Pronunciamento de João Alberto Souza em 27/04/2000
Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
HOMENAGEM PELOS 74 ANOS DE FUNDAÇÃO DO JORNAL MARANHENSE O IMPARCIAL.
- Autor
- João Alberto Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
- Nome completo: João Alberto de Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM PELOS 74 ANOS DE FUNDAÇÃO DO JORNAL MARANHENSE O IMPARCIAL.
- Publicação
- Publicação no DSF de 28/04/2000 - Página 8255
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, O IMPARCIAL, ESTADO DO MARANHÃO (MA).
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA
(PMDB - MA) – Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, traz-me à tribuna desta Casa na data de hoje a proximidade do dia natalício de um dos mais importantes e construtivos meios de comunicação do Estado do Maranhão: o jornal O Imparcial
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O Imparcial faz anos no dia 1 o de maio. Fundado no longínquo 1926, pelo empreendedor João Ferreira Pires, jornalista corajoso e de visão de longo alcance, nasceu para engrandecer a sociedade maranhense, comprometido com o incentivo às boas iniciativas, com a crítica aos desacertos e com a coerência em relação à sua conduta de órgão de informação.
Uno-me aos leitores e ao povo do Maranhão para festejar essa data, formulando os melhores votos para a continuidade do êxito do jornal nos dias vindouros.
Minha saudação e meus louvores pelo trabalho desde o seu nascimento até à presente data. Meus votos, para o futuro, um futuro promissor, que certamente será marcado pelo mesmo espírito de trabalho, de pesquisa, de seriedade, de imparcialidade e de procura da verdade, apanágio que caracterizou seus fundadores e os dirigentes e jornalistas que o vêm produzindo até hoje.
Um jornal não é apenas um veículo de notícias. Um jornal é também um criador de cultura, um meio de coesão social, de educação política, de cinzelagem de opiniões, de vislumbre de horizontes, de treinamento para a crítica, para a cidadania e, conseqüentemente, de preparo para a participação nas coisas que são de interesse da coletividade. No horizonte de uma sociedade organizada, o jornal, então, é instrumento do processo de amadurecimento da democracia.
Povo sem jornal é povo que não registra sua história. Povo desprovido de registros, atrasa seu desenvolvimento, porque se submete à repetição estéril dos erros, sem enriquecer-se com idéias novas, as verdadeiras propulsoras da criatividade, a criatividade que inova e projeta para frente com o entusiasmo de quem se sente estimulado para atingir sempre maior qualidade de vida.
A revolução tecnológica que o mundo vivencia nos dias atuais poderia sugerir o fim da importância dos jornais. Qual o sentido do jornal se a internet pode colocar à disposição das pessoas de forma mais rápida uma quantidade muito maior de informações?
Vários fatores asseguram que semelhante perspectiva não é realista.
Primeiramente, porque cabe ao jornal sinalizar para a importância do conteúdo e para a contextualização das informações. A quantidade das informações não garante qualidade, muito menos energia para crítica e projeção de novos caminhos. São os caminhos novos que aperfeiçoam e abrem a imaginação para novas utopias, utopias que se traduzem em impulsos para o aperfeiçoamento das sociedades e das civilizações.
Em segundo lugar, no caso específico do Estado do Maranhão e do Brasil, o acesso aos meios eletrônicos avançados é ainda restrito a uma minoria da população. Para a imensa maioria, o jornal é um bem de consumo cultural próximo, disponível em todas as praças e ruas, na cidade ou no interior, circula de mão em mão, do escritório ao lar, da escola à igreja, do rico ao pobre, do adulto ao jovem e à criança. Em última análise, o jornal se converte em meio de democratização da comunicação social, esse, sem sombra de dúvida, um problema central na construção de uma democracia com qualidade social no meu Estado e em nosso País.
Não será, portanto, a explosão da quantidade de informações propiciada pelos meios eletrônicos que irá dispensar o jornal. O jornal sempre teve e continuará tendo um papel insubstituível no trajeto de cada comunidade para o próprio amadurecimento.
Não será também a impessoalidade das notícias ou das opiniões divulgadas em profusão a responsável pelo progresso de um povo, mas o reflexo dessas notícias e opiniões, quando resultante do contato com a realidade concreta da população em cujo meio os jornalistas trabalham e analisam. Essa dinâmica, desfrutada com aplicação da competência e materializada em produtos jornalísticos elaborados e publicados com liberdade, plenos de diversidade, de contradições, de reflexões pessoais ou de sentimentos da rua, sem dúvida, assegura qualidade, melhores conseqüências e maior profundidade.
Por essas razões todas, são compreensíveis, embora lamentáveis, as muitas dificuldades às quais são submetidos os profissionais da informação no mundo todo. Levantamento realizado pela organização Repórteres sem Fronteiras em 1999 revela que, nesse ano, 357 organizações de comunicação, em todo o mundo, sofreram censura nesse período. No mesmo ano, 446 jornalistas foram presos, 653 foram vítimas de agressões e 34 seqüestrados.
Trata-se de um quadro preocupante, demonstrativo do grau de intolerância, autoritarismo, violência e ignorância que ainda persiste em muitas partes do planeta. No entanto, o desânimo não cabe em um setor de essencial importância para o desenvolvimento da humanidade: o direito que as comunidades têm de informar-se e serem informadas sobre as questões que lhes dizem respeito.
O Imparcial tem sido, ao longo de sua existência, um instrumento inserido e comprometido com o processo de aperfeiçoamento da sociedade. Pautou-se constantemente segundo seu propósito original: "ser isento ao noticiar os fatos, versátil na abordagem, profundo nas análises e atual no conteúdo". É em razão do seu passado e pelas perspectivas do seu futuro que seu aniversário alegra a todos e por todos deve ser comemorado.
O Imparcial , na plena maturidade de seus 74 anos de existência, integrado aos novos tempos, aos tempos do novo milênio, não tem perdido o viço da iniciativa e o estímulo para a renovação. Ainda no decorrer deste ano 2000, implantará moderno parque gráfico, com capacidade para triplicar a tiragem atual, dentro das mais modernas técnicas de impressão disponíveis no mercado.
Segundo Alexandre Herculano, "A história pode comparar-se a uma coluna diagonal de mármore. Quem quiser examiná-la deve andar ao redor dela, contemplá-la em todas as faces". Após 74 anos de história e informação e perante a disposição de trabalho e os horizontes que se fixa, O Imparcial exerceu e exerce a grandiosa ação de ajudar o povo maranhense e brasileiro a examinar a própria história, contemplando-lhe todas as faces, para construí-la com sempre maior acerto.
Parabéns!
Era o que eu tinha a dizer.
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