Discurso durante a 41ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM A MEMORIA DO MINISTRO SERGIO MOTTA E A DO DEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES, NO SEGURNDO ANO DE FALECIMENTO.

Autor
Leomar Quintanilha (PPB - Partido Progressista Brasileiro/TO)
Nome completo: Leomar de Melo Quintanilha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A MEMORIA DO MINISTRO SERGIO MOTTA E A DO DEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES, NO SEGURNDO ANO DE FALECIMENTO.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2000 - Página 7896
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SERGIO MOTTA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, BUSCA, MODERNIZAÇÃO, SETOR, TELECOMUNICAÇÃO, ARTICULAÇÃO, PRIVATIZAÇÃO, SISTEMA, TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRAS S/A (TELEBRAS).
  • HOMENAGEM POSTUMA, LUIS EDUARDO MAGALHÃES, DEPUTADO FEDERAL, ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, APROVAÇÃO, REFORMA ADMINISTRATIVA, RENOVAÇÃO, LEGISLAÇÃO PREVIDENCIARIA.

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PPB – TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, Srs. Deputados, Srs. Ministros, Srs. Embaixadores, familiares e amigos de Luís Eduardo, familiares e amigos de Sérgio Motta, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores, nesta tarde, o Senado presta uma justa homenagem a dois grandes brasileiros: Deputado Luís Eduardo Magalhães e Ministro Sérgio Motta.  

Sr. Presidente, em meu nome próprio e em nome do Partido Progressista Brasileiro, quero me associar às manifestações aqui já expressadas a esses dois brasileiros.  

Não tive, Sr. Presidente, o privilégio de experimentar uma convivência mais estreita com o Ministro Sérgio Motta. Das poucas vezes em que nos encontramos, guardo a lembrança do convívio cordial, da presteza do atendimento, da enorme preocupação demonstrada com a premente necessidade de modernizar o País. E o serviço de comunicação que ele conduzia com muita competência e firmeza, como agora podemos constatar, teve e tem papel fundamental nesse processo transformador.  

Vi nele um homem de decisão, um técnico com larga visão crítica, um profissional dedicado, um patriota. Embora sem nunca haver concorrido a cargo eletivo, revelou-se um extraordinário homem público.  

Formando-se pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em Engenharia Industrial, seguiu carreira na iniciativa privada, atuando na área industrial. Os negócios, entretanto, nunca o afastaram da política.  

Nos anos 70, já como dono da Hidrobrasileira, ajudou a manter e administrar o jornal Movimento, marco à resistência militar, que teve o sociólogo Fernando Henrique Cardoso como integrante do Conselho Editorial. De espírito solidário, usou a empresa para abrigar desempregados e perseguidos pelo regime militar.  

Desenvolveu-se com extrema competência na área de planejamento e desenvolvimento de projetos no segmento de transportes, tendo passagem meritória na área agrícola, de abastecimento ambiental, idealizando e executando projetos e programas.  

Mas o ramo no qual firmou-se a grande capacidade empreendedora do inesquecível Serjão foi o setor energético, quando, em 1984, assumiu a Vice-Presidência Executiva da Eletropaulo. Ali teve oportunidade de demonstrar sua sensibilidade e preocupação com o aspecto social afeto a sua área de atuação, criando e lançando diversos programas, beneficiando milhares de pessoas.  

Porém, para boa parte de nós brasileiros, Sérgio Motta notabilizou-se quando chegou ao poder e virou, se não o mais importante, o mais ousado Ministro do Governo Fernando Henrique Cardoso. Sacudindo a viciada máquina administrativa que encontrou ali, baixou os preços dos telefones, tornou a abertura da banda "B" uma realidade e conseguiu que o caminho da privatização do Sistema Telebrás se tornasse irreversível.  

Tinha razão o Deputado Luís Eduardo quando afirmou: "o afastamento de Motta seria o pior desfalque que o Governo poderia sofrer".  

Perdeu o Governo, perdeu o País.  

Deputado Luís Eduardo Magalhães! Como esquecer esse notável brasileiro? Como não lembrar da figura lhana, afável, sempre atencioso com seus colegas na Câmara dos Deputados, sempre prestativo, sempre solidário, sempre! Avocava para si as causas justas de seus pares e as defendia com veemência e firmeza como se suas próprias causas fossem. Brilhante e vigoroso na defesa de suas convicções soube ser um negociador hábil e leal, cumpridor da palavra empenhada.  

Ali conheci o Deputado Luís Eduardo Magalhães. Pude rapidamente perceber que, embora sendo jovem, não demonstrava as dificuldades típicas de um principiante. Trazia na bagagem muito talento e considerável experiência adquirida nas lides da vida pública, iniciada ainda muito cedo em seu Estado, a Bahia. Apesar de ter como paradigma uma das mais expressivas figuras públicas deste País, o Senador Antonio Carlos Magalhães, seu pai, o Deputado Luís Eduardo Magalhães tinha luz própria. Transitava com muita desenvoltura pela Casa. Granjeou o respeito, a admiração e a confiança até mesmo daqueles que dele divergiam. Firme e determinado, soube conquistar o seu espaço. A capacidade de ouvir a todos e o seu permanente bom humor foram seus principais aliados.  

Ganhou projeção na Assembléia Nacional Constituinte, defendendo um Brasil mais moderno e socialmente mais justo. Líder do PFL, consolidava-se no cenário nacional. Suas inúmeras qualidades pessoais só poderiam destacá-lo como uma das principais lideranças políticas do País.  

Com justiça, foi conduzido à Presidência da Câmara dos Deputados. Assumiu o cargo decidido a comandar daquela Casa do Congresso Nacional o projeto que se propunha a transformar o País e manter a estabilidade da economia. Foi incansável na condução das negociações e das votações que mudaram a realidade brasileira. Conseguiu médias de presença inéditas naquela Casa.  

Aprovou o novo conceito de empresa nacional, derrubou o monopólio estatal do petróleo, da navegação de cabotagem, das telecomunicações, do gás canalizado, entre outras tantas importantes vitórias. Sob o seu comando, a Câmara dos Deputados cresceu em prestígio junto à sociedade. Ao deixar o cargo, ficou conhecido como o presidente das reformas. Por força do cargo, ocupou por duas vezes a Presidência da República. Ali, a discrição foi sua marca. Líder do Governo em 1997 e em 1998, teve participação decisiva na aprovação da Reforma Administrativa e da nova legislação da Previdência Social.  

Luís Eduardo deixou-nos aos 43 anos, ainda muito moço, em 21 de abril de 1998, quando se preparava para mais uma missão, para servir mais uma vez à Bahia. Seu prematuro desaparecido comoveu o País, deixando mais pobre a vida política brasileira. Fica o exemplo de espírito público de que é preciso e possível continuar lutando por um novo País. De que é preciso acreditar que as conquistas são fruto do saudável embate entre idéias de homens e mulheres que dedicam a vida com grandeza do sonho de um novo Brasil.  

Luís Eduardo será sempre lembrado como um homem bom: doce, amável e humano. E como um homem público vencedor. O valor da vida não se mede pelo quanto se vive, mas como se vive. Luís Eduardo viveu a política intensamente, servindo com devoção ao Brasil. Como já dissera seu ilustre conterrâneo Rui Barbosa: "a morte não extingue: transforma; não aniquila: renova; não divorcia: aproxima". É o que sentimos. A morte de Luís Eduardo nos aproxima de seus exemplos e idéias que se voltavam para a construção de um País não só mais moderno, mais democrático, mais desenvolvido, mas também mais justo e menos desigual. Um Brasil que proporcione um futuro digno aos jovens. Um País que se torne a Nação sonhada por Luís Eduardo, uma Nação adequadamente integrada, socialmente justa e corretamente desenvolvida.  

Obrigado Luís Eduardo. Obrigado Sérgio Mota. Seus exemplos dignificam a vida pública brasileira. (Palmas)  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2000 - Página 7896