Fala da Presidência durante a 23ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

COMEMORAÇÃO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO SOCIOLOGO GILBERTO FREYRE.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • COMEMORAÇÃO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO SOCIOLOGO GILBERTO FREYRE.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2000 - Página 5453
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, PRONUNCIAMENTO, SENADOR, HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, GILBERTO FREYRE, SOCIOLOGO, ESCRITOR, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, VALORIZAÇÃO, CULTURA, DEMOCRACIA, PAIS, ANALISE, HISTORIA, FORMAÇÃO, SOCIEDADE, BRASIL.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) – Sr. Vice-Presidente, Marco Maciel; Dr. Fernando Freyre; Sr. Procurador-Geral da República, Geraldo Brindeiro; meu Colega, Lúdio Coelho; Srªs e Srs. Senadores, personalidades de todo País e, em particular, de Pernambuco, presentes a esta solenidade. Os oradores que ouvimos nesta tarde deram eloqüente testemunho do orgulho com que o Senado Federal dedicou esta sessão solene à memória de um dos grandes brasileiros do século XX, cujo centenário de nascimento transcorreu há pouco mais de uma semana.  

Aqui, foi rememorado um pouco do muito que nos legou a inteligência privilegiada de Gilberto Freyre. Relembramos parte de sua obra pioneira no campo das ciências sociais. E, mais do que tudo, recordamos algo da trajetória original desse pernambucano eminente, que nos deixou. Paradoxal exemplo de homem de cultura, cuja obra aprofundou aspectos regionalistas e que por tais caminhos veio a conquistar a universalidade.  

Foi sua uma das mais significativas contribuições para formar o vasto corpo de dados, fatos, estudos, ensaios e teorias que constituem, em conjunto, a cultura nacional, o que, com muita propriedade e felicidade, se batizou de "brasiliana".  

A originalidade de sua obra renovou os estudos sociais brasileiros, quer pela temática, fazendo o que o historiador inglês Peter Burke chamava de uma "história de intimidade", quer pelo uso de fontes documentais não ortodoxas na sua época, como o estudo da alimentação, da vestimenta, da moradia, da mobília, etc.  

Esse pioneirismo reconhecido na obra de Gilberto Freyre é ainda realçado pelo papel fundamental que desempenha, para o conhecimento do Brasil, de seu livro tão cantado e respeitado, Casa Grande & Senzala , que, publicado em 1933, ainda hoje é procurado por todos que desejam conhecer realmente um livro que marcou época no Brasil.  

Ninguém deixaria de incluir essa obra ao lado, talvez, de Raízes do Brasil , de Sérgio Buarque de Holanda (1936) e Formação do Brasil Contemporâneo , de Caio Prado Júnior (1942), como referência básica para qualquer tentativa de compreensão da complexa realidade brasileira. Aliás, não foi por outro motivo que um crítico como Antônio Cândido, em comparação muito apropriada, chamou esses três autores de "demiurgos do Brasil".  

Para não me alongar, gostaria de terminar estabelecendo um paralelo que me parece interessante, pela significativa coincidência que encerra. Neste ano de 2000, em que comemoramos o histórico aniversário do nosso País e, em assim fazendo, celebramos feitos gloriosos de seus desbravadores, é plenamente justificável que homenageemos também, dentro de tal conjunto, a figura de Gilberto Freyre que, com todo o direito, pode figurar nessa maravilhosa galeria dos descobridores do Brasil.  

Nós que aqui estamos reverenciando o Dr. Fernando Freyre, a memória de Gilberto Freyre, agradecemos o quanto ele fez pela cultura e pela ciência no Brasil, dizendo que os senhores de Pernambuco aqui presentes podem orgulhar-se, mais do que todos, desse grande pernambucano, que foi também um dos maiores brasileiros.  

Agradecendo, portanto, a presença do Vice-Presidente, Marco Maciel, em particular um estudioso de Gilberto Freyre; do seu filho, que representa aqui a sua família; e de todas as autoridades.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2000 - Página 5453