Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

IMPROPRIEDADE DO BLOQUEIO, PELO PRODASEN, DE MENSAGENS DE CORREIO ELETRONICO DESTINADAS AOS SENADORES.

Autor
Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • IMPROPRIEDADE DO BLOQUEIO, PELO PRODASEN, DE MENSAGENS DE CORREIO ELETRONICO DESTINADAS AOS SENADORES.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2000 - Página 9421
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • DENUNCIA, BLOQUEIO, MENSAGEM (MSG), TELEINFORMATICA, DESTINATARIO, SENADO, ASSUNTO, CAMPANHA, APOIO, PROPOSTA, CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA), REFORMULAÇÃO, CODIGO FLORESTAL, SUSPEIÇÃO, CENSURA, AUTORIA, ASSESSOR, SENADOR.
  • EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, CENTRO DE INFORMATICA E PROCESSAMENTO DE DADOS DO SENADO FEDERAL (PRODASEN), AUSENCIA, IDEOLOGIA, SELEÇÃO, IMPEDIMENTO, CHEGADA, CORRESPONDENCIA, PROCESSO ELETRONICO, SENADOR, DEFESA, MANIFESTAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.

A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT – AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, brevemente quero registrar que a mídia noticiou que o Senado Federal bloqueia mensagens de campanha.  

A matéria diz o seguinte:  

Campanha SOS Florestas, de apoio à proposta do Conama para reforma do Código Florestal, não chega ao seu destino.  

São Paulo - Técnicos do serviço de correio eletrônico do Senado bloquearam ontem a chegada de mensagens da campanha SOS Florestas (que está sendo divulgada também no portal do grupo Estado) enviadas a partir do servidor do WWF.  

Com o bloqueio, as mensagens enviadas estão sendo ignoradas pelo sistema, que não as remete aos destinatários. A alegação para o bloqueio é de que as mensagens estariam congestionando o sistema. No entanto, segundo informou a WWF, até o momento do bloqueio, apenas 345 mensagens haviam sido repassadas, por meio da WWF, o que não seria suficiente para congestionar o serviço do Senado.  

O motivo real "da censura", como estão denominando as ONGs envolvidas na campanha, é que esse tipo de mensagem "irrita os assessores dos senadores, que simplesmente as deletam".  

Falei, um dia desses aqui, que estávamos vivendo uma situação muito complicada no nosso País, que era a espécie de um pedágio ideológico. Se as pessoas concordam com uma determinada posição política, elas podem locomover-se normalmente no País e não serão impedidas de chegarem ao seu destino. O caso Coroa Vermelha e Porto Seguro foi um desses; o caso recente do Paraná, com os sem-terras, impedidos de chegar a 25 km da cidade, também é um outro caso de pedágio ideológico, em que as pessoas não podem passar, nem se pagassem para isso; e, agora, estamos aqui com uma espécie de correio ideológico.  

Tenho todo o respeito e carinho pelo Prodasen. Acho que recebeu e recebe o respaldo, a credibilidade da sociedade, de diversas instituições, e o meu alerta, nesta Casa – não sei quem foi responsável por esse tipo de procedimento -, é o de que se algum Senador não quer receber as mensagens, porque o estão criticando, eles é que tirem mecanismos para não lerem as mensagens. Agora, que a instituição Prodasen crie um mecanismo para se livrar das mensagens desagradáveis não podemos permitir, porque isso é uma afronta à democracia, já que, inclusive, é uma instituição para bem informar.  

Lembro-me de que, quando aprovamos aquele empréstimo de US$25 milhões, uma das justificativas era a de que iria prestar um ótimo serviço à democratização das informações. É nisso que acredito. Sei que o Prodasen tem prestado esse serviço. De sorte que, com todo o respeito pelos funcionários, quero que a nossa Instituição não pode jamais ...  

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) – V. Exª tem absoluta razão, até porque o Prodasen não tem direito de censura.  

A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT - AC) – Exatamente. Fico feliz que V. Exª esteja comungando comigo desse procedimento, e digo que já recebi centenas e milhares de mensagens criticando a minha posição. Quando fui Relatora daquele projeto que acaba com o imposto sindical, chovia de mensagens no meu e-mail de pessoas criticando a minha posição: "Senadora, a Senhora quer acabar com o movimento sindical?" E se eu havia passado para o lado da direita. Recebia todo tipo de desaforo. E, democraticamente, lia todos, considerava, mas mantinha a posição política que defendo. E exatamente por ter essa posição política, não temia ouvir posições contrárias.  

Recentemente, no processo de votação da acupuntura, aqueles com posição diferente da minha enviaram-me recados com vários comentários a meu respeito e ao de meu Partido. Democraticamente, eu as leio, pois servem para a minha edificação. De sorte que o Senador que não sabe conviver com a diferença, que apague as informações que não quer receber, pois só gosta de ouvir o canto do uirapuru. Alguns grilos e sapos que às vezes fazem cricri em nossos ouvidos também são edificantes. E que o Prodasen não crie um correio ideológico evitando que a opinião púbica aqui se manifeste!  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2000 - Página 9421