Pronunciamento de Roberto Requião em 22/03/2000
Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
RESULTADO DO TRABALHO DA CPI DO NARCOTRAFICO NO ESTADO DO PARANA.
- Autor
- Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
- Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), DROGA.
ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.:
- RESULTADO DO TRABALHO DA CPI DO NARCOTRAFICO NO ESTADO DO PARANA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 23/03/2000 - Página 5154
- Assunto
- Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), DROGA. ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.
- Indexação
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- COMENTARIO, RESULTADO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), TRAFICO, DROGA, ESTADO DO PARANA (PR), DENUNCIA, PARTICIPAÇÃO, CANDIDO MANOEL MARTINS DE OLIVEIRA, SECRETARIO, SECRETARIA DE SEGURANÇA PUBLICA.
- CRITICA, ADMINISTRAÇÃO, JAIME LERNER, GOVERNADOR, ESTADO DO PARANA (PR), AUSENCIA, APURAÇÃO, DENUNCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), COMPROMETIMENTO, TRAFICO, DROGA.
- DEFESA, NECESSIDADE, MINISTERIO PUBLICO, APURAÇÃO, DENUNCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), UTILIZAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PARANA (PR), DINHEIRO, TRAFICO, DROGA, CAMPANHA ELEITORAL.
O SR. ROBERTO REQUIÃO
(PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável.) – Sr. Presidente, farei uma breve e inadiável comunicação sobre o meu Paraná.
A CPI do Narcotráfico chegou ao nosso Estado, e a Casa caiu. O Diretor-Geral da Secretaria de Segurança, o Chefe de Polícia, fugiu da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal e teve sua prisão preventiva decretada. Com ele, mais 14 figuras. E, no olho desse furacão, o Governador Jaime Lerner viajou para os Estados Unidos, onde ficou por dez dias.
O escândalo toma proporções inacreditáveis, as denúncias se sucedem e se percebe, com toda clareza, que as quadrilhas de narcotraficantes haviam sido extintas no Paraná e substituídas pela organização policial. O crime, a distribuição de drogas, o desmanche de automóveis estava estatizado.
O Secretário de Segurança é denunciado de todas as maneiras, e a responsabilidade fica clara, por ação ou por omissão.
Ontem, no entanto, o desastre do Governo se completou: o Dr. Cândido Manoel Martins de Oliveira foi demitido da Secretaria de Segurança, diante do peso das acusações.
O Governador melífluo, frouxo, pouco afirmativo, covardemente arranja um pretexto, dizendo que o Dr. Cândido sairia da Secretaria para, futuramente, ocupar um cargo importante no Governo do Estado.
No entanto, tenho repetido, nesta Tribuna, fora dela, nas rádios do Paraná, que o Governo do Estado não pretende e não pode apurar em profundidade as denúncias auridas e surgidas da CPI do Narcotráfico. E não pode por quê? Porque o Governo do Estado está, até o pescoço, imerso no pó branco da cocaína.
Na última campanha eleitoral, o Governador percorreu o Paraná num avião à jato e num helicóptero pertencente ao Sr. Issan, morador de Araucária, principal coordenador da distribuição de drogas no Estado.
O Governador monta uma comissão de alto nível. Ora, o Brasil conhece as comissões de alto nível: um Secretário de Estado que não é funcionário público e outro Secretário de Estado subordinados ao Governo; um terceiro Secretário de Estado, um Deputado que faz as vezes de laranja e um irresponsável membro do Ministério Público. Afinal de contas, o Ministério Público não precisa participar de comissões frias, onde é representado minoritariamente. A obrigação do Ministério Público é agir da forma mais clara e radical possível.
Um Procurador da República, o Procurador Celso Antônio Três, em cima das minhas observações, faz um comentário: "É praticamente impossível que essas comissões cheguem a algum lugar, porque o Governo do Estado está comprometido até a raiz no problema do narcotráfico." Daí agem as forças jurídicas do Governador e resolvem interpelar o procurador e processá-lo pelas afirmações. As afirmações não são do Procurador, são minhas; O Governo do Estado está envolvido no narcotráfico até o pescoço. Eu, por exemplo, conhecendo o Jaime Lerner há muito tempo, não consigo acreditar que ele seja um narcotraficante, que ele seja responsável direto pela proteção das quadrilhas, mas pelo fato de conhecê-lo há tanto tempo, o que me dá autoridade para não crê-lo um narcotraficante, tenho também autoridade para dizer que ele é promíscuo, que ele é um frouxo, que ele é um leniente e que ele permitiu que isso tudo ocorresse nas suas barbas, a tal ponto que fez a sua campanha com o dinheiro do narcotráfico e nos aviões do narcotraficante Issan e no seu helicóptero. Agora, pretendem incriminar, dificultar e amordaçar o procurador da República.
Jaime Lerner, a afirmação não é do procurador, é minha e me proponho a debater com V. Exª em qualquer lugar, em qualquer rádio, em qualquer televisão os crimes e a omissão do seu governo. Mas não imagine que um processo safado vai atemorizar o Ministério Público. O Ministério Público não tem nada com isso, tem sim a obrigação de investigar as denúncias da CPI e as minhas denúncias. E a denúncia é clara: o narcotráfico pagou a campanha do Governador e ele viajou em helicóptero e avião a jato pertencente ao chefe da quadrilha dos narcotraficantes.
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