Vista, a capital. Alguns dados referentes à instituição atestam seu sempre presente compromisso com as causas maiores do Estado. Isso se dá, por exemplo, quando se verifica a quantidade de cursos de graduação oferecidos, pautados nas exigências da sociedade e nas necessidades primordiais da região.  

Além disso, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, a preocupação em ampliar a oferta de vagas, dando mais chances de freqüentá-la aos que dela mais necessitam, é que explica uma decisão da Universidade Federal de Roraima de oferecer seus cursos pela manhã, à tarde e à noite. Uma atitude dessa natureza, além de não ser corriqueira entre suas congêneres, ressalta uma dimensão extraordinária do trabalho da instituição: sua visão social, o que a torna ainda mais merecedora de enaltecimento.  

Organizando suas atividades acadêmicas em períodos semestrais, a UFRR acolhe novos alunos duas vezes ao ano, aplicando exames vestibulares nos meses de julho e dezembro. Aliás, é bom que se diga desde já que seu alunado – à primeira vista pequeno – corresponde a uma posição superior à média nacional. Para que se tenha idéia do que estou afirmando, basta lembrar que seus mais de 4 mil alunos correspondem a cerca de 2% da população total do Estado, hoje em torno dos 250 mil habitantes.  

Outra comparação que lhe é extremamente favorável diz respeito à proporção entre o número de docentes e de funcionários técnico-administrativos com o número de alunos. Nas funções administrativas, atuam apenas 175 servidores. O corpo docente é por demais enxuto: são 196 professores, dos quais 83 têm tão somente a graduação. Entretanto, refletindo uma louvável preocupação do contínuo aperfeiçoamento, boa parte do professorado dirige-se à pós-graduação: 24 fizeram cursos de especialização, 78 – concluíram o Mestrado, enquanto 11 já são doutores.  

Claro que se está longe do ideal. A existência de apenas quatro laboratórios configura uma lacuna, a ser devidamente preenchida. O corpo docente terá que obter melhor qualificação acadêmica, até mesmo como condição indispensável para que a pós-graduação na UFRR, hoje embrionária, possa deslanchar. Atualmente, do total de alunos da instituição, 39 fazem cursos de especialização e 8 estão cursando Mestrado.  

Creio que o quadro panorâmico da Universidade Federal de Roraima, que aqui estou traçando, não estaria completo se eu não destacasse a amplitude dos cursos por ela oferecidos. Na graduação, a lista é extensa, indo das licenciaturas ao bacharelado em Medicina, Direito, Administração, Agronomia, Economia e Engenharia. Afora isso, o que mais chama a atenção é o olhar da instituição voltado para sua terra e sua gente. É o que explica, por exemplo, que, ao lado de cursos tradicionais como os de Língua Inglesa, Francesa, Espanhola e Portuguesa, existam os de Língua e Cultura Macuxi e de Língua e Cultura Yanomami.  

O mesmo raciocínio pode ser estendido à pós-graduação. Ao mesmo tempo em que são ministrados cursos de especialização voltados para a Metodologia de Pesquisa, Educação Física Teórica, Matemática Aplicada e Ciências Morfológicas, também o são Produtos Naturais e História Socioeconômica da Amazônia Brasileira, ambos em óbvia vinculação ao cenário da região.  

Atuando decididamente na extensão, oferecendo cursos e desenvolvendo projetos comunitários, a UFRR completa seu trabalho oferecendo instalações e equipamentos para o bom atendimento de seus alunos, em particular, e da população de Roraima, em geral. Refiro-me, por exemplo, à sua Biblioteca Central, com mais de 11 mil títulos e quase mil periódicos; à escola de Aplicação; à Rádio Universitária; ao Núcleo de Educação a Distância e à Editora Universitária.  

A Universidade Federal de Roraima vive um momento especial, após ter atravessado um período de turbulência administrativa, está agora na expectativa de uma período de consolidação e crescimento, após terem sido eleitos e empossados os Diretores dos Centros e Departamentos, e sido escolhida a lista tríplice de Professores Doutores que será remetida ao Senhor Ministro da Educação a fim de que seja nomeado o Reitor que dirigirá os destinos da nossa Universidade durante quatro anos. Quero, portanto, apelar ao Exmo. Sr. Dr. Paulo Renato de Souza, que analise os nomes e nomeie o nosso Reitor, o que é um reclamo da comunidade acadêmica da UFRR. Mas, também que o MEC dê à nossa Universidade o apoio que ele precisa para se consolidar: maiores recursos para o custeio; concurso para Professores e funcionários técnico-administrativos; construção de Biblioteca, do restaurante universitário, de laboratório; e aquisição de livros e equipamentos.  

É importante que o MEC passe a olhar a Universidade Federal de Roraima com outros olhos, não com a mesma visão das Universidades dos grandes centros do Sul e Sudeste, dada a grande importância da UFRR para o desenvolvimento de Roraima e de toda a Região Norte. É preciso desconcentrar o saber e irradiá-lo para as regiões menos desenvolvidas, principalmente na Amazônia.  

Como Professor da UFRR e como Senador pelo Estado de Roraima faço esse veemente apelo ao Ministro da Educação.  

Ao findar esse relato, Senhor Presidente, expresso meus cumprimentos às universidades públicas brasileiras, pelo muito que têm feito pelo País. Acima de tudo, no entanto, desejo enaltecer o trabalho de todos aqueles que têm feito a Universidade Federal de Roraima, seguramente um belo símbolo da capacidade criadora de nosso Estado. Roraima cresce, aprendendo a construir uma História de muita fé, garra, perseverança e de sonhos elevados. Para tanto, recebe de sua Universidade Federal apoio, estímulo e aporte intelectual.  

Muito obrigado!  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/1999 - Página 35177