Discurso durante a 76ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

CONGRATULAÇÕES AO ESTADO DE SANTA CATARINA PELA VITORIA DE GUGA NO TORNEIO DE ROLAND GARROS, NA FRANÇA. CRISE DE CREDIBILIDADE DO NOSSO FUTEBOL, DEVIDO AOS INUMEROS INTERESSES ENVOLVIDOS NESSE ESPORTE.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • CONGRATULAÇÕES AO ESTADO DE SANTA CATARINA PELA VITORIA DE GUGA NO TORNEIO DE ROLAND GARROS, NA FRANÇA. CRISE DE CREDIBILIDADE DO NOSSO FUTEBOL, DEVIDO AOS INUMEROS INTERESSES ENVOLVIDOS NESSE ESPORTE.
Aparteantes
Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2000 - Página 12813
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), VITORIA, GUSTAVO KUERTEN, ATLETA PROFISSIONAL, CAMPEONATO MUNDIAL, TENIS, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA.
  • ANALISE, CRITICA, GRAVIDADE, CRISE, FALTA, CONFIANÇA, FORMA, TRATAMENTO, ESPORTE PROFISSIONAL, FUTEBOL, PAIS, RESULTADO, MA-FE, DIRIGENTE, CLUBE, FEDERAÇÃO, DEFESA, INTERESSE PARTICULAR, PREJUIZO, INTERESSE, ESPORTE, FRUSTRAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.
  • DEFESA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, FUTEBOL, BRASIL.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs Senadores, venho à tribuna registrar uma alegria que está presente no coração de todos os brasileiros, em particular daquele que gostam do esporte: a vitória do tenista Gustavo Kuerten num dos torneios mais, se não o mais importante do circuito de tênis mundial. E, mais do que a sua vitória, a sua simplicidade, a sua origem de uma família humilde, a sua maneira espontânea de abraçar aqueles que o ajudaram a fazer esta carreira. Isso tudo deu a todos nós que acompanhávamos pela televisão uma emoção muito própria, que, até há alguns anos, só tínhamos tido com o nosso futebol.

Isso demonstra que, no Brasil, a criatividade e a capacidade física do povo brasileiro, forjadas por meio de uma miscigenação de raças e de culturas, dão mostras ao mundo todo, cada vez mais, de que fisicamente o povo brasileiro tem todas as condições de um povo vitorioso. O esporte é apenas uma tradução disso. O Brasil, nesse seu processo de transformação de País para Nação, tem a capacidade de produzir no esporte e também em todos os ramos da atividade humana expoentes que não só levem o nome do nosso País ao cenário internacional como também trabalhem, de forma muito direta, no sentido de aumentar o nosso amor próprio, o nosso orgulho pelo País e pela nossa gente.

Sr. Presidente, é claro que, no momento em que faço esse registro, também tenho de elaborar um raciocínio lógico. O tênis é um esporte que, pelos seus equipamentos e pelo treinamento que exige, precisa de um certo apoio, de um certo financiamento. Na verdade, o Estado de Santa Catarina - que aliás tem no próprio Governador um tenista amador, mas um bom tenista - tem propiciado essa possibilidade de os alunos, inclusive de escola pública, praticarem o tênis e é impressionante como os resultados vêm em curto prazo. Por ser um esporte individual e por permitir o jogo com apenas duas pessoas, o tênis tem tido na organização do seu calendário, nos campeonatos nacionais e na sua estrutura organizacional, ao mesmo tempo, muita simplicidade, um custo baixo e uma capacidade muito pequena de cartolas influenciarem negativamente o esporte.

Em função disso, está o nosso Guga levantando a bandeira do Brasil em Roland Garros, fazendo com que todos os países da Europa, a França em especial, e do mundo, uma vez que o torneio é transmitido para o mundo todo, soubessem que está ali um jovem brasileiro ganhando um torneio dessa envergadura. Os jornais e as televisões no Brasil mostraram, de ontem para hoje, a influência que o fato tem na cabeça do jovem e na prática do esporte.

É impressionante o número de pessoas que começam a pegar em uma raquete e a jogar tênis, a praticar o esporte exatamente porque surge um ídolo, um exemplo bem-sucedido de um rapaz humilde, tímido, com problemas graves em sua vida familiar, mas que consegue superar tudo para ser campeão mundial de tênis em primeiro lugar na classificação dos grandes tenistas do mundo. Disputou com jogadores que, como o sueco de ontem em Roland Garros, vieram de países ricos, com uma alimentação absolutamente adequada e com treinamento para o esporte desde o momento em que nasceram. E o nosso Guga, com toda a sua humildade e sua simplicidade, vai lá e ganha o campeonato.

Sr. Presidente, faço esse registro com orgulho, o mesmo orgulho que está na cabeça de todo brasileiro que gosta do esporte.

Mas, lamentavelmente, tenho que fazer outro registro. Que pena que isso não acontece no futebol! Não tenho dúvidas de que o brasileiro, com sua capacidade física forjada nessa miscigenação, ajudada pelo nosso clima, tem um talento enorme de juntar sua capacidade física com seu raciocínio rápido e praticar esporte de uma maneira positivamente atípica. Além do melhor tenista do mundo, não tenho dúvida de que temos também os melhores jogadores de futebol do mundo, como temos, em todos os outros esportes, pessoas habilitadas a disputar qualquer campeonato, qualquer olimpíada e alcançar resultados muito melhores

Há um caso aqui de Brasília que gosto sempre de citar, de uma jovem que treinou caratê durante cinco ou seis anos num fundo de quintal de uma cidade-satélite, o Gama. Ninguém, nem mesmo aqui em Brasília, sabia sequer da sua existência, até o momento em que seu treinador, um humilde professor da rede pública, a registrou em campeonatos que antecediam a escolha para as Olimpíadas. Ela disputou um campeonato mundial e ganhou a medalha de ouro, sem que ninguém soubesse da sua existência pobre, humilde e que consegue vencer as barreiras.

No futebol é assim. Há os grandes jogadores da história do futebol mundial. Temos que ter orgulho de dizer que Pelé, Garrincha, Tostão, Rivelino, Gerson, Ademir da Guia e tantos outros grandes craques do futebol mundial e, mais recentemente, Zico, Ronaldino, Romário, todos são brasileiros.

Infelizmente, como o futebol é um esporte coletivo que movimenta, aqui e no mundo inteiro, milhões e milhões de dólares, movimenta também a ganância de pessoas que, no afã de administrar o futebol, acabam administrando interesses que não propriamente os do esporte.

Estou convencido - e tenho dito aos meus colegas Senadores - de que devemos efetivamente partir para uma investigação séria, cuidadosa, sobre a forma pela qual o futebol brasileiro é tratado, esse esporte que, além de movimentar milhões e milhões de dólares, movimenta a paixão da grande maioria dos brasileiros e que, além de movimentar interesses comerciais, muitos dos quais desconhecidos do grande público, movimenta a emoção das pessoas. No momento em que tivermos a coragem de fazermos essa investigação, não tenho dúvidas de que pagaremos um preço pela transição, mas a partir daí o Brasil será imbatível.

Não me venham convencer de que, naquela famigerada partida contra a França, em que perdemos de 3 a 0, aquilo tudo não foi programado. Sabe-se lá Deus por quem. Sabe-se lá que remédio Ronaldinho tomou. Só ficamos sabendo das injeções que Garrincha levava no joelho depois da sua morte. Sabe-se lá quais as forças comerciais que fizeram com que um jogador, depois de uma grave convulsão, entrasse em campo e nem soubesse direito o que estava disputando. Sabe-se lá que interesses comerciais são esses.

Tenho dúvidas até se, quando aqueles jogadores entram em campo, com seu uniforme verde e amarelo - nos emocionamos e queremos ver o Brasil ganhando - e cantam o Hino Nacional, estão defendendo a seleção do Brasil, o meu País, ou a seleção da Nike; se foram convocados porque são os melhores do futebol brasileiro, ou porque seus clubes, ou individualmente, têm contrato com a marca que subsidia a seleção. Essas coisas todas têm que ser passadas a limpo.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Senador José Roberto Arruda, V. Exª me permite um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB - DF) - Com o maior prazer, Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Felicito V. Exª pelo pronunciamento que faz, sob dois ângulos. Primeiramente, não há dúvida de que é uma grande emoção para todos nós, de repente, abrirmos os jornais e lermos nas manchetes que um jovem simples, do interior do Brasil, lá de Santa Catarina, o Guga, é hoje o melhor jogador de tênis do mundo, é o número um. Não só ganhou o maior torneio do mundo, um dos mais importantes, o mais significativo; hoje, ele é o tenista número um no mundo inteiro. É a primeira vez que isso acontece no Brasil. Já tivemos grandes tenistas, principalmente mulher, como Maria Ester Bueno, mas nunca tivemos um tenista desse porte, com esse significado. No mundo inteiro, o número um está aqui no Brasil. É importante salientar, como bem diz V. Exª, que Guga é um jovem simples, modesto, criado nas ilhas de Santa Catarina, e que, por fruto de seu esforço e de sua capacidade, foi adiante, venceu e se tornou esse nome que honra e orgulha e é a grande manchete esportiva em todos os países do mundo. Tem razão também V. Exª quando debate a segunda tese. Quero ficar no tema específico. Juro por Deus que não consigo entender, nobre Senador. Era uma final de Copa do Mundo, o mundo inteiro estava olhando para Paris. Estamos ali na expectativa de um grande jogo de futebol entre Brasil e França. De repente, o jogador considerado o melhor do mundo tem um problema físico a que toda a delegação assiste, um problema com sintomas que apavoram, que assustam a delegação. Os jovens jogadores que estão ali, a delegação, o técnico, todos ficam apavorados com aquelas manifestações físicas apresentadas pelo jogador, que é levado para o hospital, onde é feita uma série de exames. Se não me engano, o Lexotan é um medicamento para serenar esse tipo de manifestação. Qualquer um de nós que toma Lexotan ou algo do estilo sabe que o medicamento tem efeito paralisante, feito exatamente para anestesiar, descansar, acalmar, serenar, tirar as forças. Se isso aconteceu, se ele foi levado às pressas para o hospital, se os sintomas que ele estava tendo eram sintomas angustiantes, de não se saber o que estaria acontecendo com ele; se eram manifestações - não quero entrar em detalhes - que significariam doenças nervosas, sejam elas quais forem; se houve o trauma inteiro de levar esse jovem para o hospital e ele ser baixado no hospital, eu juro por Deus que eu não entendo a direção da CBF. E lá há um rapaz fantástico, o Koff. Eu não pergunto até porque não é questão, mas é um homem extraordinário, de dignidade, de correção, de seriedade. Este eu sei que é sério, o chefe da delegação, o Fábio Koff. Lamentavelmente, pelo que se sabe, ele foi afastado do topo dessas decisões. Eu não consigo entender como é que o Ronaldinho não ficou no hospital e não lhe deram um tranqüilizante mais forte e 24 horas de observação. Se ele teve esses ataques, se é epiléptico ou não, seja o que for, deveria ficar 24 horas em observação. Eles voltariam lá e diriam: Não, está tudo bem. Ele ficou lá para descansar, e o Edmundo coloca a camiseta e vai jogar! Estava resolvido o problema. Agora, fazer toda uma delegação entrar no trauma, apavorada, e fazer um rapazinho jogar sem o mínimo de condições físicas?! Ele não tinha 20% de condições físicas e levou para o chão a equipe toda. Sinceramente, creio que é uma questão muito séria, grave. Não entendo por que ninguém teve coragem de abordá-la como V. Exª está fazendo neste momento para apurar o que aconteceu. Havia um contrato com a Nike? Mas este estava sujeito às leis da natureza. O contrato obrigou Ronaldinho a jogar bola. Este não poderia deixar de jogar por ter brigado com a delegação etc. No entanto, se não tinha condições físicas para jogar, não poderia ter jogado. Esse argumento não entra. Não pode haver uma cláusula contratual dizendo quais são os onze jogadores, de forma que não poderíamos tirar fulano para botar beltrano. Mas se o beltrano não está em condições, se está no hospital, a questão é mais séria do que se imagina. Na verdade, o mundo inteiro ficou de boca aberta. V. Exª está sendo muito feliz de lembrar a ocasião. Na hora da glória é bom lembrar o que aconteceu do outro lado. De fato, ninguém entendeu o que aconteceu e por que não se fez nada com o responsáveis. Meus cumprimentos a V. Exª.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB - DF) - Muito obrigado, Senador Pedro Simon, pelo seu aparte. V. Exª, com a autoridade de quem conhece a vida pública, endossa a questão que levanto, fazendo com que esta ganhe maior relevância.

Digo a V. Exª e aos Srs. Senadores por que toco, no momento, nesse ponto. Na verdade, confesso que sou apaixonado pelo esporte, pelo futebol em particular, mas não entendo de direção de futebol, não tenho essa ligação, como outros legitimamente têm, com a direção do esporte.

Esses dias, recebi a notícia de que um clube de futebol de Brasília, que havia sido classificado em 14º lugar no Campeonato Brasileiro de 1999, estava fora dos vinte primeiros para disputar o Campeonato Brasileiro deste ano, por uma decisão do Tribunal de Justiça Desportiva, constituído de forma absolutamente equivocada. Isso tanto é verdade que a OAB substituiu seus membros.

Pessoas de Brasília recorreram à Justiça Comum e, tanto em Primeira Instância como no Superior Tribunal de Justiça, ganharam todas as ações no sentido de que o Clube do Gama estivesse na primeira divisão do futebol brasileiro. Como a CBF respondeu a isso é algo interessante: ela disse que o futebol brasileiro não pode ter ações na Justiça. Ou seja, lá se pode roubar, mudar decisões, prejudicar quem quer que seja, que a Justiça brasileira não pode ser acionada. Ora, então estamos sabendo que a Constituição brasileira não vale para todos. Vale para todos, menos para quem dirige o esporte. Realmente não dá para entender!

Os jornais de hoje trazem a notícia de que um inspetor da FIFA, um argentino, que, sabe-se, até tem interesses muito diretos no esporte aqui do Brasil, vem ao Rio de Janeiro para fazer uma inspeção. Quer dizer que a FIFA pode fazer uma inspeção e o Congresso Nacional não? E a Justiça brasileira não? Essa eu pago para ver.

Penso que está na hora de começarmos, por exemplo, através de uma investigação séria - e fico muito à vontade para dizer que a idéia não é minha, mas a subscrevo -, uma Comissão Parlamentar de Inquérito e, então, chamarmos o Sr. Ronaldinho, o médico que o atendeu, os chefes das delegações e o técnico para dizerem ao povo brasileiro o que aconteceu na final de 1998, para explicar ao povo brasileiro se é a seleção brasileira que entra em campo como nome de Brasil ou se é a Nike. Quem ganha dinheiro com o futebol brasileiro? É preciso que isso fique claro. Não excluo disso, Sr. Presidente, ninguém, não excluo, inclusive, aqueles que dirigem o futebol de Brasília e do clube que, neste momento, levantou essa questão.

É de se lamentar que um esporte que agregue tanta emoção, tanto sentimento não seja dirigido com responsabilidade. Também conheço o Sr. Fábio Koff - reitero aqui as palavras do Senador Pedro Simon -, ele é um homem de bem, já foi juiz. Conheço também o Vice-Presidente da CBF, com quem, aliás, falei hoje. Também é um homem de bem, com uma vida pública bastante longa. A grande realidade é que essas questões têm que ser respondidas e eu quero dizer que subscrevo a intenção de vários Senadores desta Casa de que se faça uma Comissão Parlamentar de Inquérito para que se investigue todo o futebol brasileiro, para que se passe a limpo essas decisões que causaram tanta frustração ao torcedor. Eu gostaria muito e penso que o povo brasileiro deseja que o Congresso Nacional faça seu papel de investigar as causas, por exemplo, daquela partida de futebol do Brasil com a França, de triste memória. O povo brasileiro quer saber quanto o futebol brasileiro movimenta, quem ganha com isso, como e também por que até hoje o Superior Tribunal de Justiça Desportiva continua no Rio de Janeiro e não se transferiu para a Capital do País, como todos os Tribunais Superiores; por que a CBF continua no Rio de Janeiro, controlada pelas mesmas pessoas há vários anos e por que não se transfere desde logo para Brasília?

Vamos discutir todas essas questões. Quem sabe um dia, discutindo com seriedade o futebol brasileiro, não tenhamos outra vez no futebol as alegrias que o Guga nos deu no tênis.

Quero dizer, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que a Justiça brasileira, tantas vezes criticada, tem sido de absoluta correção nesses episódios do futebol brasileiro. Ela tem decidido todas as questões, a favor ou contra, não importa, mas decidido sempre em função do Texto Constitucional, que diz claramente que a justiça deve ser exercida para todos os brasileiros, sem exceção. E não se exclui da Carta Constitucional, das obrigações da Justiça comum brasileira, o segmento esportivo ou, em particular, o futebol.

E que não nos venham com ameaças primárias de que o futebol brasileiro poderia ser punido pela FIFA e, quem sabe, nem disputar o próximo campeonato do mundo. Se for esse o preço a pagar para saber tudo o que aconteceu; se for para saber quem leva vantagem com o quê; para saber como é gerido um esporte como esse, que mexe com milhões e milhões de brasileiros, com a emoção e boa-fé do humilde brasileiro, que tira o sofrido dinheiro do bolso para pagar um ingresso da geral para ver o seu time jogar, penso que vale a pena fazermos uma CPI.

Sr. Presidente, o humilde torcedor acha que vence quem joga mais bola, que os bons de bola vencem. Ele não vai pensar nunca que são interesses de qualquer tipo, escusos até, que possam fabricar resultados, que possam tirar um da tabela e colocar outro, que possam escalar esse ou aquele juiz e que possam até cometer a loucura de escalar um jovem jogador de futebol que, horas antes de uma final de Copa do Mundo, tenha tido uma convulsão. Sabe-se lá Deus com que interesses, mas interesses esses que, certamente, prejudicaram a imagem do futebol brasileiro e do País no contexto internacional.

É sobre fatos como esse que esta Casa, com equilíbrio, ponderação, tranqüilidade e sem nenhum tipo de prejulgamento, terá que se debruçar para que fiquem claros.

Neste assunto e em nenhum outro, não cabe tipo algum de ameaça. Os que têm medo de ameaça não disputam eleições, não se elegem e não ocupam essas cadeiras. Os que aqui estão, eleitos pelo voto popular, sabem de suas responsabilidades com o sentimento nacional.

E com o sentimento nacional de orgulho pela vitória do Guga, parabenizo os que dirigem o tênis no Brasil, aqueles que investiram nesse esporte, como Almeida Braga e todas as autoridades de Governo, em particular as de Santa Catarina. Ao mesmo tempo, lamento profundamente que o futebol brasileiro - logo o futebol - o esporte que mais emoções desperta em todos nós, não possa ter os mesmos resultados por falha não dos atletas, pois temos os melhores jogadores do mundo, mas por alguns dos maus dirigentes que insistem em dirigir clubes e federações como se fossem dos seus interesses particulares e não fossem entidades públicas, que merecem ser tratadas como tem que ser tratado o interesse público.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2000 - Página 12813