Discurso durante a 26ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ELEVAÇÃO DOS PREÇOS DOS MEDICAMENTOS.

Autor
Carlos Patrocínio (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: Carlos do Patrocinio Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE A ELEVAÇÃO DOS PREÇOS DOS MEDICAMENTOS.
Publicação
Publicação no DSF de 15/02/2000 - Página 2427
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • ANALISE, GRAVIDADE, PROBLEMA, ABUSO, AUMENTO, PREÇO, MEDICAMENTOS, PREJUIZO, SAUDE, POPULAÇÃO, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE, IDOSO, VITIMA, DOENÇA CRONICA, NECESSIDADE, REGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, ASSOCIAÇÕES, SUBSTANCIA.
  • DEFESA, NECESSIDADE, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, EXCESSO, PREÇO, MEDICAMENTOS, GARANTIA, DIREITOS, SAUDE, POPULAÇÃO.

O SR. CARLOS PATROCÍNIO (PFL - TO) - Sr. Presidente, Sr as e Srs. Senadores, o jornal O GLOBO publica, na primeira página de sua edição de 13 de janeiro de 2000, a seguinte matéria: " Reajuste de remédios chega a 21% este mês – Malan diz à CPI que não haverá tabelamento de preços – Um levantamento feito pelo Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal mostra que os remédios subiram, de dezembro para janeiro, entre 3% e 21%".  

O preço dos medicamentos é, certamente, um dos mais graves problemas enfrentados pelo povo brasileiro.  

O problema é mais grave para a população mais idosa, mais carente, mais pobre, que vive de pequenas pensões, que sofre de doenças crônicas e é obrigada a utilizar medicamentos de uso contínuo . Esses pacientes não podem sequer optar pelos chamados genéricos, que deveriam custar menos, já que eles estão sendo boicotados pelos laboratórios.  

Parece-nos oportuno acrescentar que a Lei estabelecendo o medicamento genérico objetiva a redução substancial do preço dos remédios, mantidas as suas qualidades e eficácias terapêuticas.  

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma), José Eduardo Bandeira de Mello, tem defendido a criação de uma cesta básica de medicamentos para atender pessoas carentes.  

Essa cesta básica poderia ser produzida com preços mais baixos e distribuída aos pacientes em ambulatórios, principalmente para crianças, aposentados, pessoas carentes, o que iria contribuir para reduzir o número de internações hospitalares e baixar os custos do sistema nacional de saúde.  

Muitas das doenças mais comuns, decorrentes, em sua maioria, de más condições alimentares e higiênicas, seriam tratadas preventivamente, em ambulatório, reduzindo custos e evitando o congestionamento do sistema de saúde pública.  

Os preços dos medicamentos estão inflados por itens que não deveriam fazer parte da planilha de custos da indústria farmacêutica: exagero nas despesas de propaganda, inclusive aquelas que estimulam a automedicação; despesas com promoção de eventos na área médica; elevados gastos com distribuição gratuita de amostras.  

Precisamos imediatamente encontrar solução para esse grave problema do preço proibitivo do remédio, que torna letra morta o direito constitucionalmente assegurado à saúde de todos os brasileiros.  

A economia brasileira hoje se encontra em plena recuperação, com inflação relativamente controlada, retorno de investimentos estrangeiros, maior confiança no País, dentre outros fatores econômicos, sociais e políticos que asseguram um clima de maior estabilidade de preços e crescimento sustentável.  

Os preços dos medicamentos têm crescido numa trajetória muito superior à inflação: não há explicação objetiva para esse grande descompasso  

Não podemos aceitar casos como o do medicamento Cisplatin, do laboratório Payam Neda, que aumentou 186,6%, no curto período de dezembro de 1999 para janeiro de 2000, conforme pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal.  

Outro absurdo apurado pelo Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal diz respeito ao reajuste médio, em 1999, dos 100 medicamentos mais comercializados no país, que foi de 28,8%, muito superior à inflação do período, medida por qualquer índice normalmente aceito.  

Não queremos tabelamento de preços de remédios nem tampouco criar embaraços ao livre desenvolvimento da atividade farmacêutica.  

Queremos garantir a todos os brasileiros o mínimo que se pode ter num país civilizado: alimentação, saúde e educação.  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/02/2000 - Página 2427