Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO MILITAR PARA A FORMAÇÃO DO CARATER DO JOVEM BRASILEIRO.

Autor
Ernandes Amorim (PPB - Partido Progressista Brasileiro/RO)
Nome completo: Ernandes Santos Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FORÇAS ARMADAS. MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO MILITAR PARA A FORMAÇÃO DO CARATER DO JOVEM BRASILEIRO.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2000 - Página 6521
Assunto
Outros > FORÇAS ARMADAS. MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, RECEBIMENTO, HOMENAGEM, BATALHÃO, MUNICIPIO, SALVADOR (BA), ESTADO DA BAHIA (BA), LOCAL, CUMPRIMENTO, SERVIÇO MILITAR, ORADOR, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, FORÇAS ARMADAS, FORMAÇÃO, CIDADÃO.
  • DEFESA, DOTAÇÃO, RECURSOS, FORÇAS ARMADAS, CONTINUAÇÃO, AMPLIAÇÃO, FORMAÇÃO, JUVENTUDE, APROVEITAMENTO, INFRAESTRUTURA, QUARTEL, ORGANIZAÇÃO MILITAR (OM), RECURSOS HUMANOS, OFICIAIS.
  • SOLICITAÇÃO, COLABORAÇÃO, OFICIAIS, INSTITUIÇÃO MILITAR, SUGESTÃO, PROJETO DE LEI, APRESENTAÇÃO, ORADOR, OBJETIVO, AMPLIAÇÃO, ATUAÇÃO, EXERCITO, MARINHA, AERONAUTICA, AREA, ENSINO MILITAR.
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, ENCONTRO, ESTADO DA BAHIA (BA), SINDICALISTA, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, PORTUGAL.
  • EXPECTATIVA, APROVAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, CRIAÇÃO, CONSELHO, TECNICO INDUSTRIAL.

O SR. ERNANDES AMORIM (PPB – RO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, serei breve, até em função dos tantos debates havidos nesta Casa hoje. Quando aqui cheguei, trouxeram a fotocópia de um recorte de jornal. O PSDB, em peso, entrou com a denúncia contra mim e tive que "pagar o mico" para justificar o que nem tinha para justificar. E na tarde de hoje presenciei tantas denúncias nesta Casa. Era o momento de o Líder do PMDB, Senador Sérgio Machado, vir à tribuna se desculpar pelo que fez naquela época em relação à minha pessoa. Mas desejo falar de lembranças, de passado, do caminho da minha vida.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para registrar a atenção do General de Divisão Roberto Jugurtha Câmara Senna, Comandante da 6ª Região Militar, que através do Coronel Luiz Celso, Comandante do 19º Batalhão de Caçadores, proporcionou-me emocionante recepção nas dependências do Batalhão Pirajá, em Salvador.  

Servi o Exército naquela Unidade. Lá, fui graduado cabo. E de lá trago minha formação patriótica e de civilidade.  

O encontro com o 19º Batalhão de Caçadores foi decisivo em minha vida. E, agora, quando retornei em visita e fui homenageado, fiz uma retrospectiva de minha trajetória e vejo que a oportunidade de prestar o serviço militar deve ser oferecida a todos os jovens deste Brasil.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sou filho de lavrador, o Sr. Francisco Amorim, e no início da adolescência fui levado a Salvador para trabalhar em serviços domésticos na Casa do Sr. Elieser Coelho Lima, então patrão de meu pai e ex-sogro do atual Governador da Bahia, César Borges.  

Ali, naquela residência, tive a oportunidade de conhecer mais, de imaginar novas possibilidades de vida, e comecei a ser alfabetizado. Então, quando um pouco mais crescido fui mandado de volta à fazenda, a alternativa que encontrei para ampliar meus horizontes foi me apresentar voluntário para servir o Exército.  

No Exército, continuei a minha escolarização e aprendi os princípios do profissionalismo e amor à Pátria, com moral e dignidade.  

Fui graduado cabo e, quando deixei o Batalhão Pirajá, passei à Faculdade de Educação Física da Universidade Católica da Bahia. Dali, inspirado pelos ideais de patriotismo, atendi ao chamamento da integração da Amazônia e migrei para Rondônia, há 26 anos, onde fiz minha vida pessoal. Lá, dirigido pelos princípios da democracia e do respeito ao povo brasileiro, que aprendi na caserna, também dediquei-me à vida pública. Fui Deputado Estadual, Prefeito, e hoje sou Senador da República.  

Então, Sr. Presidente, em tudo isso reconheço a importância da formação recebida no Exército Brasileiro.  

E agora, nessa visita que fiz, nessa homenagem que recebi, encontrei meu Batalhão. Dinâmico, pujante e vigoroso, em que pese já ter 81 anos de vida. E vi o excelente trabalho realizado sob o comando do Coronel Luiz Celso, com seus oficiais e graduados, junto aos jovens soldados que ali estão, que ali encontram um local adequado para a formação do caráter e profissionalização.  

Sem dúvida, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica continuam escolas de civismo, formando cidadãos para servir nossa sociedade. Nessas casas, além da possibilidade de iniciação profissional, também está a possibilidade da formação moral, da disciplina, do treinamento no cumprimento do dever, o aprendizado da responsabilidade. Sem a consciência do dever, sem a responsabilidade, não somos nada. E no serviço militar a pessoa aprende o dever, aprende a responsabilidade.  

Então, quero chamar a atenção para a necessidade de dotar nossas Forças Armadas das condições necessárias à continuidade e expansão desse trabalho de formação dos jovens.  

Existe toda uma infra-estrutura de quartéis e unidades militares, em todo o Brasil, e disponibilidade de oficiais e graduados. Pessoas preparadas para a instrução, além das instalações esportivas e outros equipamentos necessários.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sabemos das dificuldades orçamentárias. Acreditamos que o serviço militar obrigatório possa ser reduzido para seis meses com o intuito de atender mais jovens, mais pessoas. Também sabemos que há necessidade de prestarmos maior atenção no orçamento votado nesta Casa para as Forças Armadas, de modo que sejam disponibilizados recursos para a incorporação no serviço militar.  

Talvez seja a hora de repensarmos o papel que desempenha o Exército na formação de nossos jovens. É uma grande oportunidade. Estaremos fazendo um trabalho de prevenção com nossas Forças Armadas por meio da educação moral e da preparação profissional de nossa população. Não precisamos destacar o Exército para combater o narcotráfico, a criminalidade. Sua função precípua é a de promover o trabalho que mencionamos. Quantas pessoas enveredaram pelo caminho da marginalidade por que não tiveram essa oportunidade?  

Então, nesse sentido, para pensar em alternativas, em novos modelos, quero convidar os oficiais da ativa e da reserva de todas as armas, os clubes de oficiais e as instituições militares, para apresentarem sugestões que venham a ser incorporadas em um projeto de lei sobre esse assunto, que devo apresentar nesta Casa dentro em breve. Acredito que o Senado haverá de recebê-lo, de examiná-lo com seriedade e atenção. Meu gabinete está às ordens para receber sugestões.  

Precisamos pensar em projetos para otimizar o serviço que pode ser prestado pelo Exército, a Marinha e a Aeronáutica na formação dos jovens deste País; as Forças Armadas possuem estrutura disponível e, de outro lado, temos a necessidade de formação.  

Finalmente, também quero registrar que na Bahia, onde fui homenageado no Batalhão Pirajá, orgulhoso de ver um ex-soldado, hoje, no Senado da República, também participei do 1º Encontro Luso-Brasileiro de Sindicalistas. O evento foi promovido pela Confederação Nacional dos Profissionais Liberais, pela Federação Nacional dos Técnicos Industriais e pelo Sindicato da Energia de Portugal.  

Nesse evento, participei de diversos debates ao lado do Engenheiro Ribeiro da Silva, do Sinergia, de Portugal, e de Wilson Wanderlei Vieira, da Fentec, do Brasil. E através dessas pessoas quero cumprimentar todos os participantes. A esse evento, fui convidado como autor do projeto da criação do Conselho dos Técnicos Industriais, que se encontra na Câmara dos Deputados, com o nobre Deputado Paulo Rocha, do PT, seu Relator naquela Casa. Então, quero externar nossa expectativa de que S. Exª dê seu voto favorável para a aprovação desse projeto.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto à tribuna para discutir a questão das Forças Armadas, pela experiência que tive no Exército e também pelo número de jovens que estão hoje fora das escolas, sem emprego, marginalizando-se pelas ruas. Às vezes, a má-criação vem das suas residências, pois antigamente tínhamos uma formação diferente: os nossos pais exigiam uma disciplina forte, diferente da abertura que houve nessa nova linha democrática, na criação dos filhos, que hoje estão à mercê da sorte e terminam na marginalidade pela falta de uma boa formação em casa.  

Quando digo que as Forças Armadas poderiam ajudar bastante é pela experiência que tenho. Imagine V. Exª, Senador Roberto Saturnino, que é do Rio de Janeiro, onde há tantos jovens nas favelas que poderiam ser aproveitados em quartéis que possuem profissionais disponíveis; no quartel eles teriam a alimentação, que seria bem empregada e necessária a esses jovens, e um fardamento. Até porque, quanto ao armamento para o treino militar desses jovens, os marginais já os deixaram nas dependências das corregedorias de polícia e nas delegacias, e pouco seria gasto para se montar uma escola nova no País. Esses jovens sairiam dali com uma formação militar, de civismo e até com uma profissão aprendida na caserna e, principalmente, a questão da disciplina, no que diz respeito ao próximo, com uma visão futura. Isso seria o reenquadramento desses jovens.  

Oxalá eu possa receber várias orientações para o meu projeto; que ele seja bem aceito nesta Casa e que a própria Comissão de Orçamento libere um pouco mais de dinheiro para ajudar nessa causa que acho benéfica ao nosso País.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2000 - Página 6521