O SR. ROBERTO FREIRE (PPS – PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a nau Capitânia, conforme noticiaram os jornais, rádios e televisões, há poucas semanas partiu do Porto de Salvador para lugar nenhum. Misto de triunfalismo, falta de informação histórica quanto à técnica naval antiga e dinheiro fácil, o protótipo da embarcação que trouxe Cabral ao Brasil transformou-se em redondo fracasso. Não afundou na costa do Atlântico, embora já tenha feito água num mar não menos agitado de um certo ufanismo comum a nossa gente.  

Por sinal, esse fato histórico dos 500 anos de colonização portuguesa e de formação da nacionalidade brasileira lamentavelmente se transformou em uma comédia de erros. O que poderia ser um momento sério para revisitar a história e daí se extrair perspectivas de futuro para a Nação brasileira, reduziu-se a um elenco de eventos desconexos, muitos com caráter comercial, quase sempre elitistas e politicamente desastrosos. Excetuada, entre outras, a Bienal de São Paulo, um projeto sério e que merece o nosso aplauso.  

Voltemos à nau. E se recorro a ela simbolicamente é para fazer um paralelo com a atual situação do nosso País, sacudido nos últimos dias com fatos constrangedores e que nos preocupam, como as denúncias de corrupção, as ocorrências relacionadas à comemoração dos 500 anos e as repercussões exageradas a partir da greve dos caminhoneiros e do movimento político empreendido pelo MST.  

De tudo isso uma constatação: governo e parcelas significativas da oposição parecem estar à deriva e, caso c û