Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

COBRANÇA DA RESPONSABILIDADE DO PMDB NO PROCESSO DE DECISÃO DO AUMENTO DO SALARIO MINIMO E DO TETO DOS TRES PODERES. (COMO LIDER)

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL.:
  • COBRANÇA DA RESPONSABILIDADE DO PMDB NO PROCESSO DE DECISÃO DO AUMENTO DO SALARIO MINIMO E DO TETO DOS TRES PODERES. (COMO LIDER)
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2000 - Página 5580
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • EXPECTATIVA, MOBILIZAÇÃO, SOCIEDADE, REIVINDICAÇÃO, MELHORIA, SALARIO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), APOIO, GOVERNO FEDERAL, CONTRADIÇÃO, APROVAÇÃO, INFERIORIDADE, REAJUSTE, SALARIO MINIMO, SUPERIORIDADE, VALOR, LIMITAÇÃO, SALARIO, PODERES CONSTITUCIONAIS, SUJEIÇÃO, INDICAÇÃO, DIRETOR, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), DESRESPEITO, ACUSAÇÃO, SENADO.
  • PROPOSTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), REDUÇÃO, DIFERENÇA, SALARIO, GRADUAÇÃO, CONCESSÃO, AUMENTO, ESPECIFICAÇÃO, FUNCIONARIO PUBLICO.

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB – PA. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sr as e Sr s Senadores, creio que todo esse processo de discussão efetivamente trará conseqüências e fará com que a sociedade brasileira tome mais consciência das suas dificuldades e saiba agir melhor e de forma mais organizada para aumentar efetivamente seu salário.  

Compreendo as alegações do Governo no sentido de limitar o salário mínimo. E entendo até a atitude do PMDB de vir à tribuna, por meio do seu Líder e Presidente, dizer que, como base do Governo, tem que dar sustentação àquilo que o Governo deseja, a não ser que o Ministro do PFL diga o contrário. Ora, se é assim, quero que todos tenhamos a responsabilidade de compreender a injustiça que está prestes a ocorrer. Porque a questão do salário mínimo levou também à questão da discussão do teto salarial.  

E, na hora de discutir o teto salarial, o Presidente Fernando Henrique Cardoso não hesitou, juntamente com os dirigentes do Congresso Nacional e com o Presidente do Supremo Tribunal Federal, em aceitar um teto de R$11,5 mil, mais R$11,5 mil de aposentadoria e R$1,92 mil para Ministros do Supremo Tribunal Federal que façam parte do Tribunal Superior Eleitoral. Teremos, então, um teto de R$25 mil.  

Onde está a responsabilidade do PMDB nesse processo no momento de estabelecer esses aumentos? Quero que digam ao povo brasileiro se é justo dar 11% de aumento para o salário mínimo e 63% de aumento ao Poder Judiciário. É justo dar 46% de aumento aos integrantes do Poder Legislativo, fora o teto dúplex da aposentadoria e dos Ministros do Supremo Tribunal Federal que vão para o Tribunal Superior Eleitoral? Quero saber que justiça é essa. O que deve o PMDB fazer para aceitar que os que ganham mais tenham um aumento menor que os que ganham menos? Onde está o sentimento de justiça?  

Ontem, no Senado Federal, aprovou-se o nome de uma senhora que havia sido condenada por esta Casa. Como o Presidente da República mandou, a maioria dos membros do Senado obedeceu às suas ordens, principalmente o PMDB, como base de sustentação, numa demonstração de lealdade. Trata-se de lealdade sem mão dupla, que parte apenas de quem é liderado, mas não de quem é líder.  

É preciso dizer ao Presidente Fernando Henrique Cardoso que, se quer ser justo e conceder um aumento de 11% ao trabalhador, passando o salário mínimo de R$136 para R$151, deveria ter sido forte o suficiente para enfrentar a greve dos juízes, quando exigiram dele o aumento do teto. Mas o tribunal, de repente, encontrou um auxílio-moradia. Também que o Congresso Nacional seja responsável o suficiente para não conceder aumento a ninguém enquanto não conceder um aumento maior para aqueles que ganham menos.  

Seria bom que essas lideranças tão importantes que vêm à tribuna pudessem explicar para o povo brasileiro por que um congressista americano – Senador ou Deputado Federal –, no país mais capitalista do mundo, ganha US$6 mil por mês e por que o salário mínimo naquele País é de US$1,2 mil. Por que, nos Estados Unidos, a diferença entre o salário de um congressista e o salário mínimo é apenas de cinco vezes, enquanto no Brasil continua sendo de 87 vezes? E vamos aumentar essa diferença, porque, com o aumento do teto, nossos salários terão um aumento de 46% e o salário mínimo subirá 11%. Que se explique isso ao povo brasileiro.  

De qualquer forma, essa discussão deve levar-nos a algum caminho, à solução e à melhoria da qualidade de vida do trabalhador brasileiro. O meu Partido propõe, o Partido Socialista Brasileiro, que haja um aumento escalonado principalmente ao funcionalismo público. Os que ganham mais devem ter um aumento efetivamente menor; e os que ganham menos devem ter efetivamente um aumento maior. Isso é justiça.  

Se o Presidente Fernando Henrique mandar ao Congresso Nacional uma proposta de aumento para todo o funcionalismo público, estabelecendo que os que ganham menos tenham um aumento maior que os que ganham mais, o Partido Socialista Brasileiro estará de acordo com essa proposta. Pretendemos diminuir a injustiça social existente neste País. Pretendemos achatar essa inaceitável diferença salarial que existe na Pátria brasileira. Por isso, sem demagogia, sem conversa fiada, estamos apresentando uma solução concreta.  

Não é justo que os dois Partidos, que são a maior base de sustentação do Governo, inclusive o PSDB, aceitem um aumento de 46% para o Legislativo, de 69% para o Judiciário e um aumento de apenas 11% para o salário mínimo, sem sequer discutirem o aumento do funcionário público de uma maneira geral.  

A Srª Marina Silva (Bloco/PT - AC) – Permite-me V. Exª um aparte, Senador Ademir Andrade?  

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB - PA) – Lamentavelmente, Senadora Marina Silva, o Regimento não me permite conceder aparte.  

Sr. Presidente, a proposta do PSB é essa, e V. Exª, como um homem que tem colocado essas questões à baila nos últimos tempos, deve tratar dela com a devida seriedade, pensando no que estamos propondo. Sei, inclusive, que V. Exª condicionou o aumento do teto ao aumento do salário mínimo, o que é elogiável e que está permitindo à sociedade brasileira a discussão desse absurdo que existe no País. Espero que, com essa discussão, encontremos uma solução.  

E a solução é dar aumento maior a quem ganha menos e aumento menor a quem efetivamente ganha mais, achatando essa diferença salarial inaceitável em nosso País.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2000 - Página 5580