Fala da Presidência durante a 78ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A MESA SE ASSOCIA AS HOMENAGENS A MEMORIA DO JORNALISTA CARLOS CASTELLO BRANCO.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • A MESA SE ASSOCIA AS HOMENAGENS A MEMORIA DO JORNALISTA CARLOS CASTELLO BRANCO.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2000 - Página 13052
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CARLOS CASTELLO BRANCO, JORNALISTA, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) - Ao encerrar a presente homenagem ao Jornalista Carlos Castello Branco, cumpre-me agradecer as presenças do Dr. Nascimento Brito, Diretor-Presidente do Jornal do Brasil, do Sr. Ministro Costa Couto e de quantos aqui se encontram prestigiando este evento.

Posso dar um testemunho eloqüente de uma amizade de mais de 30 anos com Carlos Castello Branco, que começaria pelo recíproco amor de Castello por Elvia e de Elvia por Castello, formando um casal que convivia com o meio político brasileiro como talvez nenhum outro, e cuja casa não tinha fronteira para quem lá aparecesse para uma boa conversa, séria e, sobretudo, inteligente.

Muito se disse de Castello nesta sessão de hoje, com brilhantes oradores. Eu diria que Castello só tinha horror a uma coisa: à burrice. Ele detestava os menos inteligentes. Ele adorava conversar, noite adentro. E, no outro dia, pela manhã, ele já estava, às 10 horas, no seu trabalho, sempre produzindo a coluna política mais expressiva que o Brasil teve na contemporaneidade; e sempre sendo a figura mais influente, tanto na administração como na política, com a sua coluna.

Castello era uma figura singular! Até hoje, ninguém conseguiu, eu não diria substituí-lo, mas parecer, na sua atuação, com ele. Daí por que o próprio Jornal do Brasil entendeu fazer uma coluna, ainda muito prestigiada, mas que não é mais a Coluna do Castello, porque Castello era único. E Castello não tinha sucessor.

De modo que vejo aqui a Élvia - e vivemos tantos momentos juntos! - e vejo, neste próprio Senado e na Câmara dos Deputados, a ausência de políticos como Juscelino, em primeiro lugar, Lacerda, Milton Campos, Arinos, Juracy, Luiz Viana, Adauto, Mangabeira, tantas figuras que já brilharam na política brasileira. É verdade, a sua falta é muito grande. Mas, no jornalismo, não há falta maior do que a do Castello. Isso é que deve ser salientado nesta hora.

Passamos até mesmo por sofrimentos idênticos. Sofremos, e como sofremos, a mesma dor, em épocas diferentes. Mas Castello sabia vencer a dor com muita coragem, enfrentando-a, ao lado de sua companheira, com muita decisão, mas sempre tendo - também sempre tive - o estímulo dos amigos, para não cair um centímetro em sua dignidade, em sua atuação como jornalista profissional.

De modo que a época Castello na imprensa existe, para orgulho do Piauí e de Minas, onde ele também lidou, mas sobretudo para orgulho do Brasil e da imprensa brasileira.

Recordo-me algumas vezes em que o Nascimento Brito me fazia de bússola, dizendo: “Leia, amanhã, a Coluna do Castello”, como quem dissesse: “Amanhã está tudo certo lendo Castello”. Algumas vezes isso acontecia, dadas as minhas relações com o Brito.

Realmente, fico honrado pelo fato de o destino ter me colocado a presidir esta sessão em homenagem à memória desse jornalista, que tinha tantos amigos - aqui presentes ou não. Milhares foram os leitores que hoje estariam muito felizes se pudessem estar aqui no Senado, reverenciando a memória de Castello.

Quando cheguei para presidir a sessão, um grupo de Procuradores me cumprimentaram e disseram: “Somos Procuradores. Fomos colegas de Castello. Ele também foi um grande Procurador”. Para mim, foi extremamente gratificante ver o reconhecimento em relação a Carlos Castello Branco também em outra área que não fosse a da imprensa.

Estamos aqui, hoje, a comemorar os 80 anos de Castello, se vivo estivesse. Sentimos também a sua falta. Provavelmente, os rumos da Nação seriam outros, como resultado da luta que ele sempre enfrentou contra a pobreza e pela justiça social. Ele fez questão de nunca amealhar riqueza e, sim, a grandeza, que foi o norte de sua vida.

Por tudo isso, quero, neste momento, agradecendo a presença de todos, dizer que esta homenagem do Senado é uma homenagem do Brasil a Carlos Castello Branco.

Suspendo a sessão por dez minutos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2000 - Página 13052