Discurso durante a 10ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

REPUDIO AO PROTECIONISMO-COMERCIAL PRATICADO PELOS PAISES DESENVOLVIDOS.

Autor
Ernandes Amorim (PPB - Partido Progressista Brasileiro/RO)
Nome completo: Ernandes Santos Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • REPUDIO AO PROTECIONISMO-COMERCIAL PRATICADO PELOS PAISES DESENVOLVIDOS.
Publicação
Publicação no DSF de 03/03/2000 - Página 4091
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • DEFESA, POLITICA EXTERNA, BRASIL, OPOSIÇÃO, PROTECIONISMO, PAIS INDUSTRIALIZADO, ELOGIO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), RESPONSABILIDADE, ATRASO, PAIS SUBDESENVOLVIDO, EXCESSO, INTERFERENCIA, SOBERANIA.
  • CRITICA, PRIMEIRO MUNDO, EXCESSO, CONSUMO, RECURSOS NATURAIS.

O SR. ERNANDES AMORIM (PPB - RO) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, Há alguns dias, em discurso nessa Casa, apontei que o Brasil não pode continuar aceitando passivamente o protecionismo dos países desenvolvidos.  

Lembrei que somos o 5º mercado consumidor e a 8º economia global, e critiquei a atitude de nossa diplomacia, que parece não saber se representa nossos interesses no exterior, ou os interesses do exterior no Brasil.  

Hoje, quero voltar a esse assunto.  

Chamo novamente a atenção para que haja uma posição mais firme, mais consistente, mais agressiva. E nesse sentido quero trazer o exemplo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista a uma rádio do Uruguai, quarta feira.  

Diante de relatório do Governo dos Estados Unidos sobre o quadro social do Brasil, em que é citado a fome de parte significativa de nossa população, Sua Excelência questionou a responsabilidade dos mercados americanos e europeus para que não se abram as economias.  

Na oportunidade, o Presidente indagou a conseqüência de impedir que se venda aço ao mercado americano ou que exportemos o suco de laranja. Segundo destacou, essas questões lidam com "o emprego daqui" e com "a condição de vida" dos brasileiros.  

O Presidente Fernando Henrique chegou a indagar por que os países da América do Sul não fazem relatórios sobre o que ocorre nos Estados Unidos. Realmente, seria interessante saber o quanto os direitos humanos são respeitados, ou não, nessa questão de pena de morte; seria interessante saber o quanto as crianças americanas são respeitadas, na exposição aos filmes de sexo e violência; e, também, o quanto o mundo é prejudicado, pela voracidade do primeiro mundo em consumir os recursos naturais, impedindo que os demais povos tenham acesso a esses recursos. Nesse sentido, inclusive, quero alertar par a questão do Protocolo de Quito.  

Falo do seqüestro de carbono para evitar o aquecimento do planeta. O assunto começa a ser tratado no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia. Não podemos aceitar a idéia de virar o "absorvente" do mundo. O Brasil não pode ser transformado no depósito de lixo. Não podemos concordar com essa idéia de reflorestar nosso território, para seqüestro do carbono que o primeiro mundo emite, sem cobrar uma substancial redução do consumo dos recursos naturais por esses países.  

Não se trata de receber dólares para plantar árvores. Temos de deixar claro que não é essa nossa posição, nem é esse o nosso interesse. O que precisamos é ir mais além, e exigir a redução das desigualdades no consumo dos recursos naturais. Não há razão para que 20% da população do mundo consuma 80% dos recursos, ou os 4% que habitam os Estados Unidos consumirem 30% dos recursos naturais do planeta!  

Isso precisa ser pensado, cobrado, e colocado na mesa de negociação; caso contrário, vamos transformar nosso país em grandes "guetos" nas periferias urbanas, com programas de alimentação da pobreza, cercados de verde e florestas, para absorver o carbono que o primeiro mundo emite.  

Não vamos ser o bode expiatório. Impedir o aquecimento do planeta, e os desastres conseqüentes na inundação das grandes cidades da Europa e da costa dos Estados Unidos, e transformação em deserto de suas áreas de produção agrícola e impedir o nosso próprio desenvolvimento.  

Não! Temos de exercer nossa posição para permitir o reflorestamento, a absorção do carbono, mas mediante a redução das desigualdades mundiais no consumo de recursos naturais.  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/03/2000 - Página 4091