Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

COMEMORAÇÃO DO CENTENARIO DE CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ.

Autor
Roberto Saturnino (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • COMEMORAÇÃO DO CENTENARIO DE CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ.
Aparteantes
Thelma Siqueira Campos.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2000 - Página 10701
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, FUNDAÇÃO INSTITUTO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ), ELOGIO, ATUAÇÃO, BENEFICIO, SAUDE PUBLICA, PESQUISA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
  • CONCLAMAÇÃO, FUNDAÇÃO INSTITUTO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ), PARTICIPAÇÃO, DEBATE, CONGRESSO NACIONAL, ETICA, BIOTECNOLOGIA.
  • DEFESA, MELHORIA, POLITICA SALARIAL, SERVIDOR, FUNDAÇÃO INSTITUTO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ).

O SR. ROBERTO SATURNINO (PSB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Dr. Eloi Souza Garcia, Presidente da Fundação Osvaldo Cruz, representando a entidade homenageada; Dr. Mercante, representando o Ministro da Saúde; senhoras e senhores convidados, membros da Fundação Osvaldo Cruz, como representante do Estado do Rio de Janeiro, eu não poderia deixar de comparecer a esta tribuna para também prestar a minha homenagem - cumprindo esse dever de justiça e de representação do meu Estado – a essa instituição que é, no Rio de Janeiro, uma referência científica, espiritual, arquitetônica e física, dado o significado do Castelo de Manguinhos na paisagem da cidade.  

Essa é uma instituição absolutamente merecedora de todos os elogios e reconhecimentos que se possam fazer no Brasil. Ela foi fundada em maio de 1900, com o nome de Instituto Soroterápico, passando por várias metamorfoses, até chegar ao grande complexo atual que constitui a Fundação Oswaldo Cruz, da qual faz parte o Instituto Oswaldo Cruz, cujo centenário comemoramos hoje.  

O que disseram os que me antecederam nesta tribuna de forma brilhante, como os Senadores Carlos Patrocínio, Lúcio Alcântara e Francelino Pereira, dispensa-me de falar sobre o desenrolar da história da instituição, sobre seus grandes momentos e seus grandes personagens. S. Exªs o fizeram melhor do que eu poderia fazer. Também os que me sucedem na lista de inscritos me pedem que seja breve, porque igualmente querem prestar a sua homenagem.  

Srs. Presidentes, senhores convidados, Srs. Senadores, é importante ressaltar que essa Fundação e esse Instituto constituem, verdadeiramente, centros de orgulho nacional, e, neste momento em que a História do nosso País registra, infelizmente, um preocupante movimento de descrédito das instituições de um modo geral, do nosso Estado e do nosso País, é particularmente auspicioso registrar-se que o conceito da Fiocruz - Fundação Osvaldo Cruz - e do seu Instituto mantém-se não só inalterado, intacto, como até mesmo crescente em termos de reconhecimento da população e da opinião pública brasileira.  

A instituição passou por momentos muito difíceis, como quando, em 1970, tragicamente foram cassados dez dos maiores pesquisadores brasileiros, fato cuja recordação é dolorosa, mas que faz parte da história da Instituição, uma história de êxitos inegáveis e reconhecidos internacionalmente.  

Como disse, creio, o Senador Lúcio Alcântara, ela é o primeiro centro de ciência do Brasil e continua a ser um dos maiores centros de produção de ciência e tecnologia do País, de formação de pesquisadores e de tecnólogos na área de saúde e na área científica de um modo geral, além de desdobrar-se em outras atividades que também constituem pontos de referência para o nosso meio cultural. Atividades de formação, de motivação para a ciência entre meninos e meninas que visitam o Museu da Vida. Tive a oportunidade de lá estar com minhas netas e de verificar o interesse que aquela exposição suscita nas crianças do nosso País e, muito particularmente, da nossa cidade. Além disso, há o seu trabalho de restauração e recuperação histórica da casa de Oswaldo Cruz e de todo aquele conjunto arquitetônico que constitui uma das maravilhas da cidade do Rio de Janeiro.  

Todas essas atividades que vêm sendo desenvolvidas, com êxito inegável e reconhecido, a Fundação está sempre procurando desdobrar, ampliar, multiplicar. Certo é que já está desempenhando o papel mais importante no Brasil na área da biotecnologia, que é apontada sempre como um dos vetores principais de crescimento do desenvolvimento científico e tecnológico do mundo.  

A Fiocruz é o centro brasileiro de biotecnologia. E por que não suscitar também e chamar a Fiocruz a pensar sobre a bioética, tema que, certamente, há de passar pelo Congresso muito em breve e que começa a preocupar os cidadãos do mundo inteiro, ou seja, as considerações filosóficas e éticas sobre as conseqüências do desenvolvimento da biotecnologia e das possibilidades de manipulação genética do ser humano?  

Enfim, esse centro de referência, já presente no orgulho nacional, aos êxitos inúmeros e inegáveis de sua história ainda há de acrescentar muitos outros, em áreas novas e nobres no campo da ciência e da tecnologia.  

A Srª Thelma Siqueira Campos (PPB – TO) – Senador Roberto Saturnino, permite-me V. Exª um aparte?  

O SR. ROBERTO SATURNINO (PSB – RJ) – Com muita honra, nobre Senadora Thelma Siqueira Campos.  

A Srª Thelma Siqueira Campos (PPB – TO) – Senador Roberto Saturnino, ao cursar Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública, visitei o Instituto. Devo grande parte da minha atuação na área social ao que vi sendo desenvolvido lá, com os nossos sábios, com os nossos verdadeiros cientistas, com o que o Brasil tem de melhor na área do saber e do pensar. Eu queria deixar um testemunho sobre biotecnologia. Muito já se falou aqui do passado, sobre Oswaldo Cruz, sobre o centenário, e o Senador Roberto Saturnino começa a chegar ao presente e nos apontar o futuro, com a visita de suas netas ao Instituto. Dou o depoimento do nosso pequeno Estado do Tocantins, Estado que praticamente está nascendo agora. Mesmo em um lugar onde a faculdade não é federalizada, onde a possibilidade de estudo é pequena e onde o dinheiro é curto, a Fiocruz acredita no futuro e investe em pesquisa. Lá, temos o Professor Bonafini, que, juntamente com uma equipe da Fiocruz, desenvolve remédios, apostando no futuro. Acabamos de assistir aos trabalhos da CPI dos Medicamentos, que não teve êxito na Câmara. Talvez seja com a Fiocruz que poderemos pesquisar, embalar e vender remédios mais baratos, como aqueles que estão lá com o Professor Bonafini, com a Universidade do Tocantins, que ainda é estadual, com parquíssimos recursos. Mesmo assim, a Fundação está lá, investindo no futuro. Era isso o que eu queria acrescentar, porque V. Exª falou em seus netos, e é por lá que o futuro do Brasil nasce. Aliás, muito da nossa história política até foi feita dentro da Fundação Oswaldo Cruz. Então, dou esse testemunho, que vem de um Estado pequeno, onde já existe a Fiocruz, presidida por Eloi Garcia, com todo o seu saber e a sua dignidade. Ao ensejo, desejo acrescer o nosso agradecimento, nós que podemos usufruir, como brasileiros e estudantes, do saber que lá é desenvolvido. Muito obrigada, Senador, por me oferecer o aparte.  

O SR. ROBERTO SATURNINO (PSB - RJ) – Senadora Thelma Siqueira Campos, sou eu quem agradeço a interferência de V. Exª, o seu aparte inteiramente adequado e oportuno, lembrando que a Fiocruz, apesar de ter o seu trabalho concentrado no Rio de Janeiro, se espalha por todo o território nacional. Lembrou bem V. Exª ao citar Tocantins, Pernambuco, a Amazônia e Belém.  

A Fiocruz é uma entidade eminentemente brasileira e nacional, com uma história de êxitos que inquestionavelmente se deve a uma qualificação e dedicação extraordinárias e a toda prova dos seus pesquisadores e funcionários aqui representados, por vários deles, que vieram ao Senado participar desta homenagem. A esses pesquisadores, aos funcionários, e aos dirigentes, na pessoa de seu Presidente aqui presente, queremos dedicar esta homenagem.  

Sr. Presidente, ao fazer essa lembrança, creio que não será inoportuno, nem inadequado, tocar em um ponto que deve ser trazido à reflexão. Trata-se da questão salarial dos funcionários e pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz. Isso é uma preocupação nossa. Todavia, não quero fazer nenhuma referência a posições políticas, de antagonismos e de oposição à política do Governo Federal. Contudo, o fato é que o sucesso das instituições e das realizações de um determinado organismo ou entidade dependem da motivação dos entes humanos que trabalham e produzem os êxitos da instituição, e essa motivação evidentemente não está ligada à retribuição salarial. Mas sobre essa motivação pesa naturalmente a retribuição salarial, que corresponde ao reconhecimento que a sociedade dá ao valor do trabalho dessas pessoas.  

É importante fazer essas considerações num momento em que se chegou a cogitar o corte de uma gratificação, em uma decisão absolutamente infeliz, e que, graças a Deus, foi revista. No entanto, não sabemos ainda em que termos definitivos essa questão ficará. Creio que o Senado deve tomar consciência, avocar a si esse problema, trabalhar politicamente no sentido de entender que a remuneração do pessoal da Fiocruz é fator importante para que a instituição siga no seu rosário de êxitos, mantendo sua tradição, tema que foi tão bem colocado pelo Senador Lúcio Alcântara.  

Sr. Presidente, encerro meu pronunciamento, cedendo ainda a vez aos que me sucedem, sem deixar de prestar homenagem ao Presidente da Instituição, Dr. Eloi de Souza Garcia, presente em nossa Mesa; do Coordenador Executivo Dr. Paulo Gadelha; dos Vice-Presidentes Sérgio Balão Cordeiro, Mauro Célio de Almeida Marzochic, Maria Cecília de Souza Minayo e Akira Homma e do Dr. José Rodrigues Coura, Diretor do Instituto Oswaldo Cruz, que é propriamente a Instituição que comemora o centenário no dia de hoje.  

Agradeço a atenção e a presença de todos, parabenizando os que, de uma forma ou de outra, contribuíram para essa sucessão de êxitos que constitui orgulho nacional da Fundação e do Instituto Oswaldo Cruz. (Palmas)  

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2000 - Página 10701