Fala da Presidência durante a 41ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM A MEMORIA DO MINISTRO SERGIO MOTTA E A DO DEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES, NO SEGUNDO ANO DE FALECIMENTO.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A MEMORIA DO MINISTRO SERGIO MOTTA E A DO DEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES, NO SEGUNDO ANO DE FALECIMENTO.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2000 - Página 7898
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SERGIO MOTTA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), ELOGIO, ARTICULAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, TELECOMUNICAÇÃO, PAIS.
  • HOMENAGEM POSTUMA, LUIS EDUARDO MAGALHÃES, DEPUTADO FEDERAL, ELOGIO, ATUAÇÃO, SUPERIORIDADE, LIDERANÇA, EXERCICIO, PRESIDENCIA, CAMARA DOS DEPUTADOS, BUSCA, INTERESSE, SOCIEDADE.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) – Sr. Ministro Pedro Parente, representante do Senhor Presidente da República, Ministros Pimenta da Veiga, Rodolpho Tourinho, Waldeck Ornelas, Aloysio Nunes Ferreira, Embaixadores, Srs. Senadores, Srs. Deputados, senhoras e senhores, dois anos decorridos, a dor ainda é a mesma, o sofrimento talvez seja maior. Seja como for, o importante é que, nesta hora, por iniciativa do Senador José Roberto Arruda e outros Senadores, o Congresso Nacional se reúne para render homenagens a dois homens públicos de personalidades diferentes, mas que se uniram no serviço ao Brasil: Sérgio Motta e Luís Eduardo.  

Sérgio Motta, com o temperamento expansivo, com as inconveniências, às vezes naturais, às vezes politicamente certas para o momento em que vivia; Luís Eduardo, com estilo mais ponderado e, sobretudo, mais direto com seus companheiros Deputados e Senadores. Sérgio Motta foi, sem dúvida, um Ministro que fez transformações nas telecomunicações no País, dando tudo de si para as comunicações do Brasil chegarem a um ponto de quase excelência.  

O que mais unia os dois, não há dúvida, era a presença de um amigo comum: o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Sua Excelência tratava-os como amigos fraternos e, mais ainda, com a intimidade indispensável que um Presidente da República precisa ter com amigos sinceros, que lhe dizem o que precisa ouvir e também ouvem dele os conselhos naturais para que a Nação alcance o seu rumo.  

Luís Eduardo tinha uma qualidade que também me orgulho de ter: o compromisso assumido e cumprido. Daí por que tinha uma credibilidade que nunca, nenhum outro, presidindo a Câmara dos Deputados, obteve, graças à sua atuação.  

Quero exaltar esse ponto. No dia 19 de abril, às 23 horas, eu o avisara da morte de Sérgio Motta, e ele teve um abatimento profundo. No dia seguinte, seguimos, ambos calados, em um avião especial para o enterro. Lá, a sua fisionomia era de uma tristeza profunda e, mais do que isso, temia-se que ele pudesse ter qualquer problema, tal o sentimento que nutria por Sérgio Motta, apesar de divergências em muitos aspectos.  

À hora do enterro, recordo-me que o Presidente Fernando Henrique Cardoso me chamou e disse: "Tenha cuidado, ele está muito emocionado. Luís está sofrendo muito". Viemos para Brasília mais tarde, eu, ele e o seu fraterno amigo João Carlos Di Gênio, que sofre até hoje comigo as dores do passamento de Luís Eduardo. Talvez sejamos nós os dois maiores sofredores com seu desaparecimento.  

Viemos para Brasília, tomamos rumos diferentes, e, no outro dia, ele me avisava que estava passando mal. Fomos para a enfermaria da Câmara dos Deputados e, imediatamente, para o Hospital Santa Lúcia, onde passei os piores momentos da minha vida, sobretudo recordando, depois, que Luís Eduardo ficara comigo, sem sair um momento, quarenta dias no Incor para salvar a minha vida. E eu ficara quatro horas com ele para vê-lo falecer.  

Lembro daquele dia e de imagens terríveis de sofrimento e de dor. Lembro-me dessa figura que aqui está representando o Presidente da República entrar no hospital nos momentos finais e, angustiado, amparar-me.  

Lembro-me da solidariedade que não faltou dos meus Colegas do Senado Federal que me deram força, até hoje me dão, e eu diria que me deram sobrevida. Todos, sem exceção.  

Lembro-me, portanto, de tudo isso, como se fosse hoje. Mas o importante é que vejo também a sua memória reverenciada em todos os lugares do Brasil e não apenas na Bahia, onde, é claro, o seu nome circula com grande intensidade, como se vivo estivesse, pelo exemplo que ele oferece à sua geração. Luís Eduardo Magalhães tinha tudo o que um homem pode ter para o êxito. O destino cortou a sua trajetória.  

Hoje, estamos aqui, talvez, como salientaram os Senadores Edson Lobão e Djalma Bessa, eu tendo um pouco da força que ele me transmitiu e transmite. Por isso mesmo é que, nesta hora, evocando essas duas figuras, penso que o Brasil não deve esmorecer. Não há dúvida de que a falta de ambos, hoje, ainda é sentida, e os problemas ficaram maiores. Mas a nossa coragem e a nossa determinação têm que torná-los menores, para que o Brasil alcance o seu grande destino.  

Queria terminar minha fala citando Lincoln, que disse: "Gosto de ver um homem orgulhar-se de seu país, mas gosto também de vê-lo viver de tal maneira que seu país igualmente dele se orgulhe." É o que sinto hoje, é o que o Brasil sente hoje: orgulho de Sérgio Motta e, principalmente, de Luís Eduardo Magalhães.  

Muito obrigado!  

(Palmas) 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2000 - Página 7898