Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

ANUNCIO, PELO PRESIDENTE DA REPUBLICA, EM SOLENIDADE REALIZADA NO PALACIO DO PLANALTO, SOBRE O INICIO DE CONSTRUÇÃO DE USINAS TERMOELETRICAS NO PAIS, E PARTICULAMENTE NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • ANUNCIO, PELO PRESIDENTE DA REPUBLICA, EM SOLENIDADE REALIZADA NO PALACIO DO PLANALTO, SOBRE O INICIO DE CONSTRUÇÃO DE USINAS TERMOELETRICAS NO PAIS, E PARTICULAMENTE NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.
Aparteantes
Romero Jucá.
Publicação
Publicação no DSF de 29/02/2000 - Página 3684
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, SOLENIDADE, ANUNCIO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONSTRUÇÃO, USINA TERMOELETRICA, PAIS, COMENTARIO, IMPORTANCIA, APROVEITAMENTO, GAS NATURAL, ECONOMIA, CUSTO, FORNECIMENTO, ENERGIA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, INSTALAÇÃO, USINA TERMOELETRICA, REDUÇÃO, CONCENTRAÇÃO DE RENDA, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO, INTERIOR, PAIS.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB – MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srª s e Srs. Senadores, na semana passada houve uma solenidade no Palácio do Planalto. O Presidente da República, presidindo-a, anunciou à Nação brasileira a construção de algumas usinas termelétricas no País.  

Isso significa que o Brasil está transformando em realidade um sonho secular, que é – e sempre foi – o de fazer uma parceria com a Bolívia, a fim de aproveitar o gás como uma alternativa energética para o desenvolvimento. O gasoduto da Bolívia demorou para chegar, mas vai gerar uma economia de 30% no custo energético. Com esse argumento, podemos aquilatar o quão importante é esse projeto que envolve o gás da Bolívia, também chamado de "combustível verde", por ser não-poluente.  

Sr. Presidente, Sr as e Srs. Senadores, não venho aqui para falar das grandes vantagens do gás da Bolívia. Mais do que isso, venho saudar algo que penso que pode contribuir para a desconcentração de renda e para o desenvolvimento do interior do País, bandeira que venho defendendo desde que cheguei ao Senado da República.  

Mato Grosso do Sul – por isso falo – receberá três usinas termelétricas, uma em Corumbá e duas na cidade de Campo Grande. E há a possibilidade de se construir outra em Três Lagoas, meu torrão natal. Isso é muito importante para Mato Grosso do Sul, principalmente porque o Senhor Presidente da República garantiu, na solenidade, um preço diferenciado do gás da Bolívia pelo menos na cidade de Corumbá, portal de entrada do gás em território brasileiro. Para nós seria realmente muito difícil ver o gás, do lado da Bolívia, com um preço muito abaixo do vendido na "cidade branca" do meu Estado, Mato Grosso do Sul.  

O gasoduto passa por Corumbá, a "cidade branca" do Estado. Corumbá, conhecida como a capital do Pantanal, uma cidade isolada, unir-se-á, por meio de uma ponte a ser construída sobre o rio Paraguai, ao restante do País.  

Com a manutenção de um preço diferenciado pelo menos para a cidade de Corumbá, com a construção de sua termelétrica e da ponte sobre o rio Paraguai, não tenho dúvida, Sr. Presidente, Sr as e Srs. Senadores, do progresso e do desenvolvimento não só da capital do meu Estado, mas também de todo Mato Grosso do Sul.  

Nós, Senadores pelo Estado de Mato Grosso do Sul, que estamos lutando por essas medidas desde que chegamos ao Senado da República, esperamos que se realizem o mais brevemente possível. O prazo previsto para a construção das usinas é de quatro anos; que as primeiras – mais precisamente a termelétrica de Corumbá – sejam construídas no território sul-mato-grossense.  

Tenho notícias de que Corumbá já está vibrando com essa possibilidade agora quase concreta. Digo isso porque, apesar de não ter sido ainda iniciada a construção da usina, Corumbá, verdadeiramente, está saindo do isolamento em que se encontrava, pois em seu solo estão as maiores riquezas minerais deste País, jazidas de ferro, e um pólo siderúrgico necessita de uma usina termelétrica. Já há interessados na construção desse pólo siderúrgico anunciada pela Companhia Vale do Rio Doce. Tudo isso anima o povo de Corumbá já desencantado, desiludido, porque já foram anunciadas tantas obras nessa cidade e no Mato Grosso do Sul, mas nada aconteceu até hoje.  

Portanto, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, vi, naquela reunião no Palácio do Planalto, uma perspectiva boa, um raiar de esperança para que o desenvolvimento passe pelo interior. Há quanto tempo estamos reclamando por isso? Reclamando porque o desenvolvimento, os investimentos não podem acontecer só em determinadas regiões do nosso País; precisamos levar esses benefícios para o interior do Brasil, ocupar enormes espaços vazios que existem no território brasileiro.  

Hoje assisti ao Senador Fogaça, que representa tão bem o Rio Grande do Sul nesta Casa, discorrer por que o maior parque industrial do Brasil sempre foi garantido para o Estado de São Paulo. S. Exª. afirmou que qualquer indústria que viesse a ser instalada no Estado de São Paulo já possuía a garantia do Governo da União de que os produtos a serem fabricados por ela não mais poderiam ser importados. Há uma razão histórica que demonstra essa concentração de pólos industriais no nosso País, mas, agora, parece que podemos alterar o rumo dessa história, mudar o rumo desses acontecimentos, por meio da concretização desse sonho que – volto a repetir – é secular, prestes a se concretizar com a construção dessas termelétricas, com o efetivo aproveitamento do gás da Bolívia. Essas termelétricas, naturalmente, trarão indústrias, ajudarão São Paulo, Rio Grande do Sul, todo o Brasil e, sem dúvida alguma, ajudarão muito mais o Estado de Mato Grosso do Sul.  

O Sr. Romero Jucá (PSDB – RR) – Permite-me V. Exª um aparte?  

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB – MS) – Concedo o aparte ao Senador Romero Jucá.  

O Sr. Romero Jucá (PSDB – RR) – Caro Senador Ramez Tebet, V. Exª. trata do programa, lançado na semana passada, de construção de quarenta e duas usinas termelétricas no País. Gostaria de me associar ao discurso de V. Exª. e parabenizar o Presidente Fernando Henrique Cardoso, o Ministério das Minas e Energia, porque essas termelétricas não estão previstas só no Mato Grosso do Sul mas também em toda a Amazônia, nos Estados de Rondônia e do Amazonas, numa auspiciosa utilização do gás de Urucu, que vai mudar a matriz energética da Amazônia. Portanto, essa é uma ação extremamente importante. Há algumas semanas, o Presidente lançou, também, um programa energético essencial: o Programa Luz no Campo, que procurará levar eletrificação rural para as vicinais e para as regiões de produção mais distantes do País. Com essas duas vertentes: a distribuição de energia com o Luz no Campo e a construção de 42 usinas termelétricas, temos certeza de que o País dá um passo importante na supressão de energia, um insumo fundamental no desenvolvimento das regiões mais carentes. Parabenizo V. Exª. pela lembrança e o Governo pela ação importante ao atender principalmente o Norte e o Centro-Oeste do Brasil.  

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - RS) – Agradeço o aparte de V. Exª. Veja a grandeza desse empreendimento, quanto vale esse gás para o desenvolvimento do nosso País ao ajudar as populações mais pobres. Agora estamos falando em luz no campo. Já estamos no ano 2000, mas ainda estamos levando energia elétrica a regiões que ainda não dispõem desse recurso tão importante para o conforto e o trabalho dos cidadãos. Veja, Exª., quanto ainda temos que produzir no nosso interior para melhorar a qualidade de vida de nossa gente.  

Para dar uma idéia do acerto do aparte de V. Exª., lembro o quanto falta fazer para que todos tenham o que deveriam neste Brasil. Estive no distrito de Arapuá, pertencente à minha cidade natal, Três Lagoas, a quarta cidade do Estado de Mato Grosso do Sul, para inaugurar uma agência comunitária dos Correios. Nessa localidade não há telefone. Veja V. Exª. o quanto é sacrificada a população do interior de nosso País!  

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, é muito importante que comemoremos esses empreendimentos. Eles precisam acontecer o mais rapidamente em nosso País para tirar a nossa população da miséria, para melhorar as condições de vida, para fazer com que o progresso se irradie por todo o território nacional. Tenho recebido telefonemas, telegramas do povo de Corumbá, aquele povo tem muita esperança, mas há os que duvidam. Por isso, venho aqui para falar do meu Estado, venho para falar do meu Brasil, venho para falar de Corumbá, que precisa sair do isolamento, vim para falar desse fato auspicioso, fazendo uma torcida muito forte para que essas termelétricas sejam construídas o mais rápido possível, em benefício de todo o nosso Brasil.  

Era o que tinha a dizer.  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/02/2000 - Página 3684