Discurso durante a 32ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DOSSIES DE ACUSAÇÕES DOS SENADORES ANTONIO CARLOS MAGALHÃES E JADER BARBALHO.

Autor
Ernandes Amorim (PPB - Partido Progressista Brasileiro/RO)
Nome completo: Ernandes Santos Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DOSSIES DE ACUSAÇÕES DOS SENADORES ANTONIO CARLOS MAGALHÃES E JADER BARBALHO.
Aparteantes
Casildo Maldaner.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2000 - Página 6790
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • REITERAÇÃO, VITORIA, ORADOR, OBTENÇÃO, DIREITOS, INDENIZAÇÃO, DANOS, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MOTIVO, AUSENCIA, VERACIDADE, DENUNCIA, PARTICIPAÇÃO, TRAFICO, DROGA.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, IMPRENSA, AUSENCIA, COMPROVAÇÃO, FATO, ANTERIORIDADE, DIVULGAÇÃO, DENUNCIA, PROVOCAÇÃO, CONFLITO, SENADO, PARTICIPAÇÃO, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).
  • JUSTIFICAÇÃO, APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, ENCAMINHAMENTO, NOTICIARIO, JORNAL, DENUNCIA, JADER BARBALHO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS, SOLICITAÇÃO, MANIFESTAÇÃO, PROCEDENCIA, ACUSAÇÃO, IMPEDIMENTO, MOBILIZAÇÃO, SENADO, REFEM, DIVULGAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA.

O SR. ERNANDES AMORIM (PPB – RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sr as e Srs. Senadores, não poderia deixar de me manifestar neste momento de denúncias por que passa o Senado.  

Há cinco anos, quando cheguei a esta Casa, fui alvo de denúncias baseadas em recortes de jornais. Imaginem que o Líder do PSDB pegou um recorte de jornal não sei de onde, e toda a Bancada do PSDB entrou com uma denúncia contra mim. Quase perdi o mandato naquela oportunidade. A imprensa dizia que eu tinha quarenta processos contra mim, mas não havia um processo sequer. Agora estou vendo essa confusão.  

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB – SC) – Concede-me V. Exª um aparte?  

O SR. ERNANDES AMORIM (PPB – RO) – Concedo o aparte a V. Exª.  

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB – SC) – Lembro-me do fato ocorrido em 1995. Nada melhor que um dia depois do outro. Falava-se de V. Exª na Casa, pelos corredores. Minha Nossa Senhora! Sou testemunha disso. Li uma pesquisa que dizia que, em Ariquemes, os eleitores querem que V. Exª seja Prefeito; é o candidato mais cotado. A sua base, no seu Estado, no seu Município, no seu domicílio eleitoral, diz que V. Exª é uma pessoa grata, bem-vinda. Nada melhor que um dia depois do outro. Cumprimento-o, lembrando essa passagem.  

O SR. ERNANDES AMORIM (PPB - RO) – Imaginem V. Ex as o que fizeram comigo. Apedrejaram-me quando cheguei a esta Casa com denúncias de um recorte de jornal. E vi, nesta semana, os Senadores Antonio Carlos Magalhães e Jader Barbalho digladiarem-se por denúncias de dez, vinte anos atrás, algumas delas arquivadas, outras apuradas e nada constando contra aquelas pessoas.  

Deve-se buscar uma solução para esse problema, porque o Congresso não pode parar por conta de um recorte de jornal, de uma simples denúncia. Quem denuncia tem de ser responsável.  

No meu caso, Sr. Presidente, processamos o jornal Correio Braziliense . Já ganhei, em última instância, o direito à indenização por danos causados. Estou com uma ação contra o Jornal do Brasil , e já ganhei na primeira instância. Eles recorreram, mas vou ganhar de novo. Tenho ainda uma ação contra a Enciclopédia Britânica , que está pronta desde dezembro do ano passado para ser julgada. Tenho certeza de que vou ganhar também, porque nada devo. Não temia àquela época, pois nada devia. Nada devo e estou aqui, de cabeça erguida.  

Na minha cidade, as lideranças políticas e o eleitorado desejam a minha volta, querem que eu seja Prefeito novamente. Por quê? Porque fui sério, honesto e trabalhei com honradez.  

Sr. Presidente, Sr as e Srs. Senadores, o Presidente Fernando Henrique Cardoso traz a reforma política à pauta das discussões nacionais nesta semana. E a imprensa deve continuar com as notícias de corrupção no Governo do Rio de Janeiro – formada por aliança do PT com o PDT de Garotinho –, na Prefeitura e na Câmara de São Paulo, atingindo Celso Pitta e Paulo Maluf.  

Por outro lado, a nossa Casa também vive um momento de grande tensão, provocado pelos dossiês apresentados pelos Líderes políticos do PFL e do PMDB, Senadores Antonio Carlos Magalhães e Jader Barbalho, constituídos por recortes de jornais em que S. Ex.ª s são acusados de corrupção.  

Poder-se-ia até pensar em manipulação da opinião pública para imobilizar lideranças políticas, "queimar" e eliminar adversários, quando se vê que o PSDB está fora de todas essas notícias de escândalo.  

Mas o maior escândalo que a história há de registrar nesses anos, na verdade, é o crescimento da dívida interna para praticamente 50% do PIB, sem qualquer investimento, com o compromisso de transferência de 20% do Orçamento nacional à renda do mercado financeiro ainda durante muitos anos.  

Apenas a operação de refinanciamento da dívida de São Paulo – que assegurou liquidez integral a credores que contratavam taxa de risco, bem como conversão antes do ajuste do real ao dólar, e que foi conduzida pelo Governador Mário Covas, pelo Serjão e pelo Malan, quando o Ministro José Serra ainda estava na Comissão de Assuntos Econômicos – significa um prejuízo de mais de R$200 bilhões ao Brasil nos próximos 30 anos.  

Sr. Presidente, Srª s e Srs. Senadores, também esse escândalo dos juros absurdos, fixados pela Equipe Econômica, para a remuneração dos títulos da dívida pública, haverá de ser visto na imprensa. Afinal, os jornalistas não são analfabetos e vão terminar percebendo que há algo errado nisso. Na realidade, o Brasil passa por transformações e necessita delas. O Brasil quer responsabilidade. Precisa de responsabilidade.  

Veja que, nesta semana, votaremos a Lei de Responsabilidade Fiscal, instituindo normas para a gerência das finanças públicas com austeridade. Também deveremos apreciar projeto que define crimes de responsabilidade dos magistrados.  

Por outro lado, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania realiza audiência pública sobre a chamada Lei de Abuso de Autoridades, que proíbe juízes, procuradores, ministros de Tribunais de Contas e autoridades policiais e administrativas de revelarem informações de processos que afetem a vida privada, a imagem e a honra das pessoas. Assim, em todos os aspectos, a definição das responsabilidades é a palavra de ordem.  

Nesse sentido, quero fazer uma proposição. Na vida nacional, atuam e influem os Poderes constituídos, instituições da sociedade civil e, de forma importante, também a imprensa.  

Por essas razões, estou apresentando um requerimento para encaminhamento à Federação Nacional de Jornalistas Profissionais de cópia dos dossiês constituídos por recortes de notícias de jornais com relação aos Senadores Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães, solicitando que a Comissão de Ética daquela instituição se manifeste sobre a procedência das acusações neles registradas. Desse modo, com agilidade, os jornais e os jornalistas autores das referidas reportagens se pronunciarão ao sindicato da categoria. E este, avaliando a procedência dos fatos, poderá, com base, apresentar os fundamentos a quem de direito, com responsabilidade, para que esse assunto seja tratado na competente esfera e não no plenário do Senado Federal.  

Esta Casa não pode mais ser refém de manchetes de jornais ou ficar imobilizada e distanciada de questões reais, porque esse ou aquele órgão de imprensa diz isso ou aquilo.  

Os procedimentos de apuração judicial são lentos. Ainda na semana passada, o Senador Pedro Simon reclamou disso. E isso inclui a responsabilidade sobre as falsas notícias. Mas, independentemente do procedimento judicial, há a questão ética, que cabe à categoria resolver. Então, o encaminhamento dessa discussão para o âmbito dos jornalistas pode despertar uma auto-regulamentação, a exemplo do que existe em muitos outros países. Dessa forma, todos sairemos ganhando, com mais responsabilidade em todos os setores dessa atividade.  

Sr. Presidente, apresento este requerimento no sentido de que as discussões sejam reavaliadas em sua fonte. Não podemos parar o Congresso para discutir fotocópias de jornais, denúncias inverídicas e vencidas há 10 ou 20 anos.  

Leio o requerimento:  

Requeiro, na forma regimental, ouvido o Plenário, que os dossiês constituídos por notícias de jornais sobre o Sr. Senador Antonio Carlos Magalhães e sobre o Sr. Senador Jader Barbalho, apresentados à Mesa na semana passada, sejam encaminhados à Federação Nacional de Jornalistas, solicitando manifestação de órgão de controle da ética profissional sobre a procedência das acusações ali contidas contra esses Senadores e encaminhamento aos órgãos competentes.  

 

Assim, Sr. Presidente, em vez de as denúncias serem encaminhadas à Comissão de Ética, que sejam devolvidas à Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais, onde devem ser feitos levantamentos, a fim de que cada jornalista ou sindicato assuma: "sou responsável por essa denúncia"; a fim de que não façam o que estão fazendo ou o que fizeram comigo, nesta Casa, e com tantos outros Senadores.  

Nós, homens públicos, sabemos que somos passíveis de denúncias infundadas. Portanto, Sr. Presidente, nosso apelo e este requerimento encaminhado à Casa.  

Muito obrigado.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2000 - Página 6790