Pronunciamento de Mauro Miranda em 16/03/2000
Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ARTISTA PLASTICO CLEBER GOUVEA.
- Autor
- Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
- Nome completo: Mauro Miranda Soares
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ARTISTA PLASTICO CLEBER GOUVEA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/03/2000 - Página 4797
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM POSTUMA, CLEBER GOUVEA, ARTISTA, ARTES PLASTICAS, ESTADO DE GOIAS (GO).
O SR. MAURO MIRANDA
(PMDB - GO) – A alma cultural do meu Estado de Goiás está de luto. Morreu no último domingo o querido Cleber Gouvêa, um dos mais completos artistas plásticos do nosso mundo das artes. Aos 58 anos, ele deixou uma obra reconhecidamente rica, mas como homem, como amigo, como mestre das novas gerações formadas pela Universidade Federal de Goiás, Cleber Gouvêa foi presença marcante entre os seus contemporâneos. Por isso, esse artista admirável deixa um enorme vazio e uma grande saudade entre os que o conheceram e acompanharam o seu trabalho. Um trabalho em que a grande preocupação era a de apoiar, estimular e desenvolver as artes como instrumento de afirmação da natureza humana. Sem cultivar interesses pessoais, era assim que Cleber se realizava como ser humano.
Não posso deixar de inscrever o nome de Cleber Gouvêa nos Anais desta Casa, como uma justa homenagem pelos grandes serviços que ele prestou à causa da cultura em meu Estado. Se alguém pode reunir dentro de si os sentimentos mais nobres de uma natureza sensível, modelando um universo que nos causa a mais santa das invejas, nós tivemos no Cleber esse ideal de expressão de vida, esse ideal de identidade com a terra e a natureza, esse ideal de comunhão com as coisas mais puras da criação. Não estou exagerando, Sr. as e Srs. Senadores. Cleber foi um homem de recolhimento espiritual, um homem telúrico que fugia às badalações, um homem de convivência permanente com a natureza e com a arte que ele valorizou, na pequena propriedade que mantinha nas cercanias de Goiânia.
Amigo e vizinho de Siron Franco, Cleber Gouvêa mantinha com esse outro grande vulto de nossas artes um relacionamento estreito de troca de idéias e de experiências em que ambos ganhavam. O estilo despojado de viver refletia a intensidade da vida interior, a liberdade plena que induz à criação, e essa vocação ele a descobrira já aos nove anos, na casa humilde do filho de sapateiro e na vida pacata de Uberlândia, a terra natal que deixou para viver em Goiânia. Também nas artes ele passou por vários caminhos para atingir o reconhecimento e a consagração da crítica, como um artista completo. Recebeu na juventude a influência de Cézanne e do movimento cubista, passou pelo paisagismo, mas atingiu o apogeu afirmando um estilo próprio, pessoal, amplamente reconhecido como um universo singular e único de criação.
A Cleber Gouvêa, ao amigo, ao grande artista e à grande alma que conheci, as minhas homenagens. Ele fará muita falta a um mundo que ficou mais pobre com a sua ausência.
Era o que tinha a registrar, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
Q §