Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

APOIO AOS TRABALHADORES DO MOVIMENTO SEM-TERRA ENVOLVIDOS EM INCIDENTE COM A POLICIA NA CIDADE DE CURITIBA/PR.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • APOIO AOS TRABALHADORES DO MOVIMENTO SEM-TERRA ENVOLVIDOS EM INCIDENTE COM A POLICIA NA CIDADE DE CURITIBA/PR.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2000 - Página 9167
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), MINISTERIO DA FAZENDA (MF), MINISTERIO DO ORÇAMENTO E GESTÃO (MOG), DIALOGO, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA.
  • CRITICA, INCITAMENTO, POLICIA MILITAR, POLICIA CIVIL, REPRESSÃO, SEM-TERRA, REGISTRO, HOMICIDIO, ANTONIO TAVARES PEREIRA, TRABALHADOR RURAL, ESTADO DO PARANA (PR), CONFLITO, PROXIMIDADE, CAPITAL DE ESTADO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, REIVINDICAÇÃO, REFORMA AGRARIA.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, sendo V. Exª um dos Senadores, nesta Casa, que mais têm se preocupado com a agricultura, sendo V. Exª um homem do campo e que ainda carrega a tradição – conforme V. Exª mesmo me disse – de acordar às cinco horas da manhã mesmo aqui em Brasília, mantendo o costume de quem trabalha na enxada, no campo, observando pelo menos o horário do homem do campo, sendo V. Exª uma pessoa que tantas vezes nos transmite os seus conhecimentos sobre a atividade da agricultura, aproveito esta oportunidade para reiterar o apelo ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, às autoridades como o Ministro Raul Jungmann, o Ministro da Justiça, José Gregori, Ministro Pedro Malan, Ministro Pedro Parente, no sentido de ter boa vontade para compreender melhor a ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.  

Em todas as ocasiões em que falo ao MST, sou a primeira pessoa a dizer da importância de eles se utilizarem dos métodos como a não-violência, se possível sempre seguindo ensinamentos de pessoas como Martin Luther King e Mahatma Ghandi, mas, obviamente, colocando as suas proposições da maneira mais assertiva possível, sem realizar ações de violência, depredações ou o que seja. Mas é importante que as autoridades responsáveis pela segurança, como no Estado do Paraná, estejam a observar que não se pode estar insuflando a Polícia Militar e a Polícia Civil a ofenderem os sem-terra, utilizando-se de ações como as que foram transmitidas por todos os meios de comunicação, atirando nos trabalhadores com armas que lançam bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, mas também balas de fogo verdadeiras que acabaram atingindo e matando Antônio Tavares Pereira, um trabalhador como tantos outros que V. Exª conhece; ele era o líder de um assentamento no centro do Estado do Paraná, de nome Ilhéus.  

Ele deixou cinco crianças, de cinco a dezoito anos e sua mulher Maria Sebastiana. Ouvi o depoimento de seus companheiros, e todos diziam tratar-se de um trabalhador exemplar, solidário com as pessoas que com ele estavam e, por essa razão, dirigiu-se à capital Curitiba para dizer o que avaliava como importante.  

Espero, Sr. Presidente, que o Presidente Fernando Henrique Cardoso, conhecendo melhor as circunstâncias, tenha uma atitude de maior sensibilidade ouvindo os trabalhadores rurais sem terra. Peço também aos membros do MST que tenham uma atitude de construção para que realizemos uma reforma agrária que, efetivamente, leve o Brasil a ter estrutura fundiária a mais justa possível.  

Obrigado, Presidente Jonas Pinheiro. Sabia que V. Exª, sendo um homem do campo, iria ter a tolerância para ouvir o meu apelo.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2000 - Página 9167