Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO JORNALISTA DORIAN SAMPAIO.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO JORNALISTA DORIAN SAMPAIO.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2000 - Página 11070
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, DORIAN SAMPAIO, JORNALISTA, POLITICO, ESTADO DO CEARA (CE), VOTO DE PESAR, FAMILIA, GOVERNO ESTADUAL.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB - CE. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, é contristado mesmo que encaminho a votação desse requerimento, subscrito pelo Senador Sérgio Machado e, em seguida, por mim, de pesar pelo falecimento do jornalista Dorian Sampaio.  

Tenho razões particulares, pessoais, além das de ordem pública – porque ele foi jornalista e político –, para fazer este registro com muita tristeza.  

Dorian Sampaio foi dentista, professor, político e jornalista. Pode-se dizer mesmo que ele começou a sua vida política pelas mãos do meu pai, Waldemar Alcântara, porque foi como seu oficial de gabinete na Secretaria de Educação e Saúde, cujo titular na época do Governo Raul Barbosa era o meu pai, que ele se iniciou na vida político-partidária. Como líder estudantil, ele apoiava, na ocasião, a candidatura do Governador Raul Barbosa, filiando-se ao Partido Social Democrático – PSD, até a sua extinção, para então ingressar no MDB.  

Como político, Dorian foi Vereador de Fortaleza, inclusive para satirizar e denunciar a precariedade dos serviços públicos da Prefeitura de Fortaleza na época. Fundou o que se chamou Prefeitura Particular de Fortaleza, num determinado bairro onde ele residia, e ali ele criou a chamada Prefeitura Particular, para mostrar a precariedade dos serviços públicos oferecidos pela Prefeitura de Fortaleza.  

Foi também Deputado Estadual por duas legislaturas – em uma delas chegou a ser o segundo Deputado mais votado. Foi cassado pelo regime militar de 1964 e proibido de exercer atividade político-partidária e sua atividade jornalística para tratar de assuntos políticos. Dedicou-se, então, à economia – ele que era dentista de profissão e professor da Faculdade de Odontologia –, ao jornalismo econômico, com grande sucesso, com grande êxito. Tanto nos jornais, como no rádio e na televisão, ele se destacou como jornalista econômico, analisando os fatos da economia; sua atuação teve uma grande repercussão nesse período. Fundou o Jornal do Dorian – JD . "A coragem de dizer a verdade" era o slogan desse jornal. Era um jornal oposicionista, de crítica, que combatia o governo e que, evidentemente, ele conseguiu manter, com muito sacrifício, durante um período relativamente curto, porque ele terminou sem anunciantes, sem apoio financeiro que permitisse que o jornal continuasse em funcionamento. Foi proprietário de uma editora, de uma gráfica, e editou, na segunda fase, o chamado Anuário do Ceará , publicação, como o próprio nome diz, que vem a lume anualmente e traz todos os dados sobre a vida política, social e econômica do Estado do Ceará, com informações estatísticas, desempenho da economia, do setor social e do Governo e assim por diante; uma publicação de grande importância para todos que querem acompanhar o desenvolvimento do Estado do Ceará e o funcionamento das suas instituições públicas e privadas.  

Dorian Sampaio foi um homem muito combativo, muito irrequieto. Ele veio justamente de uma escola fundada por Jader de Carvalho, que foi jornalista, sociólogo, advogado, poeta, um homem de letras no Ceará e pai do ex-Senador Cid Sabóia de Carvalho, que honrou esta Casa durante oito anos. Jader de Carvalho, um homem de esquerda, extremamente polêmico e combativo, fundou um jornal no Ceará chamado Diário do Povo, para o qual recrutou, entre seus alunos do Liceu do Ceará, vários jovens que vieram a integrar o seu corpo editorial e que se destacaram muito na vida política e no magistério, entre eles Dorian Sampaio, que sempre combatia a injustiça, denunciava os desmandos, opondo-se ao regime militar – e por isso pagou o preço com a sua carreira política, porque foi cassado no seu mandato de Deputado Estadual. Ele era, como diz a jornalista Adísia Sá, num dos depoimentos sobre a morte do Dorian, ocorrido na madrugada de sábado para domingo, um dos últimos exemplares dessa geração que Jader de Carvalho convocou para compor o corpo de profissionais do jornal Diário do Povo . 

Portanto, tenho razões muito fortes para estar entristecido com a perda de Dorian Sampaio. Após a morte do meu pai, por diversas vezes, consultei-o para ouvir sua opinião e receber orientações em determinados momentos de minha vida pública. Devo confessar que ele também teve influência na minha vocação política. Ainda menino, de calças curtas, às vezes, acompanhava meu pai em caravanas políticas pelo interior. Dorian, que em alguns momentos se manteve afastado do ponto de vista político-partidário, mas sempre conservou pelo meu pai uma grande amizade e uma grande admiração extensiva a mim e a toda a nossa família, apesar de ser um homem combativo e irrequieto até a morte, sempre chamou o meu pai de chefe. Dizia que meu pai era o único chefe político que ele tinha. Numa dessas incursões pelo interior, na cidade de Quixadá, estimulado e orientado por Dorian, num comício do velho PSD, onde estava presente o inesquecível Deputado Federal José Martins Rodrigues, ainda menino, fiz o meu primeiro discurso político em praça pública.  

No momento em que ele deixa este mundo, eu não poderia deixar de fazer este registro de pesar pelo seu falecimento. Se aprovado, como espero que seja, este requerimento, solicito que esse voto de pesar seja comunicado à sua família e ao Governo do Estado do Ceará. Ele foi um homem que, no jornalismo e na política, teve um grande destaque, honrando o nosso Estado, e a sua morte é muito sentida por todos.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2000 - Página 11070