Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

SATISFAÇÃO COM A PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO DO ESTADO DO ACRE NA CONSTRUÇÃO, EM PARCERIA COM O GOVERNO DO PERU, DA RODOVIA BIOCEANICA.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • SATISFAÇÃO COM A PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO DO ESTADO DO ACRE NA CONSTRUÇÃO, EM PARCERIA COM O GOVERNO DO PERU, DA RODOVIA BIOCEANICA.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2000 - Página 9427
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • ANUNCIO, INICIO, OBRA PUBLICA, CONCLUSÃO, TRECHO, BRASIL, RODOVIA, ACESSO, OCEANO PACIFICO, ESPECIFICAÇÃO, LIGAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), PAIS ESTRANGEIRO, PERU, IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO AMAZONICA, ABERTURA, COMERCIO EXTERIOR.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT – AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, trago uma notícia auspiciosa ao Senado Federal, que é a recente decisão de início das obras para a conclusão da parte brasileira da chamada rodovia Bioceânica, que liga o extremo oeste do Brasil, por meio do Estado do Acre, ao Peru, permitindo-nos acesso ao mercado asiático.  

Este é um assunto de enorme importância. O Brasil não olhava além do oceano Atlântico. Apesar da ousadia dos bandeirantes de olhar para as Minas Gerais, para as regiões centrais do Brasil, somente a partir da década de 60, observou-se a real e necessária mudança do Centro-Oeste brasileiro. No entanto, a Amazônia brasileira ainda é desconhecida, não é prioridade nacional. A rodovia Bioceânica, diante das enormes dificuldades do povo brasileiro, da população da Amazônia, que reúne mais de 20 milhões de pessoas, vem ao encontro da necessidade de atualização do que é a Amazônia brasileira, do que pode ser uma nova política do Brasil na entrada do novo milênio.  

Estamos a uma distância do Peru de não mais de 100 quilômetros de rodovia, que receberá recapeamento este ano. O governo peruano, por sua vez, está caminhando também nessa direção, pois Puerto Maldonado estará definitivamente ligado a Assis Brasil. Acredito que este seja um assunto de ordem estratégica, fundamental para o Brasil.  

Foi divulgada, recentemente, uma análise da jornalista Tereza Cruvinel, do jornal O Globo , a respeito da presença estrangeira na Amazônia, por meio da política de medicamentos, da chamada bioindústria. Tive o prazer de dividir informações com a nobre jornalista, que citava a presença de 11 empresas multinacionais, denominadas transnacionais, que estão instalando-se na Região Amazônica, entendendo que ali talvez esteja o corredor para o Terceiro Milênio, como se diz. E o Brasil não pode ter na Amazônia um patrimônio tão grande e forte do ponto de vista da biodiversidade e do ecoturismo e permanecer alheio a uma visão estratégica de desenvolvimento.  

Recentemente, tive a honra de receber em meu gabinete o representante do governo de Taiwan, que me informou que, embora a receita anual de seu país seja de mais de US$200 bilhões para investimento, não é fácil o acesso a alguns mercados, inclusive o brasileiro. Lamento profundamente que o impasse diplomático esteja ainda a dificultar uma relação mais atualizada com Taiwan.  

Lamento, Sr. Presidente, pois haveria enormes benefícios. Existem as frutas tropicais, a possibilidade de utilização racional e sustentável da floresta, de beneficiamento e comércio dos produtos florestais. Há um patrimônio genético a ser negociado e desenvolvido do ponto de vista da tecnologia, mas, infelizmente, não há uma demonstração de mercado aberto.  

Essa rodovia Bioceânica, que contou com a presença do Governador Jorge Viana, do Embaixador do Brasil no Peru, José Viegas Filho, e da multidão que representava os Municípios de Brasiléia, Epitaciolândia, Assis Brasil e Xapuri, que têm interesse nesse corredor de comércio internacional, tem sido uma demonstração de que precisamos olhar além do nosso tempo.  

Acredito que está posto um grande desafio para o Brasil contemporâneo: olhar para este corredor, talvez o único caminho definitivo de acesso ao terceiro milênio, que poderá elevar a personalidade de uma sociedade aflita, ainda, pelas dificuldades da saúde, da educação, da baixa renda per capita . Talvez a Amazônia possa, com isso, transformar-se em um novo horizonte e modelo de vida para o nosso País e aumentar a autoridade do Brasil no cenário internacional.  

Encerro esta lembrança ao Senado Federal de que o Governo do Acre está fazendo a sua parte de cabeça erguida, atento à idéia de futuro, de construção na Amazônia de um grande modelo de desenvolvimento para o nosso País.  

Muito obrigado.  

 

para a z


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2000 - Página 9427