Pronunciamento de Mauro Miranda em 17/05/2000
Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
COMENTARIOS A REPORTAGEM DO JORNAL GAZETA MERCANTIL, DE HOJE, INFORMANDO QUE 400 MIL TONELADAS DE GRÃOS PRODUZIDAS NA REGIÃO CENTRO-OESTE NÃO FORAM TRANSPORTADAS EM VIRTUDE DOS ACIDENTES NA MALHA FERROVIARIA DA ANTIGA FEPASA, NO ESTADO DE SÃO PAULO. DEFESA DA CRIAÇÃO DA AGENCIA NACIONAL DE TRANSPORTES.
- Autor
- Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
- Nome completo: Mauro Miranda Soares
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA DE TRANSPORTES.:
- COMENTARIOS A REPORTAGEM DO JORNAL GAZETA MERCANTIL, DE HOJE, INFORMANDO QUE 400 MIL TONELADAS DE GRÃOS PRODUZIDAS NA REGIÃO CENTRO-OESTE NÃO FORAM TRANSPORTADAS EM VIRTUDE DOS ACIDENTES NA MALHA FERROVIARIA DA ANTIGA FEPASA, NO ESTADO DE SÃO PAULO. DEFESA DA CRIAÇÃO DA AGENCIA NACIONAL DE TRANSPORTES.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/05/2000 - Página 10115
- Assunto
- Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
- Indexação
-
- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, GAZETA MERCANTIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PERDA, TRANSPORTE, SAFRA, GRÃO, REGIÃO CENTRO OESTE, MOTIVO, ACIDENTE FERROVIARIO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, ELISEU PADILHA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR).
- NECESSIDADE, MELHORIA, FISCALIZAÇÃO, GOVERNO, FERROVIA, POSTERIORIDADE, PRIVATIZAÇÃO, DEFESA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, CRIAÇÃO, AGENCIA NACIONAL, TRANSPORTE.
O SR. MAURO MIRANDA
(PMDB - GO) – Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a edição de hoje da Gazeta Mercantil
traz uma reportagem que deve despertar as atenções do Ministro Eliseu Padilha e dos setores técnicos do Ministério dos Transportes. Em matéria de meia página, o jornal informa que 400 mil toneladas de grãos produzidos na região Centro-Oeste teriam deixado de ser transportadas no ano passado, tendo como causa os constantes acidentes na malha ferroviária da antiga Fepasa, no Estado de São Paulo. É lamentável que estes fatos ainda ocorram neste País, onde a privatização da infra-estrutura de transportes ferroviários era uma grande esperança quanto a futuros ganhos de qualidade, de eficiência e de rapidez.
Este fato nos remete também a uma outra observação que considero importante: é imperativo agilizar a aprovação do projeto de lei que cria a Agência Nacional dos Transportes, apreciado atualmente por uma comissão especial da Câmara dos Deputados, onde atua como relator o ex-Ministro Eliseu Resende. A realidade atual dos nossos serviços públicos mostra que houve no país um incontestável salto de qualidade em setores importantes como telecomunicações, energia, petróleo e vigilância sanitária. Os serviços melhoraram, foram abertos canais de comunicação com a sociedade, e os ranços cartoriais da burocracia estão em baixa, graças a esse movimento reformador que foi estabelecido através das agências setoriais.
Temos regiões em Goiás onde a eficiência do transporte ferroviário de grãos é de importância crucial. O Sul e o Sudeste não são fronteiras agrícolas a conquistar, mas regiões amplamente consolidadas como pólos regionais de desenvolvimento. Rio Verde, Jataí e Itumbiara são cidades-pólo que hospedam grandes parques industriais de transformação, como são, por exemplo, a Caramuru, a Cargil, a ADM e a Coinbra, para ficar apenas nas empresas citadas pelo jornal. Com as perdas nos comboios da Ferronorte que passam pelos trilhos da Ferroban – antiga Fepasa -, esse meio econômico de transporte mais barato e de grandes escalas vem sendo abandonado. Ainda bem que temos a hidrovia Paranaíba-Tietê-Paraná para servir de alternativa econômica, até o terminal paulista de Anhembi.
Fui um crítico vigoroso e constante da antiga Rede Ferroviária Federal, quando essa estatal operava o corredor centro-leste de exportações, ligando os centros produtores de Goiás ao porto de Tubarão. Faltavam investimentos, faltava eficiência gerencial, faltava a fiscalização do ministério dos Transportes. Os descarrilamentos eram constantes, e os pontos críticos da serra do Salitre e da travessia de Belo Horizonte eram desafios maiores do que a capacidade ou a vontade do governo em resolvê-los. Sem dúvida, a privatização melhorou os serviços da antiga Rede Ferroviária, os investimentos em modernização começaram a acontecer, e eu mesmo pude confirmar esses fatos positivos, em viagem recente ao terminal portuário de Vitória.
Mas é fundamental que todo o setor seja acompanhado pelo governo, e que os contratos de privatização sejam cumpridos. Não bastam as explicações de que a Ferroban "foi herdada com elevado grau de deterioração", como alega um diretor da Companhia Vale do Rio Doce, que é acionista majoritária da ferrovia. Todos nós sabíamos que havia uma grande safra de grãos, principalmente de soja, para transportar. E que a região Centro-Oeste, principalmente Goiás e Mato Grosso, tem uma dependência muito grande das ferrovias que transitam pelo Estado de São Paulo, para chegar ao mercado consumidor interno e aos portos de exportação. Março e abril foram os meses de pique da safra de soja na região Centro-Oeste. O mau estado de conservação dos trilhos paulistas, que também são usados pela Ferronorte, representou perdas enormes que ainda não foram avaliadas.
Sras. e Srs. Senadores, a própria Ferronorte reconhece que o sistema de transporte está comprometido em sua eficiência. Os comboios operam com 50 vagões, quando o normal é operar com 70. E a reportagem da Gazeta Mercantil informa que, ainda assim, a ocupação não passa dos 80 por cento, para não aumentar os riscos. O movimento de tráfego normal é de três comboios diários, mas essa utilização está reduzida atualmente em 50 por cento. Tudo isso mostra que a situação não pode continuar, que os reparos deverão ser concluidos até a próxima safra, e que o Governo deve cobrar providências imediatas, além do cumprimento formal de todas as cláusulas previstas no contrato de privatização.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.