Discurso durante a 25ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

IMPORTANCIA DO SETOR DE HORTIFRUTIGRANJEIROS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • IMPORTANCIA DO SETOR DE HORTIFRUTIGRANJEIROS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA.
Publicação
Publicação no DSF de 31/03/2000 - Página 5721
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, COMERCIALIZAÇÃO, PRODUÇÃO HORTIFRUTIGRANJEIRA, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, POSSIBILIDADE, CONTRIBUIÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS.
  • ELOGIO, INICIATIVA, MINISTERIO, INTEGRAÇÃO, CONCESSÃO, SUBSIDIOS, DESTINAÇÃO, PRODUTOR RURAL, OBJETIVO, ORIENTAÇÃO, MELHORIA, DESENVOLVIMENTO, SETOR, PRODUÇÃO HORTIFRUTIGRANJEIRA, PAIS.

O SR. ROMERO JUCÁ (PSDB - RR) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero tecer algumas considerações sobre a importância, para a economia brasileira e para a criação de empregos, da produção e comercialização dos produtos hortifrutigrangeiros. O consumo e os métodos de comercialização dos hortifrutícolas – frutas, legumes, verduras – vêm evoluindo muito rapidamente nos anos recentes. Os produtores precisam tomar conhecimento dessa evolução e adquirir a indispensável agilidade comercial para se beneficiar do crescimento do consumo. Também os governos de regiões e estados com grande potencial de produção devem estar atentos a essa nova fonte de riqueza. Trata-se, geralmente, nesse assunto, de agricultura irrigada; e trata-se, muitas vezes, da potencialidade de regiões pobres, como o Nordeste, mas não só o Nordeste.  

O Ministério da Integração Nacional, a cuja frente está o Ministro Fernando Bezerra, acaba de dar uma excelente contribuição à agricultura dos hortifrutícolas. O Ministério promoveu uma pesquisa no Estado de São Paulo – capital e interior –, com o propósito de determinar o perfil do consumo de frutas e de hortaliças, conforme comercializado pelo setor de supermercados. O Estado de São Paulo é o principal comprador de hortifrutigrangeiros e os supermercados são o principal canal de comercialização desses produtos.  

A pesquisa, pioneira em sua modalidade, levantou fatos muito detalhados e instrutivos sobre o assunto, de alto interesse para a modernização e o crescimento de nossa agricultura, nesse setor específico. Em seus dados essenciais, a pesquisa está publicada na revista Frutifatos, número de dezembro de 1999, da Secretaria de Infra-estrutura Hídrica, do Ministério da Integração Nacional. A revista é especializada em fruticultura irrigada.  

Ao possibilitar que o produtor entenda melhor o comportamento dos supermercados e de sua clientela, o Ministério da Integração Nacional está oferecendo ao setor de produção de frutas e hortaliças preciosos subsídios. Com esses dados, os produtores podem mudar sua postura frente aos desejos do mercado, passar a atender o exato perfil de demanda e estabelecer parcerias duradouras e lucrativas com as redes de comercialização.  

Essa iniciativa do governo procura, muito inteligentemente, aproximar a plantação da gôndola do supermercado. Aponta para um caminho de modernização, em que a agricultura de "hortifrutis" possa se transformar quase que numa "indústria", que produza sob encomenda, orientada para o objetivo de seduzir e encantar o consumidor final.  

Nos grandes centros consumidores, mas não só neles, está havendo maior consciência sobre o papel das frutas, legumes e verduras na promoção da saúde e de uma melhor qualidade de vida. Isso está levando a um forte crescimento do consumo, impulsionado também pelo aumento da renda dos brasileiros, nos últimos anos, graças à estabilização da moeda.  

Concomitantemente ao crescimento físico do consumo, foram se alterando as preferências do consumidor. Hoje, ele quer maior diversidade, maior qualidade, produtos pré-embalados e, mesmo, pré-processados. Essa mudança de comportamento no consumo sinaliza a necessidade de transformações no lado da oferta, ou seja, no processo que vai da produção à pós-colheita e segue pela comercialização no atacado, até chegar ao pequeno comércio e às gôndolas das pequenas, médias e grandes redes de supermercados.  

Em toda essa trajetória, é preciso atentar para os desejos do consumidor, principalmente o consumidor feminino. A maior participação da mulher no mercado de trabalho significa redução do tempo para as compras e para a preparação dos alimentos. Daí a importância dos pré-embalados e dos pré-processados.  

Essas mudanças estão sendo muito bem captadas pelo setor supermercadista, que é responsável por cerca de 85% do abastecimento nacional de gêneros alimentícios e de produtos de higiene e limpeza. Os supermercados faturaram, em 1998, 55,5 bilhões de reais, cerca de 6,1% do PIB brasileiro. Como os hortifrutigrangeiros representam 10% do faturamento do conjunto de supermercados, temos aí que o setor de hortifrutícolas, na fase de comercialização final, apresenta um faturamento total de algo como 6 bilhões de reais.  

Resta aos produtores de frutas e de hortaliças seguirem os supermercados no caminho da compreensão das tendências do consumidor e, como eles, adequar-se ao mercado. Para isso, é utilíssima a pesquisa publicada pela revista Frutifatos. Foram investigados, em 18 cidades paulistas, os hábitos e estatísticas de consumo de hortifrutigrangeiros no que se refere a parâmetros tais como: caracterização dos consumidores por renda, escolaridade, etc; sua freqüência de visita aos supermercados; seu conhecimento das variedades e apresentações oferecidas; suas formas e preferências de aquisição.  

Além do enfoque no consumidor, a pesquisa também examinou o perfil e os métodos de trabalho dos supermercados em sua articulação comercial com os produtores, volumes de produtos vendidos, perdas e demais aspectos relevantes da comercialização. O que é mais importante ainda: os resultados da pesquisa foram estudados e interpretados sob a ótica do produtor de hortaliças e de frutas, com a finalidade de orientá-lo.  

Uma contribuição adicional da revista Frutifatos ao produtor hortifrutícola é uma relação detalhada de conselhos úteis para a negociação com os supermercados, tais como: negociação com larga antecipação em relação ao início da safra; produção em escala adequada; opção correta pelas variedades a produzir; definição conjunta dos padrões de qualidade e de embalagem; fixação antecipada de um cronograma de entregas, detalhando preços, quantidades e prazos de pagamento; constância nas entregas e na manutenção dos padrões negociados; atenção ao fator transporte; manutenção dos preços acordados, mesmo diante de oscilações das cotações; associação com outros produtores; e obediência rigorosa aos prazos de carência dos agrotóxicos aplicados.  

Senhor Presidente, é imenso o potencial econômico e social desse setor. É sabido que o Chile é um campeão de exportação de frutas, auferindo com isso divisas numa escala várias vezes superior ao que o Brasil consegue obter. E isso, apesar do PIB do Chile ser muito inferior ao nosso. A conquista de mercados externos, se quisermos chegar a ela, deve passar, antes, pelo domínio de nosso mercado interno, em forte expansão. Se quisermos conquistar as inúmeras vantagens que pode trazer ao País um setor modernizado de produção hortifrutícola, animando a vida econômica de regiões hoje anêmicas, devemos atentar para as potencialidades apontadas pela excelente pesquisa promovida, em boa hora, pelo Ministério de Integração Nacional.  

Muito obrigado!  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/03/2000 - Página 5721