O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Senador Antonio Carlos Magalhães, Srªs Senadoras, prezada Senadora Marina Silva, que acaba de expor a respeito da história de nossos vinte anos, prezados companheiros, Presidente de Honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e Presidente Nacional do PT, Deputado José Dirceu, quero iniciar este pronunciamento agradecendo ao Lula e a todos aqueles que, no final dos anos 70, estiveram dialogando com diversos intelectuais, inclusive naquela reunião mencionada há pouco pelo Senador Roberto Freire, em São Bernardo do Campo.

            Na segunda metade dos anos 70, as dificuldades dos trabalhadores na luta por melhores condições de vida e de salários, a força das instituições, daqueles que ora decretavam intervenção no sindicato, ora decretavam ordens à polícia para perseguir os trabalhadores e tantas outras limitações fizeram brotar nos trabalhadores metalúrgicos, trabalhadores dos mais diversos segmentos, uma consciência de que precisavam se organizar e lutar por seus direitos muito além daquilo que faziam na organização sindical. Daí surgiu a idéia de se formar o Partido dos Trabalhadores. Um Partido que teve, desde a sua fundação, o propósito de criar uma sociedade justa, igualitária; o propósito de construir o socialismo. E levando em consideração as experiências de outros povos, observou-se que se fazia necessária a construção do socialismo por meios democráticos. Mas a construção da democracia tinha que ser feita de forma radical. O Partido dos Trabalhadores, desde fevereiro de 1980, quando formado no Colégio Sion, resolveu lutar com toda a força para que tivéssemos, primeiramente, eleições livres e diretas em todos os Municípios, eleições diretas para Governadores, eleições diretas para a Presidência da República. Foi o Partido dos Trabalhadores que, juntamente com os companheiros do PMDB, do PDT e PSB e demais partidos que então faziam oposição ao regime militar, teve enorme dinamismo na organização da campanha pelas Diretas Já. Inclusive, era à época Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores o então Deputado Estadual José Dirceu, e ele foi um dos principais coordenadores da campanha por Diretas Já, que reuniu milhões de pessoas na Praça da Sé, no Anhangabaú, na Candelária e praticamente em todas as capitais do Brasil. Foi também no Partido dos Trabalhadores que nós pudemos participar das grandes batalhas pela ética na vida política.

            Aliás, um dos principais fatores que me levaram a participar da fundação do Partido dos Trabalhadores foi justamente o diálogo que tive com os trabalhadores no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Na época, em 1979, fui relatar ao Lula, ao Djalma Bom, ao Devanir Ribeiro, aos membros da direção do Sindicato de São Bernardo e Diadema, as coisas que eu havia presenciado quando Deputado Estadual na Assembléia Legislativa. E eles me disseram: “Olha, Eduardo, nós tivemos a disposição de ajudá-lo, de apoiá-lo, mas quando avaliamos que você deveria ser Deputado Estadual era justamente para que pudesse relatar ao povo as coisas que você havia testemunhado”. E estava eu, então, com a responsabilidade de dizer das coisas. O que vi ali transmiti depois a Ulysses Guimarães e a tantos outros companheiros do então MDB. Mas foi como que um caminho mais do que natural estar participando do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação.

            Hoje, com 115 Prefeitos - 400 se levarmos em conta as coligações -, mais de 2.000 Vereadores, 90 Deputados Estaduais, 60 Deputados Federais e sete Senadores, o Partido dos Trabalhadores continua a crescer.

            Tenho certeza, prezado Lula, de que você será um dia, conforme lhe disse, o Presidente do Brasil. Tenho a convicção também de que irei ajudá-lo nessa tarefa, nesse empreendimento. Já por três vezes o povo brasileiro esteve a ponto de elegê-lo.

            Há quatro meses, Lula nos convidou para um diálogo, os companheiros Tarso Genro, Cristovam Buarque, José Genoíno, Aloizio Mercadante, José Dirceu e, no dia seguinte, os Governadores do PT do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso do Sul e do Acre. Lula disse-nos então que estava por considerar se iria ou não ser candidato à Presidência da República nas próximas eleições e nos pediu que nos preparássemos para a possibilidade de eventualmente seguirmos um caminho.

            Eu gostaria de transmitir, Sr. Presidente, que diversos companheiros de muitos locais do Brasil têm enviado mensagens para que eu próprio esteja me dispondo, como o Lula e os demais que citei, a ser candidato à presidência da República.

            Ainda hoje, dos companheiros Carlito Maia, Bethy Mindlin, Mauro Leonel, Mônica Dallari Oliveira Lima e João Baptista Breda, recebi este comunicado no sentido de que, por ocasião dos 20 anos do Partido dos Trabalhadores, venha também me dispor a participar dessa batalha.

            Sr. Presidente, qualquer que seja a decisão tomada por Lula e pelos companheiros que citei, tenho a convicção de que o Partido dos Trabalhadores dará o exemplo de fraternidade e de convívio democrático na escolha daquele que será o candidato à Presidência no ano 2002. Queremos conclamar todos os partidos a realizarem as formas mais democráticas possíveis de escolha, sem qualquer abuso do poder econômico, para que possamos, de fato, aperfeiçoar as eleições, tanto as municipais do ano 2000, quanto as presidenciais de 2002.

            Saudações ao Partido dos Trabalhadores! Feliz, posso dizer, foi a minha decisão de ingressar nesse partido. Foi uma decisão de vida, dos últimos 20 anos e até o final de minha vida, porque sei que o Partido dos Trabalhadores vai muito além de nossas vidas. É algo que veio para ficar, para a construção da democracia e de uma nação justa em favor do povo brasileiro.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas. Muito bem!)