Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

ESFORÇOS DOS ESTADOS E MUNICIPIOS DO NORTE E CENTRO-OESTE PARA RECUPERAÇÃO, PRESERVAÇÃO E DIVULGAÇÃO DA CULTURA REGIONAL.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • ESFORÇOS DOS ESTADOS E MUNICIPIOS DO NORTE E CENTRO-OESTE PARA RECUPERAÇÃO, PRESERVAÇÃO E DIVULGAÇÃO DA CULTURA REGIONAL.
Publicação
Publicação no DSF de 03/02/2000 - Página 1674
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • ELOGIO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, DIVULGAÇÃO, RIQUEZAS, PAIS, EPOCA, ANIVERSARIO, DESCOBERTA, BRASIL.
  • COMENTARIO, DIVERSIDADE, CULTURA, ARTISTA, MUSICA, REGIÃO NORTE, REGIÃO CENTRO OESTE, ESTADO DO TOCANTINS (TO), AUSENCIA, ACESSO, SOLICITAÇÃO, APOIO, MINISTERIO DA CULTURA (MINC).
  • REGISTRO, VISITA, CANTOR, MUNICIPIO, MONTE DO CARMO (TO), ESTADO DO TOCANTINS (TO), OCORRENCIA, ATIVIDADE CULTURAL, FOLCLORE, TRADIÇÃO.

            O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PFL - TO) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, quero registrar os meus elogios aos meios de comunicação e a todos aqueles que, nessas comemorações dos 500 anos da descoberta do Brasil, revelam ao povo brasileiro, todo um novo Brasil de potencialidades, belezas e características ainda não conhecidas.

            O excesso de concentração continuamente denunciado neste Senado, no chamado Brasil do Tratado de Tordesilhas, isto é, num Brasil litorâneo, circunscrito entre o oceano e a linha traçada por Espanha e Portugal em 1492, ligando o que é hoje Belém, no Pará com Laguna, em Santa Catarina, fez com que o próprio Brasil desconheça a parte maior de si mesmo, e desperdice as maiores potencialidades que possui para alavancar, de forma sustentável, o seu próprio desenvolvimento.

            Essa concentração e esse desconhecimento constitui, sem dúvida, um dos fatores de vulnerabilidade da nossa economia, da nossa afirmação como país soberano diante do mundo, e das sucessivas crises que nos afetam e que nos impedem de chegarmos ao patamar das nações desenvolvidas.

            Refiro-me aos imensos territórios da Amazônia e do Centro-Oeste, e escuso-me hoje de referir-me aos recursos naturais e às imensas potencialidades econômicas dessas Regiões, para me ater a um aspecto de menor impacto, mas de tanto significado quanto aqueles outros aspectos. Quero referir-me à riqueza e à afirmação cultural desta parte do Brasil, cultura tão desconhecida e às vezes tão menosprezada, por tantos que tanto desconhecem desse imenso Brasil.

            Quando me refiro, Sr. Presidente, à cultura dessas Regiões, não quero me referir apenas ao folclore, riquíssimo de música, danças, festejos populares e tantas expressões do artesanato popular.

            Quero também referir-me à presença de artistas dessa Região, no cenário nacional, e que nem sempre recebem da mídia a devida divulgação como artistas regionais, que dão sua contribuição não apenas pelo lançamento de músicas regionais, mas por terem alto prestígio de público em suas próprias regiões de origem, afinal também pedaço do Brasil, com sua arte forte, sua música ligada à natureza, de dimensões telúricas, como tem sido, às vezes, caracterizada.

            Cito, como exemplo desta contribuição, a presença de Fafá de Belém e do Carimbó, em grande parte revelado por essa cantora ao público brasileiro, inclusive influenciando com suas características marcantes, outros gêneros da música popular.

            No entanto, o Estado do Tocantins tem músicos e gêneros musicais de primeira grandeza, nem sempre conhecidos do público, e por ele consagrados fora da Região, à altura de seu talento.

            Poderia citar as composições de Genésio Tocantins, já vitorioso em vários festivais nacionais de música, ou, ainda, o extraordinário trabalho de Braguinha Barroso, na pesquisa e recuperação de ritmos e músicas regionais, tendo como expressão maior a catira, de tradição secular.

            Muito há a fazer nessas áreas, na recuperação do folclore, da arte tradicional, do artesanato, de traços culturais, das tradições indígenas, das tradições africanas, representadas quer por núcleos remanescentes, quer pela rica miscigenação de raças.

            Desejo chamar a atenção do Ministério da Cultura, em favor dos esforços regionais dos Estado e Municípios do Norte e Centro-Oeste para a recuperação, a preservação e a divulgação desses inúmeros recursos culturais, às vezes esquecidos no debate das potencialidades naturais desse imenso e desconhecido Brasil.

            Faço este registro, Sr. Presidente, no contexto de uma manifestação marcante havida nesses dias no meu Estado, em função do retorno à sua terra natal - Monte do Carmo, no Tocantins, do conhecido cantar nacional Rick, da dupla Rick e Renner, que já vendeu quase um milhão de discos.

            A visita do cantor se constituiu numa riquíssima manifestação da cultura regional, a começar pela celebração de missa na Igreja matriz de Monte do Carmo, Igreja que remonta há 259 anos de história, com as antigas imagens de São João Evangelista, Nossa Senhora das Dores, Cristo Crucificado e Nossa Senhora do Carmo, de tradicional devoção dos fiéis. Os atos foram gravados pela TV Anhanguera para um Vídeo Show especial da Rede Globo, a ser divulgado para o Brasil.

            Na ocasião houve apresentação de músicas e danças regionais, dentre as quais dos dançarinos da Academia de Danças de Porto Nacional, apresentação de congada, das taieiras e dos show dos tambores, com a participação do pai do cantor, o Senhor Vítor Antônio de Carvalho, sempre acompanhado de sua esposa Aldenora, da irmã e do filho do cantor, Dalva e Vítor de apenas 11 anos.

            Na ocasião se apresentaram ainda grupos regionais, como Sumo da Terra e a dupla Vando e Vandir, de Monte do Carmo.

            Após a missa, celebrada pelo Padre Alano, Vigário da tradicional paróquia, a Vereadora e Secretária da Cultura de Monte do Carmo, Nazareth Gomes, entregou ao cantor o registro em livro de sua trajetória, de um pobre garoto de Monte do Carmo, filho de pais humildes e membro daquela modesta comunidade, que conquistou o Brasil.

            Faço este registro, Sr. Presidente, agradecendo a todos aqueles que contribuíram para a divulgação desse evento da cultura tocantinense, a comunidade local, o Governo do Estado, a TV Anhanguera e a Rede Globo.

            Faço o registro, com o apelo ao Ministério da Cultura e aos meios de comunicação que, no contexto dos 500 anos, realce especial seja dado à descoberta desse novo Brasil, que o Brasil desconhece.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/02/2000 - Página 1674